Capítulo 2: Parte 1 - Despedida

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No dia seguinte, Alice acordou cedo. Lembrar de onde iria, e porquê iria, lhe enchia de vontade de voltar a dormir, fingir que foi um pesadelo, mas ela precisava encarar a situação, precisava encarar a realidade.

Kovu estava deitado ao lado de sua cama e percebeu a movimentação, a jovem sorriu para o cão.

— Acho que vou te levar comigo, o Dan também vai precisar de um abraço.

O latido do cão foi firme o bastante para convencê-la de que estava certa.

Convenceu os pais e eles foram de carro para o cemitério. O boder collie passou a viagem inteira com a cabeça no colo da dona, enquanto ela tentava não chorar antes da hora.

Quando chegaram ao local, Alice viu que Daniel já estava lá com a família dele, todos estavam consolando a família de André. O amigo viu ela chegar com os pais e correu até ela.

Por um momento Alice pensou em fazê-lo parar, imaginou que Kovu poderia estranhar aquele avanço inesperado. No entanto, o jovem pulou nos braços dela aos prantos, e tudo o que o cachorro fez foi se sentar e olhar.

Daniel viu o cachorro e conseguiu dar um ligeiro sorriso.

— Ei, menino, como você está? Sentindo falta do Dan também?

Ele se abaixou e Kovu se aconchegou nele enquanto era acariciado.

Alice olhou para os pais e viu que os dois já estavam em meio as duas famílias. Depois de tantos anos de convivência da garota com o casal, as três famílias haviam se tornado amigas próximas.

Agora estavam desfalcadas.

A jovem também foi até os pais de André e chorou com eles. Logo depois a cerimônia começou e o caixão foi enterrado em meio a orações e choros.

Alice observou tudo abraçada ao amigo, até que um puxão a assustou, quase derrubando-a.

Olhou para trás e viu que Kovu corria em disparada até uma árvore mais distante. Pôde ver uma figura saindo de trás do tronco e se agachando para acariciar o cachorro, enquanto outra parecia emburrada, de braços cruzados e cachimbo na boca.

Ela segurou o riso, reconhecendo os dois com facilidade.

Isso chamou a atenção de Daniel, que olhou para ela e depois para onde o cão estava.

Quem são eles? — perguntou baixinho, sem querer atrapalhar a cerimônia.

Aquele cara que foi comigo na sua casa e um amigo dele.

Uau, quer dizer que já está sério?

Alice demorou um tempo para entender a insinuação. Abriu a boca sem saber o que dizer, então apenas deu um tapa no braço do amigo.

Não é nada disso, idiota!

— Ai, desculpa, amiga!

Os dois foram atrás do cão e Rupi se levantou para cumprimentá-los.

— Desculpa, Alice, sei que é um momento bem íntimo, mas tivemos que vir.

— Aconteceu algo? — A garota olhou preocupada para os dois, depois para seu amigo do lado, perdido com a situação.

— Segundo nosso detetive aqui — O professor apontou para o colega que já fumava o cachimbo de cara feia. — Temos que ficar de olho em você pois não dá para saber quando vão fazer algo de novo. E, apesar de eu não ser inteligente como ele, sinto que o nome disso é preocupação.

Sá deu uma baforada.

— Está distorcendo minhas palavras. A propósito — encarou Daniel —, meus pêsames, eu sinto muito mesmo pelo que aconteceu. Não tive oportunidade de dizer isso antes.

SAN - Detetive Folclórico (Degustação)Where stories live. Discover now