Capítulo 2: Parte 2 - No Covil

51 7 86
                                    

— Pronto para isso? — Sá sorriu para o companheiro.

— Infelizmente. — Rupi respirou fundo e deixou os cabelos acenderem.

Os dois entraram no prédio. Não foram recebidos por ninguém. Sá sorriu, com toda certeza os lobisomens estariam reunidos em um salão amplo, não dividiriam seus números, deixariam no máximo...

O som do elevador chegou aos seus ouvidos e ele sorriu de novo ao ver um homem fazer um pequeno aceno com a cabeça para eles entrarem.

— Então você foi escolhido para correr o risco? — Saci inclinou a cabeça. — Não se preocupe, não estou aqui para matar humanos, apesar de eu saber que estão na cobertura e ser um desperdício você ter se envolvido.

— Eles... eles disseram... — O recepcionista começou a gaguejar.

— Disseram que você deveria nos guiar até onde estão. Ora essa, eles sabem que controlamos o ar e o fogo, seria extrema idiotice ficarem em um lugar fechado, ainda mais por estarem em maior número.

— Ah... bem...

— Vai embora, não se envolva, eles não irão atrás de você depois.

Os olhos de Sá ficaram brancos e o homem sentiu o vento agitar seus ralos cabelos.

— Tu... tudo bem.

Assim, Saci e Curupira entraram no elevador. Enquanto a porta se fechava, San se encostou na parede e Custódio cruzou os braços. O jovem negro estendeu o braço e apertou o botão do andar logo abaixo da cobertura.

— Ah não... pra quê isso?

— Garantia.

— Não basta a gente apenas acabar com eles?

— Faremos isso.

— Sem destruir o andar inteiro.

— Assim não teria graça... — Sá sorriu para o professor, que continuou a encará-lo. — Qual é, pense na cara de surpresa deles!

Rupi revirou os olhos enquanto ouviam o apito do elevador ao parar.

Sá segurou sua perna direita e a puxou. A perna de metal se soltou das fivelas que a prendiam ao corpo do jovem. Enquanto a porta do elevador se abria, Sá arremessou a perna, que voou pelo andar aberto.

Custódio acionou o botão para fechar a porta e os dois foram em direção a cobertura.

A porta do elevador se abriu, revelando uma área aberta com piscina e jardim. Mais à frente, na única parte coberta, um lobisomem enorme se sentava em uma poltrona, usava um terno branco e gravata preta. Sua pelagem era negra, com uma mancha branca no olho esquerdo, ele arreganhou os dentes para os convidados.

— Só vocês dois? Pensei que trariam reforços. — A voz do anfitrião lembrava rosnados.

Risadas estranhas vieram mais ao fundo, de onde a alcateia avançava. Devagar, cerca de vinte lobisomens pararam, logo atrás da poltrona do líder. Todos se vestiam com ternos de cores contrarias a do chefe, mas nenhum parecia prestes a rasgar a roupa como o que se sentava na poltrona. Todos mostravam os dentes poderosos em seus sorrisos, os focinhos franzidos e as orelhas em pé.

— Sabia que o grupo de vocês não chegaria a trinta, na verdade, poderia dar conta sozinho. — Sá disse, antes de flutuar para fora do elevador, uma das pernas da calça pendendo, frouxa.

— Insolente! — O monstro na poltrona apertou os braços do assento, mas respirou fundo. — Você fala muito, melhor matá-los de uma vez.

— Tá vendo. — Rupi abriu os braços e se virou para o amigo. — Eu nem disse nada, mas por sua causa o "matá-los" veio no plural.

— Você queria conversa e cachaça antes? — O jovem negro abriu um grande sorriso. Avançou um pouco enquanto erguia as mãos, movimentando-as com leveza.

— Seria bom, o gosto do sangue deles é horrível, cachaça iria aliviar.

— Ah, calem a boca! — O líder se levantou. — O que esse idiota está fazendo? — Apontou para Sá.

Saci ainda avançava bem devagar, a língua para fora da boca, enquanto movimentava as mãos.

— Mirando. — Rupi respondeu.

— Mirando o quê?

— Uma coisa espalhafatosa, porque está com preguiça.

— Ei! Não é preguiça, é eficiência... aliás, faz anos que não a uso. — Sá finalmente parou e cruzou os braços.

— Querem me fazer de idiota? — O chefe lobisomem se levantou.

— Você é idiota, isso não tem a ver com nossas ações. — Sá encarou o monstro e franziu o cenho.

— Já tá pronto? — Rupi perguntou.

O amigo acenou de forma positiva com a cabeça.

— COMO OUSAM?! — A criatura lupina ergueu os braços. — ATAQUEM!

Junto com o grito, veio a explosão.

O líder da alcateia foi arremessado para a frente. Ganidos e uivos se misturaram ao barulho de ossos quebrando, concreto batendo em concreto e carne.

Logo atrás da poltrona, um buraco havia sido aberto no chão, uma corrente de vento tão forte se ergueu, que em poucos segundos se transformou em um furacão. Toda a força do ar concentrada em uma pequena área.

Doze dos vinte capangas foram pegos pelo vento, aos poucos sendo empalados e desmembrados por concreto e metal, que já foram parte daquele prédio.

Sá ria, os olhos brancos brilhando. A criatura tinha controle sobre cada lufada daquela ventania poderosa. Fazia os capangas se chocarem e se arrebentarem nos destroços do prédio.

Em menos de um minuto, todos que haviam sido pegos pelo furacão foram mortos. Logo depois, o furacão desapareceu.

Surpreso e assustado, o chefe olhou para o que sobrou da sua alcateia. Se levantou devagar, rosnou e encarou as duas criaturas mágicas a sua frente.

— Como?

Algo voou rapidamente ao lado da sua cabeça e foi parar nas mãos do saci.

— Essa belezinha aqui. — Sá sorriu, enquanto encaixava a perna de metal de volta. — Uma belezinha mágica que consegui em uma viagem, a Grécia é um lugar maravilhoso. — Esfregou as mãos e inclinou a cabeça para um lado e para o outro, estalando o pescoço. — A cara de vocês foi ótima, mas agora... vamos começar?

Rupi estendeu as garras, os dentes pontudos a mostra, o cabelo pegando fogo, assim como seus punhos e pés.

O líder da alcateia sentiu o cheiro de medo que vinha dos seus capangas. Uivou e se virou para eles.

— Acabem com esses desgraçados! Aquele que me trouxer a cabeça deles será meu braço direito!

~~~~~~~~~~~~

Querem mais de Alice e seus amigos? SAN está a venda em formato físico e digital! Adquira seu exemplar com ilustrações incríveis e descubra como essa história termina.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Sep 05, 2022 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

SAN - Detetive Folclórico (Degustação)Where stories live. Discover now