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MACHINE

Agora são dois problemas, na verdade um não é bem um problema, mas digamos que é; 1) Posso ser pai, 2) minha potencial futura namorada estar irada comigo porque me viu com a mãe do meu possível filho.

Já mandei três mil mensagens para ela pedindo desculpas; pedindo que ela acredite em mim; pedindo para conversarmos agora de cabeça fria, mas ela não responde nenhuma. Para minha sorte temos aulas juntos todos os dias, então levantei cedo, mesmo de ressaca, e fui para a sala. Nunca que eu faria uma coisa dessas se o interesse fosse a aula.

Para engrandecer ainda mais a minha sorte, nós sentamos lado a lado todos os dias. Há! Um ponto pra mim. Desse jeito ela teria que me ouvir por bem ou por mal.

Ela foi a última a entrar na sala e sei que fez isso porque sabe das vantagens que eu tenho. Não trocamos nenhuma palavra até que o professor se virou para explicar sobre anatomia e eu comecei a falar baixinho próximo ao ouvido dela para não chamar muita atenção.

- A gente tem que conversar. Eu não estava fazendo nada de errado ontem, sério, pode perguntar para o Louri. Foi ele que me chamou dizendo que a Sussane estava passando mal.

- Você sabe que isso não é tão fácil assim pra mim, que não vou acreditar em tudo o que você disser assim de olhos fechados, ainda mais depois dessa história de gravidez.

- Eu sei e você tem toda a razão. Eu fiquei sabendo da gravidez no dia seguinte quando você e eu conversamos. Eu não te contei, só o Miles sabe, mas há um mês atrás mais ou menos, Sussane e eu voltamos a ficar, mas durou bem pouco porque ela tava só fazendo joguinhos e eu me cansei. - espero que ela diga alguma coisa, mas permanece calada. - Desculpa mesmo. Eu quero muito que dê certo entre nós dois. Fica sabendo que nem é certeza se o filho é meu.

- E se for?

- Nada vai mudar. Eu não vou largar tudo pra me casar com a Sussane porque vamos ter um filho. As coisas não funcionam assim já tem um tempinho. É com você que eu quero ficar.

- Olha, você me dá só mais um tempinho pra assimilar tudo, ok? Mas não significa que eu já tenha te perdoado nesse meio tempo.

Abro um sorriso largo e dou um beijo na bochecha dela.

- Eu te amo. - digo e ela sorri.

- Você é muito bobo. O professor tá olhando feio pra gente.

Fica um pouco difícil prestar atenção nas aulas até o fim porque fiquei o tempo inteiro tentando controlar o sorriso bobo que surgia no meu rosto toda vez que lembrava da declaração que fiz para Katie e quando disse que a amava.

Encontrei com Miles no refeitório quando fomos almoçar.

- Tudo bom, cara? - ele diz quando me sento.

Estamos só nós dois na mesa.

- Sim e você?

- De boa. Tá melhor? Sobre a noite de ontem.

- Sim. Consegui falar com a Katie na aula hoje. Acho que estamos bem. Falei pela primeira vez pra ela que a amo.

- Que fofo. - diz dando uma mordida em um sanduíche. - Já falou com a mãe do seu possível filho hoje?

- Putz, ainda não. Vou falar com ela sobre quando vamos contar para os pais dela e sobre o DNA também.

Ele balança a cabeça em confirmação.

- Tem planos pra hoje? - pergunto pegando uma das batatas fritas dele.

- Não e você?

Nego com a cabeça.

- Filme no seu quarto? - pergunta.

- Pode ser.

- Ok.

- Gente, vocês já sabem da novidade? - Maddie chega eufórica na nossa mesa, sentando-se entre Miles e eu.

- Há outra novidade além do fato de você ter deixado de seguir a sombra do Louri para nos dar o ar da sua graça por um segundo? - Miles diz revirando os olhos.

Maddie bufa.

- É sério!

- O que foi? - pergunto.

Ela se inclina para que o que seja dito fique apenas entre nós.

- Sussane tá grávida. - diz em um sussuro.

- Sério? - Miles soa surpreso e fico admirado com sua capacidade de atuação. - Meu Deus! - balança a cabeça e dá uma mordida em seu lanche.

- Muito louco, né?

- Muito. - digo me segurando para não rir, porque isso não é mais nenhuma novidade para nós há duas boas semanas.

Maddie tagarela um pouco mais, mas nem tanto e vai embora.

- Quem será que espalhou? - digo.

- Louri, tenho certeza.

- E por que você acha isso?

- Ele ouviu ela e eu conversando na festa e além do mais, você foi muito útil gritando a novidade para todos ouvirem.

- Foi mal. - sorrio torto.

Se a Sussane já estava achando tudo difícil enquanto estava só entre nós, imagina agora? Ela vai pirar, vai ficar irada.

- Acho que você tem que ir falar com Katie e ajudar ela a lidar com os problemas de confiança, porque agora que todo mundo tá sabendo, a Sussane vai precisar que você seja o herói dela mais vezes.

- Sim. Não quero que a Katie fique achando que toda a vez que eu estiver com a Sussane, ela vai estar sentando na minha cara. - falo sério, mas meu amigo ri. - O que foi?

- Naquela hora não, mas agora é tudo muito engraçado o que aconteceu ontem. - ele gargalha mais um pouco. - A Katie disse que a Sussane tava sentando na sua cara. - mais risos. - Essa foi a melhor parte. - ele enxuga uma lágrima dos olhos.

- Não tem graça. - reviro os olhos.

- Sei que é indevido falar isso mas, agora não consigo parar de imaginar a Sussane sentada na sua cara e a Katie chegando e puxando ela pelo cabelo para tirá-la de cima de você. Foi mal, sou muito idiota. - ele ri mais um pouco.

- Aff, cala a boca. - digo sorrindo.

Só o Miles para me fazer rir diante dessa situação difícil.

À noite, Katie acabou se juntando a nós para assistir ao filme que Miles escolheu: Cidades de Papel. Ao entrar ela deixou bem claro para mim, que ainda estava assimilando as coisas, mas que isso não a impedia de ir assistir a um filme com os melhores amigos dela. Não posso negar que meu sorriso se tornou ainda maior. Eu sei que deveria fazer isso logo, mas vou esperar um pouco mais para pedir Katie oficialmente em namoro.

Tolo Por Você #3 [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora