Eu congelei seu coração

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Acordo tremendo de frio. Viro para o lado e vejo as horas. São 6:00 Da manhã. Eu preciso de um banho quente.
Enquanto tomo meu banho, tenho o desafio de deixar meu corpo todo em baixo da água sem molhar o meu cabelo. Quando a parte da frente fica na água sinto frio na parte de trás, e vice versa.
Quando eu vou me trocar eu tenho que molhar o meu tapete só pra não pisar no chão frio, por que tenho medo de levar um choque térmico e ficar torta.
Eu enchi minha boca de protetor labial, caso seque, o que é óbvio que vai acontecer, eu estou levando mais na mochila. Eu estou, neste momento, usando 3 blusas de manga comprida e 1 moletom super quentinho, estou com meia-calça, meias, calça jeans e frio. Eu tento colocar a minha bota mas meu braço não dobra muito, nem meu corpo. Por conta do frio.
-OLÍVIAAAA!!!!
-Nossa, garota. Que foi?
Eu aponto para a bota tentando fazer cara de fofinha. Eu sou fofa, aliás. Mas eu também não sou fofa, principalmente quando me acordam, ou, comem minha comida.
Eu coloco minha mochila nas costas com ajuda da Olívia e desço as escadas.
-Tchau!
-Tchau neném.
Ela me chama assim, mesmo. Eu gosto.
Matt está saindo também. Ele abre as portas do seu carro e olha pra mim. Ele se vira e entra, assim dando partida.
Eu estou saindo do meu condomínio quando a Lamborghini preta do Matt estaciona em uma das vagas. Ele faz sinal pra que eu entre.
Nossa... Eu sabia que ele não ia me deixar passar frio. Podia ser Hitler ressuscitado aqui no meu lugar, ele ia colocar no carro. Principalmente, uma Mulher. Ele tem um carinho enorme por mulheres, ele é pro feminista e condena totalmente o machismo. Maravilhoso, né?
Eu entro no carro e está quentinho. Ele faz sinal para o botão do aquecedor e eu faço sinal de não. Ele não vai mesmo falar comigo.
Eu me encolho no banco e coloco o cinto. Ele dá partida.
Quando chegamos no colégio, ele estaciona na vaga de sempre e nós descemos. Um garoto do grupinho de populares se aproxima de nós. Matt chega mais perto de mim, mas não tanto.
-Nossa Mattew, mas que belezinha você conseguiu, hein?
-Cala boca!
Eu digo.
Mas Matt, se incomoda e parte pra agressão. Ele dá um soco no rosto do garoto, fazendo ele cair.
O garoto se levanta e empurra Mattew. Eu vejo o pescoço dele latejar e quando está prestes a presentear o garoto com um traumatismo craniano, a diretora Loren aparece, saindo de dentro do carro dela.
-Parem agora!
Matt olha para ela e abaixa o braço.
-Os dois, me acompanhem por favor.
Ela me olha.
-Docinho, você é testemunha?
-Sim.
-Pode vir comigo?
-Posso.
Nós andamos pela escola acompanhados da diretora Loren, enquanto os outros ficam nos olhando e vendo o rosto inchado do garoto e o sangue no olhar de Matt.
Ela abre a porta da sala e pede para eles se sentarem. Ela se senta e eu fico em pé. Matt se levanta pra que eu possa sentar e eu faço sinal de não. Ele se senta novamente.
-Já sei até como essa briga começou.
Diz a diretora Loren.
-Querida, me conte tudo o que você viu.
Eu digo tudo detalhadamente e no final, a diretora diz que não vai fazer nada para Matt, por que ele estava apenas me defendendo, e ela venera atitudes assim. Mas o menino, levou uma ocorrência.
Matt se senta do meu lado, por que não tem mais lugares.
Já tenho saudades de falar com ele. Mas eu sou a culpada de tudo isso. Eu que lute.
Dessa vez as aulas passam ainda mais rápido e somos interrompidos, perto da hora do intervalo, por uma tempestade de neve. Matt me leva pra casa.
Eu podia falar com ele... Não. Mas eu preciso criar coragem... Porém alguma coisa me impede.
É como se fossem dois imãs. Um me puxa pra perto dele e outro pra longe. Perto dele eu me sinto mais confortável, mas... E se eu me machucar?
Longe dele eu fico quase desprotegida.
Sabe... Eu sou uma ótima detetive,as as vezes preciso parar de tentar deduzir as coisas.
-Matt!
Ele não está mais lá. Ele já entrou. Não vou bater na porta.
Eu me jogo no sofá e decido assistir a um filme. Eu escolho terror. Eu não assisti Jigsaw ainda. Então, eu quero esse.
Eu assusto com o botão de pause.
Eu lembro daquela vez em que eu e Matt saímos da Aurora Beach e viemos aqui pra casa. Nós assistimos Anabelle 3 com o George e eu morri de medo. Tanto que, eu acabei caindo do sofá e ele teve que me segurar.
Eu solto um sorrisinho.
Qua saudade do seu toque. Ele podia estar aqui agora. Me confortando a cada susto. Mas... O meu "mas" falou mais alto. Eu estou sendo orgulhosa...
Eu pauso o filme e faço pipoca. Agora eu me sento no sofá, de novo, com meu edredom e meus ursinhos e meu balde de pipoca da DC.
Alguém interrompe meu filme e eu abro a porta.
-Quero pipoca.
-Que saudade!!!
Eu o agarro.
-Olha só, eu ainda tô bravo. Eu só quero pipoca.
Matt entra e se senta no sofá comigo, para comer pipoca e assistir filme.
Eu fico encarando o rosto perfeitinho dele.
Ele me olha com cara de deboche.
Eu solto um sorriso e deito minha cabeça no sofá.
Ele tenta segurar o sorriso mas acaba deixando a mostra.
Ele me ama.
-Me ama, né?
-Sim.
-Itiiii...
Eu o abraço com um sorriso gigante no rosto.
-Eu ainda tô bravo.
Ele faz biquinho eu eu dou risada.
-Você faz biquinho!!! Meu Deus, você faz biquinho!!!! Hahahahhahaha
-Me deixa.
-Awwwnt...
Por que tão fofo?
Gente, ele faz biquinho!
O frio faz com que eu me encolha no sofá... Matt me abraça e nós nos encaramos um pouco.
Desviamos o olhar.
Encaramos de novo.
Nossos rostos estão quase colados.
Eu posso sentir sua respiração.
Tomo impulso, colocando uma das minhas pernas em cima dele.
-Filha, cheguei!
Que droga! A gente se afasta e finge estarmos num momento normal, apenas assistindo filme.
-Ah... Eu vou subir.
-Tá, mãe... A gente vai ficar. Assistindo filme. Ficar... Assistindo filme.
-Okay...
Meu Deus... Eu quase beijei ele nhaaaaaaaaa! Que raiva, Anny!!!
Meu Deus, minha mãe precisava chegar agora? Justo AGORA??
Aaa Que vergonha.
Depois do fime, Matt diz que vai embora e eu quase não tenho coragem pra olhar pra ele. Mas eu ainda tenho que saber se estou desculpada.
-Me desculpa?
-Pelo oque?
-Tudo o que você não gostou.
-Incluindo?
-Eu... Eu quase beijei você.
Ele ri.
Meu Deus, ele tá chegando perto!
-Eu gostei.
Ele sorri de canto.
E vai embora.
Eu fecho a porta calmamente... Sem surtar.
Eu me viro e minha mãe está parada na escada me olhando.
Eu olho pra ela.
Ela me olha.
-AAAAAAAAAHHHHHHHH!!!!!!!
Nós duas gritamos em coro enquanto corremos pra um abraço.
Eu tapo a boca dela.
-Ele vai ouvir!
Falo rindo.
-Aaahh...!!!!
Ela grita baixinho.
Nós duas morremos de dar risada.
Eu subo para o meu quarto. Meu Deus... Oque aconteceu aqui??
Ai socorro... Ele tá me olhando pela janela.
-Hahahahahaha
-A pronto.
-Por isso que eu te amo Anny.
Ele faz um coração.
-Você é um ícone!!
Aaaawwwwwnt... Também... Muito, aliás.
Eu faço um coração também e dou um sorriso.
OUTRO DIA
Dessa vez eu estou ainda mais protegida que ontem. Eu estou de gorro, cachecol e luvas.
Eu deixo minha boca cheia de brilho labial de novo e desço. Matt já está lá fora.
-Anny, olha só!
Ele tenta fazer uns golpes de ninja.
-Oque é isto?
-Se o frio vier atacar ainda mais a gente, eu bato nele.
-Meu Deus.
Eu sinto um floquinho de neve cair sobre meu rosto. Já viu nevar em cidade de praia?
Essa é minha primeira vez.
Só tinha visto neve em NY... Quando fui visitar meu pai... Quanto tempo.

Meu Primeiro AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora