Capítulo 2. Primeiro encontro

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Virgílio olhou para Helen com expressão de surpresa.

— Como assim, seis anos sem autoridade policial? Isso é estranho. E o que você quer dizer com "ex-prefeito"?

Helen respirou fundo antes de continuar:

— Sim, é isso mesmo. Segundo os registros que encontrei, a cidade ficou sem um delegado durante seis anos. E quanto ao prefeito, ele renunciou ao cargo de maneira misteriosa e depois foi encontrado morto em um acidente de carro. As circunstâncias em torno de sua morte são bastante suspeitas.

Nicholas olhou pela janela do trem, perdido em seus próprios pensamentos. Ele sabia que a cidade escondia muitos segredos e mistérios, e que eles teriam muito trabalho pela frente.

Finalmente, o trem chegou à estação de Ponteville, uma cidade pequena e isolada, com ruas de paralelepípedos e casas antigas com janelas em estilo colonial. A cidade parecia vazia e silenciosa, como se todos os seus habitantes tivessem desaparecido.

Virgílio e Helen trocaram olhares preocupados enquanto Nicholas pagava o bilhete de trem. Eles sabiam que tinham uma missão difícil pela frente, mas estavam determinados a descobrir a verdade por trás dos mistérios de Ponteville.

— Então já começamos muito bem! Quando isto ocorreu? — perguntou, excêntrico, Virgílio.

— Há dois anos. E nenhuma perícia do local ou do carro foi feita ainda. — respondeu Nicholas de maneira conclusiva.

Virgílio ficou espantado e um tanto inquieto esperando por mais detalhes.

— Então me parece que começa neste ponto, o nosso trabalho? — perguntou Virgílio.

— É umas das coisas principais a fazer. Quero finalizar todos os casos que estiverem atrasados, a começar por esse. — afirmou Nicholas.

Os três colocaram camisas sociais, sapatos e calças pretas dando um charme executivo. Exceto Helen, que vestiu uma longa saia e um salto despojado demais para a época, mas ela não se importava.

Apesar de todo o charme executivo, aquela não era a vestimenta oficial da polícia. Contudo, queriam parecer importantes.

Ao longe avistaram Ponteville. Seria uma ótima visão, se não fosse pela imensa neblina que envolvia todo o local. O alto do morro, no qual se encontrava a cidade, trazia uma atmosfera diferente da qual estavam habituados. Os três eram moradores da baixada santista, estavam acostumados com praia, calor e muita luz. Em Ponteville, despontava um semblante de escuridão mesmo nas altas horas do dia.

O trem terminou seu percurso, eles desceram e se decepcionaram com o que encontraram. Ou com o que não encontraram. Esperavam uma recepção calorosa por parte da população, mas não são recepcionados por nenhum habitante da cidade.

— O que vamos fazer, Nicholas? — perguntou, com voz dramática e sarcástica, Virgílio.

Nicholas pensou. Erroneamente, esperava realmente que aconteceria uma recepção calorosa da pequenina cidade ao novo delegado, mas ao perceber que se enganara, traçou seus primeiros objetivos.

— Precisamos descobrir onde fica a delegacia e guardar nossas malas. Por sorte, terei um agasalho dentro dela. — fazia 9°C naquela manhã.

— Quanta organização sua, hein, Nicholas!? — disse Virgílio.

— Isso não é hora de brincadeira, velho. — repreendeu Helen.

— Eu peço desculpas pelo meu erro, mas foi tudo tão de última hora. — fala, em tom melancólico, Nicholas. — Pesquisei apenas o importante.

— Ah! Bem, o local onde vamos viver não é importante para você? — falou Virgílio, alterado. — Porque para mim tem muita importância!

Helen acalmou os ânimos dos garotos. Com a discussão apaziguada, concluíram que era melhor perguntar a localização da delegacia à população, pois, por terem acabado de chegar, não sabiam o endereço e precisariam instalar-se antes dos trabalhos começarem. A População por sua vez se dirigia em enxames ao que parecia ser a praça da cidade.

No meio daquele pequeno aglomerado de pessoas, eram como três palhaços no meio da multidão, suas roupas esbanjavam extravagância entre os trapos sujos dos vendedores de bananas e da população pobre da feira da cidade. Entretanto, não eram os únicos.

Dentro de toda aquela confusão, como normalmente são as feiras livres, haviam mulheres de longos vestidos brancos, vermelhos, azuis e amarelos com mangas que lhes cobriam até as mãos, como uma forma de impedir que fossem tocadas. Não era possível ver os cabelos, pois havia um longo chapéu sobre suas cabeças, que, de tal forma, quase impediam de enxergar o chão.

A cena chamou a atenção de Nicholas, que, com um ímpeto de coragem, tentou se aproximar. Mas as mulheres já se retiravam em carruagens, como princesas, conduzidas por homens armados.

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A Terrível História de Ponteville (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora