Capítulo 36 - Naturalmente

316 24 56
                                    

Domingo, 13 de Fevereiro
Mark

Observo cuidadosamente o mar dessa maneira pela última vez, o sol se pondo e o navio se mexendo me causa náuseas, mas tudo isso significa que estou perto de descer e meus dias alegres estão no fim.

Sabe ? Falando agora comigo mesmo, eu sempre desejei uma vida assim, é bobo dizer isso já que todos querem ter uma vida sossegada em algum momento da vida, mas... Eu só queria viver assim, sem preocupações, enfrente uma bela paisagem, bebendo e deixando minha pele mais morena, e de noite o vinho acompanhando a noite quente com o meu amado.

Desde criança eu tive esse pensamento, desde muito novo eu sabia que não gostava de meninas e eu sabia o quão difícil seria conseguir algum sério e romântico desse jeito para toda a minha vida, meu primeiro amor me destruiu e esmagou toda a expectativa de felicidade em um amor puro que eu tinha. Não o culpo muito, outra pessoa faria o mesmo, em algum momento da vida o seu prédio é destruído e você só assiste do outro lado da calçada.

Eu sabia, eu via cada andar sendo destruído é só esperava por algum, acho que agora eu sei que o que eu tanto queria era acordar e ter um final feliz como nos filmes.

Mas cá estou eu, olhando para o mar invés de tomar mais um vinho ou me deitar na cama macia. Estou apenas aqui, refletindo sobre minha vida, sobre minhas escolhas e as minhas não escolhas.

Sobre eu ter seguido o curso de faculdade pelos meus pais, sobre como eu me entrego fácil demais para homens bonitos e com muito dinheiro, e como eu odeio isso, mas não tenho mais forças para lutar contra isso, talvez... Talvez mudar o meu destino.

Eu só precisava de algum, sabe ? Algum ou alguém que me trouxesse aquela positividade de volta. Eu sei que escolhas sobre a minha vida dependem puramente de mim, mas dessa vez... Só dessa vez eu queria alguém para me dar um empurrão.

Balanço a cabeça, sorrindo.

- O quão sonhador você é, huh ? Este é o mundo real, Tuan. - digo sussurrado para mim mesmo, sorrindo mais uma vez para o mar, resolvendo apreciar a última refeição do navio.

Puxo as mangas do meu sobretudo até cobrir minhas mãos, entrando para dentro do salão depois de descer as escadas, passando vagamente o meu olhar para as poucas pessoas sentadas á mesa, escolhendo uma mais no fundo e esquecida.

Puxo a cadeira, me sentando como essas pessoas de classe, tomando um gole da taça d'água, esperando o garçom me trazer o cardápio, sorrindo eu o agradeço, passando o olhar pelos tantos nomes de comidas.

- Hm... O que escolho... - murmúro, completamente indeciso sobre agora.

- A última refeição ? - levanto meu olhar ao ouvir a voz de Jackson.

- É, algum assim. - sorri para ele, deixando o cardápio aberto na mesa.

- Posso me juntar a você ? Também será minha última refeição. - pergunta, apontando para a cadeira.

Desço o olhar das suas lindas pupilas castanhas para a cadeira de madeira, assentindo com a cabeça quando vejo que sou o único sentado sozinho.

Mesmo agora estando sem o álcool, eu pensei um pouco sobre Jackson. Eu ainda tenho sim rancor por tudo que ele fez por mim, mas a culpa não é 100% sua, eu tenho 70% da culpa. Eu sempre soube como seria o final, mas eu continuei me iludindo até realmente ele colocar um ponto nisso.

Por quê eu não te amo mais, Jaebum ?Onde histórias criam vida. Descubra agora