Entrevista.

79 2 0
                                    


Entrevista.

          O trânsito está simplesmente um horror! E justo hoje que não posso me atrasar para minha primeira entrevista de emprego desde o estágio na Carter's Design. Enquanto o congestionamento prossegue insistente, ajeito minha saia lápis de cor cinza, o blazer preto sobre a camiseta social branca e confiro os saltos da cor preta ao lado do banco. Pelo espelho retrovisor, tento dar um jeito nos cabelos castanhos claros presos em um coque perfeito - feito por Lola, claro, eu não consigo fazer um rabo de cavalo decente -, e vejo se meu rímel está borrado, liberando um suspiro um tanto nervoso. Algumas vezes dá vontade de ter os perfeitos olhos claros de meu irmão.  Porém, tenho olhos cor de avelã não chamativos, mas gosto mesmo assim. Dei um sorrisinho sem graça para o meu próprio reflexo no espelho e umedeci o meu lábio inferior. Falando em sem graça, meu telefone tocou no suporte e desviei o olhar para ele rapidamente, vendo que é meu irmão. Ponho no viva voz e deixo o celular no painel, voltando a olhar para o carro prateado parado à frente do meu.

— Fala, azedo. Estou no congestionamento mas fale rapidamente. 

— Muito bom dia também, amor da minha vida. -  Ele ironiza.

— Shh, William, apresse-se. - Resmunguei baixinho, batucando os dedos no volante de forma impaciente.

— Vai demorar para chegar à empresa?

— Não muito, tô no meio de um congestionamento mas mais algumas quadras e chego lá. O que você quer? Tá tudo bem?

— Pode passar no supermercado pra mim? Deixei uma lista na sua bolsa. - Ele usou um tom manhoso não muito habitual para assumir que havia mexido em minhas coisas descaradamente.

— Obrigada por invadir minha privacidade, você é tão respeitoso. - Liberei um risinho nasal e sarcástico.

— E pede pra ela trazer chocolate! - Grita a voz abafada de Lola ao fundo. Ela é uma de minhas melhores amigas e namora Louis. É...  Difícil imaginar como Paola o suporta.

— Tá bem, quando sair de lá eu vou ao supermercado e compro os itens da lista. Beijo.

            Desligo o telefone e o joguei na bolsa, orando pra que o trânsito se adiante.

[...]

           Cheguei quase atrasada ao edifício, xingando mentalmente os dois idiotas que estavam brigando por conta de uma leve batida de carro que atrasaram o trânsito. Pois é, os dois, que felizmente não se machucaram, ao invés de resolverem de forma civilizada o incidente por um ter entrado na faixa errada o outro ter ultrapassado um outro carro, preferiram discutir como dois fanfarrões. A polícia foi até o local, conteve o imprevisto e a briga e logo o trânsito voltou a fluir normalmente. Estacionei o meu carro na vaga livre e rapidamente calcei os sapatos, peguei a bolsa e desci do mesmo, trancando a porta e jogando a chave no Triângulo das Bermudas, mais conhecido como minha bolsa. Cumprimentei educadamente a recepcionista e peguei o crachá, me encaminhando até o elevador às pressas. Aproveito o tempo para ajeitar minha roupa, meu cabelo e ver se está tudo no lugar. Quando o elevador se abre, sou logo recebida por uma moça alta, de pele clara e os cabelos ruivos. Em seu crachá, consta como Margaret Evans.

— Você deve ser a senhorita Pritchett, senhor Payne está lhe aguardando na sala. -  Ela me lança um sorriso educado, o qual retribuí rapidamente.

— Obrigada, senhorita Evans.

             Caminho para a porta a passos lentos, de modo a me acalmar um pouco. Tecnicamente, dependendo de mim, a entrevista poderá ser promissora ou um tremendo fracasso. O problema é que eu sou um desastre, ainda mais quando estou nervosa. Engoli em seco e bati na porta, mas foi tão fraco que não tenho certeza se ele ouviu.

My Sexy Boss.Onde histórias criam vida. Descubra agora