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"Mas a vida segue, os prédios da cidade continuam a ser construídos, o maquinário erguendo projeções para alocar mais trabalhadores, o mundo desabando desilusões amorosas em pessoas mais frágeis, como eu."

SUSSANE

Eu deveria estar pulando de felicidade porque vou ser mãe. Para alguns é assim que essa coisa funciona. Bem que eu gostaria que funcionasse assim comigo também. Saber que o bebê é do Machine alivia mais toda essa dor desgraçada que venho sentindo ao longo das últimas semanas. Ele tem sido muito fofo comigo e é disso que eu tenho medo. Ainda não me recuperei totalmente de tudo o que nós vivemos e tenho medo que meu coração idiota pense que ele estando tão perto de mim novamente seja uma deixa para se deixar levar e cair – mais uma vez – no poço fundo do amor. Ele oficializou o namoro com Katie e não quero que meus sentimentos idiotas venham a estragar a relação deles. Ainda amo muito o Machine, mas só amor não fecha a conta. Nosso tempo de dar certo juntos já passou, agora é hora dele ser feliz com outra pessoa e eu vou ficar bem.

Cheguei à conclusão de que o amor é como uma cidade: começa pequena e depois vai evoluindo até se ocupar todo um horizonte. Essa cidade passa por crises econômicas, por doenças que levam metade da população e se recupera, se ergue novamente tão grandiosa quanto antes; mas às vezes não. E a cidade que pertencia a mim e ao Machine não foi capaz de se reerguer.

Não sei o que é pior de encarar: meu relacionamento que não pude reerguer ou os meus pais quando descobrirem que estou grávida. Machine, Scotty, Miles e eu estamos indo para lá agora.

Ter Machine e Miles comigo já me dá um pouco de coragem para encarar a situação toda, e ter Scotty também melhora mais ainda porque ele é meu irmão e pode ajudar a intermediar a cena, caso chegue a ficar muito feia.

Estávamos os três no carro de Machine indo para minha casa. Machine e eu na frente, meu irmão e Miles atrás.

— Sussane — meu irmão diz. — Quero que saiba que independente do que nossos pais disserem, eu sempre vou estar ao seu lado, okay? Sei melhor que ninguém que eles podem ser bem cruéis às vezes.

— Pois é. — Machine começa. — Lembro bem daquela noite quando você se assumiu pra todo mundo durante um jantar. Nós estávamos no quarto da Sussane com a Maddie, lembra Miles?

— Lembro sim. — meu amigo responde. — Tempos distantes onde Maddie era minha amiga e Scotty meu namorado. — ele suspira.

— E a Sussane namorada do Machine. — Scotty completa.

— E agora ela tá grávida dele, apesar de não estarem juntos. — Miles continua.

— Já pararam pra pensar no quanto nossa vida mudou? — digo.

— Um giro completo e perfeito de trezentos e sessenta graus. — Machine diz. — Olha, vai ser assim: Miles você fica no carro.

— Mas por quê? Eu quero estar dentro da treta! — ele protesta.

— Precisamos de alguém calmo para juntar nossos cacos quando tudo acabar. Meus pais são terríveis. — meu irmão diz.

— Sussane? — ele me chama com uma voz acanhada. — Deixa eu ir?

— Seria ótimo ter você lá, mas por ora é melhor você ficar aqui. — digo.

Machine para em frente a minha casa.

— Tá bom. — Miles bufa cruzando os braços na altura do peito igual uma criança mimada.

Meu corpo e minha mente são tomados por uma onda de nostalgia quando desço do carro com Machine e Scotty.

Tolo Por Você #3 [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora