Parte 3

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Os olhos de Sofi lacrimejavam, não pela tentativa de assassinato que havia sofrido há pouco, mas pelo vento batendo forte em seu rosto. Na garupa da moto de uma japonesa desconhecida, cortando os carros em alta velocidade, a jovem refletia sobre as coisas que havia ouvido de Yumi antes de aceitar aquela fuga.

Ela sempre soube que era adotada, no entanto, fazer parte de uma linhagem de mulheres samurais não era algo que pudesse passar pela cabeça de Sofi.

Na verdade, se um samurai não a tivesse atacado àquela manhã, Sofi teria chamado Yumi de maluca e dado de ombros. A história toda era tão louca que nem o seu lugar de nascimento era o que ela pensava, "Como assim eu nasci em Quioto e não em Curitiba?", pensou.

– Suas ancestrais eram onna-bugeisha, samurais mulheres muito respeitadas no Japão feudal. O clã Minamoto venceu a batalha contra os Heishis e, ao contrário do costume samurai, os sobreviventes não realizaram o seppuku. O que, aliás, fala muito sobre os Heishis, o seppuku é sinal de honra e coragem. – Despejou Yumi, enquanto as duas andavam pelos corredores do prédio comercial no centro de Curitiba.

– Eu não estou entendendo nada dessa história. Onna quem? Seppuku? Soletra que eu vou procurar na internet. Você não sabe contar história. – Disse Sofi, sacando o celular e abrindo uma página de busca na internet.

– Veja se aí na internet tem o seu nome verdadeiro. Não, melhor, vê se diz o que aquele Samurai que te atacou hoje de manhã quer com você. – Debochou Yumi, ao avistar sua moto no estacionamento.

– Achei aqui, Seppuku...meu deus, as pessoas se matavam enfiando uma espada na barriga? Espera aí, você falou de nome verdadeiro? – Perguntou, espantada.

– É, seu nome é Takeko, homenagem a Nakano Takeko, uma grande Onna-bugeisha. – Contou, ao montar na moto e sinalizar para que Sofi fizesse o mesmo.

Sofi percebeu naquele momento que nada do que sabia sobre si era real. "Quem afinal era ela? Quem era Takeko?", pensou, ao segurar firme a cintura de Yumi e sentir a moto arrancando em alta velocidade.

MinamotoWhere stories live. Discover now