Capítulo 15. As Rodas Dos Urubus

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Em uma sala da Fazenda Santa, encontravam-se reunidos Diogo e membros do alto escalão da seita. Sentados à mesa, estavam: o homem de longos cabelos loiros, - presente no ritual de afogamento da Iara - Ramon, Daniel e Leandro. Ramon era o membro mais próximo ao companheiro, ditava as normas e mandos que o líder determinava. Além disso, detinha a chefia dos homens de segurança da fazenda. Daniel era de pequena estatura. No entanto, seu tamanho não mostrava a sua importância; era gerente do único banco de Ponteville e administrava toda a receita da propriedade. Leandro era o encarregado dos serviços de campo, o gestor das colheitas e do armazenamento dos grãos produzidos. O homem loiro, cujo nome era Isaías, era interlocutor de todas as cerimônias realizadas pela fazenda. Muitos os chamavam de "o anjo Isaías", ou "a pura encarnação do profeta", que novamente traz a sua voz para profetizar o messias, como diziam. Ramon tomou a fala na reunião.

— Irmãos, aqui reunidos toma-nos em valia o seguinte fato: fomos traídos. Informações detalhadas sobre a seita caíram nas mãos do delegado.

— Como é possível? — Perguntou Daniel.

— Creio que deixamos uma ponta solta em nossas ações. — Respondeu Ramon.

— Não creio que isso tenha acontecido tão facilmente. Apenas deve fazer parte de algum plano maior do conselheiro. — Indagou Isaías.

— E faz. Mas creio que precisamos eliminar dúvidas e suspeitas sobre o que fazemos. Não cairia bem aos olhos dos gentios. — Falou Ramon.

— Isso me cheira a coisa de cobra traidora. Ora! Nada bom. — Disse Leandro.

— Talvez Diogo saiba um pouco mais sobre o fato, afinal foi o seu secretário que deu a falar. — Ralhou Ramon.

Consternado com essa indagação, Diogo levantou-se da cadeira e, com força, colocou as mãos espalmadas sobre a mesa, causando um estrondo que fez todos o olharem com atenção.

— Não me venha com suas suspeitas. Sou tão fiel a essa tropa quanto cada um aqui. Quanto ao Marco, eu não o informei sobre tudo da fazenda, afinal, eu tramei todo o plano da morte do Ted. Apenas não esperava que Marco fosse dar com as línguas nos dentes pelas minhas costas. Achei que ele teria medo. — disse Diogo, recompondo-se.

— Mas não teve. Foi um erro de sua parte. Porém, todos nós cometemos erros. — Ramon parou alguns segundos de falar e olhou diretamente para Diogo. — Há uma chance de redenção. Descobrimos que Nicholas se encontrará com Marco em sua casa amanhã à noite, dará mais detalhes sobre a fazenda. É hora de darmos um bom exemplo a ele e a todos os habitantes de Ponteville, concorda? — falou Isaías.

— Concordo. — respondeu Diogo.

— Ótimo, vou reunir alguns dos meus homens e partimos agora mesmo. — adiantou Ramon.

— Quero pedir-lhe só uma coisa: pelo bem que tem ao companheiro e pelo meu, deixe-me ir sozinho resolver isso com minhas próprias mãos. Quero fazer eu mesmo, com meu próprio suor. — pediu Diogo.

— Claro. Já que pede em nome do santo. Além do mais, o companheiro vai ficar feliz em saber disso. Um ato de bravura. Porém, leve dois dos meus melhores homens junto, pois vai precisar para fazer a guarda. — disse Ramon

— Pode ser. Peça para eles me acompanharem. Estarei indo em direção ao portão. — finalizou Diogo.

A reunião terminou e todos deixaram a sala. Diogo dirigiu-se ao centro da fazenda. Levava consigo uma arma. Kris lia um quadro de avisos posto em frente à Casagrande.

— Eles são tão organizados. — disse Kris.

— São. — respondeu, friamente, Diogo.

— Tem o dia e horário e o nome de cada um aqui. A atividade que está desempenhando, a hora que deve terminar. Queria morar aqui. — comentou Kris, sorrindo.

— Não queria, não. — falou seriamente Diogo. — Vamos embora, preciso deixar você em casa. Tenho trabalho a fazer. — Ordenou.

Ao chegar ao portão, já se encontravam ali os dois homens de Ramon. Ambos partiram rumo à casa de Marco. 

A Terrível História de Ponteville (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora