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Eu peço perdão, eu tive um bloqueio tão forte que eu não conseguia pensar em nada, estou voltando até aqui aos poucos, desculpa.

Recomeço.

— Já tirou seu tempo para pensar? —perguntei abrindo a porta do quarto espiando pelas frestas, olhei Eijirou deitado virado para a parede.

— Desculpa. —ele pediu, sua voz ecoando no silêncio do quarto.

— Desculpa? —entrei no cômodo me sentando na beirada da cama. Ele se mexeu um pouco e se sentou apoiando as costas na parede, sentou com os joelhos levantados e os cotovelos apoiados nos mesmos.

— Sim, eu estou só parasitando aqui, desculpa. Eu acho que... Acho que eu finalmente consigo sair daqui, eu vou conseguir um emprego de meio período e eu juro que no momento que eu conseguir o dinheiro necessário eu vou arranjar um apartamento, ok? Não posso ficar sob o teto dos seus pais assim. —falou soltando um longo suspiro. O encarei apreensivo, peguei sua mão e levei até minha boca dando um leve beijo rápido, olhei para ele.

— Não se preocupe com isso, você pode ficar o tempo que quiser. —falei. Dei um beijo leve na sua bochecha. Ficamos nos encarando sorrindo como uns bestas que nos somos. Até que o celular dele vibrou. Ele pegou e viu a tela, sua expressão neutra saiu de seu rosto deixando apenas uma expressão preocupada. — Quem é?

Ele respirou bem fundo e virou seus olhos para mim. — Minha mãe. —Um silêncio se instalou no quarto, estávamos incertos, isso dava de saber graças ao silêncio palpável e tenso que tinha ali. Ele ficava encarando a tela sem se mexer, dei um beijo na bochecha dele e tirei o celular de sua mão, atendi e coloquei no meu ouvido segurando a mãos de Eijiro sentindo ele apertar a sua contra a minha.

  — Alô? —atendi ouvido um suspiro do outra lado da linha.

  — Katsuki. Viva-voz. —sussurou Eijirou do meu lado. Meio relutante fiz assim.

  — Onde está Eijiro? —pude sentir o aperto na minha mão quando ele ouviu aquela voz dizer seu nome.

  — Quer falar com ele pra que? —perguntei sem nem um pingo de compaixão. Eijirou colocou seu rosto no meu ombro o escondendo ali apenas ouvindo.

  — Ele é meu filho.

  — Achei que tinha dito que não era mais.

  — Ele... Ele está aí?

  — Dependendo do que for eu posso passar a mensagem.

  — Eu queria dizer duas coisas. —sua voz era baixa, e a cada palavra parecia que estava pensando se deveria dizer ou não. Dei um beijo na bochecha de Eijirou tentando transmitir conforto. — Quero que ele volte pra casa. Podemos procurar por terapia pra curar isso, fala pra ele que vamos curar ele de algum jeito.

  — Você tem alguma ideia de com quem você tá falando? Sou eu, aquele viadinho que tava beijando seu filho. Já que você já pôs seu ponto na mesa, eu queria dizer que não é porra de doença nenhuma. Doente é você que tem um amor tão frágil assim pelo seu filho. Era só isso? Bom, não importa. Tchau. —desliguei e virei pra Eijirou o abraçando com força.

  — O que quer fazer?

  — Uhm... quero... voltar a minha rotina normal. —ele suspirou.— Não quero que você entre nos meus problemas se for só pra ouvir gente falando merda no seu ouvido, Katsuki. Vamos voltar pra escola e encarar essas coisas de frente, só pra isso tudo acabar logo. — a maneira que ele havia madurecido era dolorosa. É bom que ele tenha se fortalecido, mas era ruim que ele teve que passar por essa experiência de merda pra crescer. Eijiro não precisava disso tudo, ele só precisava se sentir seguro.

  Eu não tinha o que fazer, além de abraçá-lo e aceitar o que ele queria fazer. Dei um cafuné nos seus cabelos e segurei seu rosto pelas bochechas o fazendo me olhar nos olhos.

  — Amanhã vamos à escola, ok?

  — Ok.

Os Beep's de Kirishima [KIRIBAKU/BAKUSHIMA] Onde histórias criam vida. Descubra agora