San soltou Alice de novo, preparada, ela se segurou nele para ficar de pé antes de ir ao chão.
O jovem começou a tirar papeis da bolsa e verificar algumas coisas enquanto a garota olhava em volta.
Estavam em uma das ruelas diagonais da Praça Sete, ninguém parecia prestar atenção neles, muito menos terem reparado que surgiram com o vento.
Se sentou em um banco ao lado do Saci e esperou, enquanto mexia nas tranças do seu cabelo. Ao perceber que ele nem parecia se lembrar dela ali, pigarreou.
— Não, você não vai para casa.
— Virei refém?
— Mais como proteção de testemunha.
— Por quê?
— Porque se eles te acharem, e vão achar se ficar só, eles me pegam também. Caso não tenha percebido, não sou um cara mau.
— Então você me salvaria?
— Infelizmente, apesar de eu ser importante demais para ser capturado..., merda, não tenho costume de ser babá.
Ele tirou o cachimbo do bolso e começou a fumar de novo, pensativo.
— Só queria entender por que consigo te ver e os outros não.
— Você não é a única, algumas pessoas podem, principalmente aqui no Brasil, o sangue de deuses americanos e africanos é forte aqui, sua família deve ter muito dele.
— Quer dizer que sou uma semideusa?
— Caralho, quer parar com essa mania de grandeza? Não, talvez algum ancestral tenha sido, talvez fossem apenas muito devotos, não importa, se os deuses olham por você, você pode "ver", é assim que funciona.
— Ah... — Ela apoiou o queixo nas mãos.
San revirou os olhos.
— Quantas horas são?
A jovem pegou o celular.
— Hora do almoço.
— Ótimo, vamos até o Maleta.
— Disse hora do almoço, não hora de beber.
— Tem alguém que quero ver, e esse é o tipo de almoço dele.
Se levantaram e foram andando para o prédio. Mais uma vez, a garota teve vontade de perguntar sobre a perna, mas San estava completamente distraído enquanto folheava seus documentos. Alice ficou impressionada com o fato dele conseguir desviar das pessoas e parar nos sinais mesmo estando tão imerso no que lia. Resolveu esperar.
Quando chegaram ao prédio andaram pelos barzinhos. Saci sorriu e se encaminhou para um homem sentado só em uma mesa, tinha um copo de cachaça na mão e mastigando torresmo.
San pegou um pedaço da carne gordurosa e jogou na boca enquanto se sentava.
— E lá vem problema. — O homem tinha os cabelos ruivos armados em dreads e um cavanhaque, usava roupas folgadas e frescas.
— Tem tempo pra conversar?
— Depende de quantas doses você pode me pagar. — Um sorriso se abriu no seu rosto.
San riu, depois apontou para Alice que ainda estava de pé.
— Esta é Alice, ela acabou se envolvendo, agora tenho que ficar de baba.
— Meus pêsames, Alice. Também não suporto esse cara — disse, encarando a garota, depois se virou novamente para San. — Conseguiu provar a ligação dos incêndios nas boates, não é?
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SAN - Detetive Folclórico (Degustação)
FantasyAlice é uma jovem estudante de jornalismo da PUC Minas Gerais. Um dia, indo a uma boate com um casal amigo, acaba se envolvendo em uma investigação de um jovem misterioso, com uma touca vermelha e sempre de cachimbo na mão. Ele diz se chamar Sandro...