Eu estou aqui

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-Eu tenho... câncer...
MEU CORAÇÃO!
Meu coração... Ele quase parou.
Meu bebezinho estava com câncer... A menina que sempre esteve aqui comigo, por que???
Eu não acredito só pode ser mentira, é... É algum tipo de pegadinha, só pode ahah...
É pegadinha né? Será?
Eu afasto meu rosto de Lieslel devagar ainda boquiaberta e totalmente devastada.
Eu seguro bem forte a sua mão e dou um sorriso.
-Você sempre sorriu pra mim quando eu mais precisei... Agora chegou o tempo de retribuir.
Ela sorri de volta e começa a chorar.
Eu também estou com os olhos cheios d'água, mas eu preciso ser forte. Ela precisa me ver bem pra ter uma boa recuperação.
Nós logo chegamos no hospital. A Lamborghini Preta vem estacionando logo atrás.
Matt desce eufórico.
-E aí?
-Espera...
A maca com Lieslel passa por nós e eu finalmente posso desabar em "segredo".
-Matt... Eu tô com tanto medo.
-Eu sei, eu sei- ele me abraça apertado-... Fica calma, vai ficar tudo bem.
-É o meu anjinho... Ela não pode me deixar...
-Para com isso- Ele diz me soltando e segurando minhas mãos-, ela não vai!
Eu balanço a cabeça em um sinal de sim.
Ele segura uma das minhas mãos e nós dois entramos juntos, no hospital. Sentamos na sala de espera e logo uma enfermeira vem falar com a gente.
-Boa noite. Vocês são os amigos de Lieslel Baffin?
-Sim! -Eu respondo ansiosa por informações.
-Os pais já estão a caminho. Ela vai precisar passar por uma cirurgia de risco. Nós temos que retirar este tumor o mais rápido possível. O problema maior, é que ele está localizado no fígado, órgão responsável por liberar substâncias importantíssimas no sangue. Mas a parte "boa", é que o fígado pode se regenerar, então ela provavelmente não vai ter complicações após a cirurgia.
-Que bom, vai dar tudo certo. Aqui só tem cirurgiões talentosos.
-Não é a toa que dizem por aí que você se parece com o senhor Smith.
Eu e a enfermeira sorrimos e ela vai embora.
-Senhor Smith?
-Albert Washington Smith. Meu avô.
-Nossa- Matt fica boquiaberto-... Seu avô? Então tudo isso pertence a sua família?
-Sim. Mais especificamente o meu tio, Henry. Além de dono, ele é melhor cirurgião desse mundo todinho. Vou pedir pra ele fazer a cirurgia na Lieslel.
Eu e Matt saímos a procura dele.
-Como ele é?
-Ele puxou mais pra minha avó do que meu avô. Ele é moreno e tem olhos castanhos escuros. Muito alto, cheinho e bochecudo, e com cabelos grisalhos.
-Nossa, alguém da sua família, além da Danna que não tem olhos azuis.
-Meu pai também não tem olhos azuis.
-Que cor?
-Verde.
-Privilegiada.
Eu o ignoro e chamo uma das cirurgiãs.
-Bella!
-Oi, princesa!
Eu abraço ela. Isabella, carinhosamente chamada de Bella por mim, tem cabelos castanhos bem claros, as vezes você até acha que são loiros, mas não, e tem lindos olhos azuis tão transparentes que são quase brancos, sem contar nas suas bochechas rosadas.
-Que saudade! Onde tá meu tio?
-Se preparando pra uma cirurgia de risco.
-Por acaso é pra retirar um tumor?
-Sim. No fígado.
-Ufa. Já tô até mais aliviada. A paciente é minha melhor amiga, Lies.
-Conheço. Você sempre vinha aqui com ela.
-Sim, eu ia pedir agora para o meu tio tirar o tumor dela, já que ele é tão talentoso e eu tô com tanto medo...
-Fala pra ela que vai ficar tudo bem- Matt interrompe-? Parece que quando eu falo, não resolve.
Ela ri.
-Vai ficar tudo bem...
-Promete?
-Eu não posso.
Ela me dá um beijinho na testa e vai embora.
Eu e Matt voltamos para a sala de espera. A maca com Lieslel estava indo para a sala de cirurgia e os pais dela já estavam lá, sentados e tentando permanecer calmos.
Meu tio Henry, Bella, e mais uma cirurgiã estavam junto com ela. Eles estavam acompanhados de uns 3 residentes... Eu aceno para meu tio e ele sorri de volta. Eu e Matt sentamos no sofá ao lado dos pais de Lieslel e aguardamos a cirurgia acabar.
Eram 5:20 da manhã, quando meu tio apareceu.
-Oi, querida.
-Oi tio!
Nós nos cumprimentamos com um abraço.
-Sinto muito...-Pelo quê?- Todos nós sentimos...-Ela mandou ele fazer isso, certeza, ela sempre amou assistir canais de pegadinha e pregar peças em mim.- Ela não resistiu.
Ele abaixa a cabeça e sai de cena, enquanto os pais de Lieslel começam a chorar.
Eu abro a porta e saio do hospital, furiosamente e me sento na calçada.
-Por que com ela? Hã? Por que com ela e não comigo? Você não tinha esse direito, Papai do céu!!! VOCÊ NÃO TINHA!!!!!
Começa a chover.
-Acho que isso é um sinal pra você calar a boca.
Matt aparece atrás de mim.
-Não me mande calar a boca.
-Mando sim. Você está sendo injusta. Injusta com Deus, com Lieslel e consigo mesma. Sabe, Anny? Vocês aproveitaram o máximo. Se amaram por cada milésimo de segundo e ainda assim você quer mais? Ela te amou tanto, Anny. E ela ainda te ama. E de uma coisa eu tenho certeza, ela vai estar sempre lá em cima, cuidando de você, e, se eu conheço bem ela, agora ela deve estar jurando que se a Mindsey McCallister encostar um dedo em você, ela volta e puxa o pé dela a noite. -Eu solto uma risadinha- Ela te ama. Por favor, não seja assim.
Naquele segundo eu saí do caos e cheguei no paraíso. Parecia que eu estava nas nuvens, só dele estar ali comigo, me apoiando. Obrigada Matt...
-Valeu.
-Por nada, Eu sempre vou estar aqui.
Matt se levanta e me dá sua mão. Eu me levanto também com sua ajuda.
-Agora vamos sair dessa chuva, antes que você pegue uma gripe.
-Tá bem.
Eu e Matt entramos na Lamborghini preta e conforme nós vamos avançando nas ruas quase desertas, o Sol vai se erguendo ainda mais e os carros começam a sair de todos os cantos, sai carro até do bueiro. Lies ia gostar dessa piada.
Logo nós entramos num congestionamento. Eu decido ligar o rádio e o CD estava parado em Bohemian Rhapsody. Na parte que Lieslel não cantou.
Eu começo.
-I don't want to die...
-I sometimes wish i'd never been born at all...
Nós dois sorrimos e eu vejo no painel do carro a rosa Vermelha que nunca foi entregue.
-Matt...
-Oi?
-Vamos enterrar?
-Aonde você acha melhor?
-No lugar que começou nossa amizade. A pista de caminhada do parque Evergreen.
-Tudo bem.
Matt dirige até o Evergreen e então eu vejo a árvore que fica bem pertinho de onde eu trombei com a Lies 9 anos atrás. Matt tira um pouco de terra e eu enterro a rosa, depois nós dois cobrimos e vamos embora.
Incrível como em cidades de praia começa e para de chover do nada. Logo o Sol estava radiantemente forte e um arco-íris se fez no céu. Sabia que a Lies ia deixar o céu mais bonito.
Matt fala com seus pais e depois avisa minhas mães, que tinham acabado de receber uma ligação dos Baffin. Ele vai dormir em casa hoje, só pra garantir que eu não vou chorar de madrugada.
Mais de um mês já se passou. Hoje é 3 de novembro de 2020. O Matt vem aqui em casa sempre pra jogar Free Fire com o George e atualmente está investindo em uma carreira de jogador de futebol.
-E aí, princesa Anny?
-Oi, príncipe Matt! Mais um treino?
-Sim. Hoje um treinador renomado, lá do Brasil, veio nos visitar. Se eu passar no teste, em questão de segundos eu posso estar no país do futebol, jogando em um dos melhores times.
-Qual time você vai jogar?
-Não lembro o nome, mas ele falou que é o time brasileiro que tem mais campeonatos mundiais.
-Nossa! Que... Ótimo!
-Tá tudo bem?
-Sim, sim! Eu tô muito feliz por você! Aliás, você sempre quis conhecer o Brasil, não é?
-Sim. Bom ainda são 5:00 da manhã... Então, eu te vejo mais tarde, no colégio, né?
-Sim. Segundona brava né? Vou me arrumar.
-Tá.
Não julgo, ele está seguindo seu sonho.
Eu me arrumo. Solto meu cabelo, coloco tênis, calça jeans, blusa do Gun's N' Roses e casaco xadrez.
Matt e eu vamos juntos, como sempre.
Quando chegamos lá, Mindsey McCallister nos espera na porta. Ela quer falar com Matt.
Já fazem 3 minutos. Tô preocupada. Será que aquela criatura abominável assassinou meu palhacinho de circo com os seus raios de feiura ultra-potentes?
Não.
A cascavel da McCallister tá engolindo ele, mesmo. Literalmente.
Eles percebem minha presença e Matt vira assustado. Já Mindsey, me olha com cara de deboche.
-Anny...
-Tem lugar mais confortável pra beijar a pior inimiga da sua melhor amiga, sabia?
-Hahahaha! Perdeu, playboy!
Mindsey diz e faz um sinal de arminha com os dedos.
Eu respiro fundo e consigo não bater nela. Me tranco em um dos banheiros do andar de cima.
Nossa, o que é isso? Que sensação é essa? Será que é ciúmes?
A última vez que eu fiquei com ciúmes de alguém assim, foi da Lieslel, 5 anos atrás, quando ela tentou arrumar outra amiga.
Mas não parece ciúme. Eu tô tentando me lembrar dos garotos que eu já beijei mas eu não consigo. Eu nem me lembro do nome deles. Parece até que nunca existiram.
Será que...???
SERÁ QUE EU GOSTO DO MATT??
Impossível!!!!!! Eu sou a garota-coração-de-pedra. NUNCA. NUNQUINHA que eu ia gostar de alguém. Ainda mais do Matt, que é quase um irmão pra mim.
Jesus, Papai do céu!!!!
Eu gosto do Mattew...
Eu saio da cabine do banheiro e vou pra sala. As aulas passam tão rápido. O tempo quase sempre voa quando Matt está comigo.
Eu vou pra minha casa dormir e já é um novo dia. Terça. Mais uma vez as aulas passam voando ao lado dele... Ah, Papai do céu. Esse sorriso... Já na hora da saída, Matt aparece com um buquê de rosas vermelhas. Minhas favoritas.
Todos se juntam em volta dele e começam a filmar.
-Então, isso é para me redimir com uma pessoa... Uma pessoa que eu magoei muito. E outras pessoas magoaram também... Mas enfim... Vamos direto ao ponto, né. Até por que esse buquê não é só pra isso. Ela nem imagina o quanto é especial pra mim. Desde que ela apareceu na minha vida, eu fiquei meio confuso em saber se gostava dela ou não-Ele tá falando de mim!!!-... Mas depois de um tempo, então eu tive certeza. E é por isso, que hoje eu estou aqui. Para pedir que você seja minha...-Ele se ajoelha e eu já estou pronta para fazer cara de surpresa e dizer sim.

Meu Primeiro AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora