Living Proof

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"De onde você veio, amor?
E você foi enviado para me salvar?
Ooh, há Deus em cada movimento
Ooh, e você é a prova viva.
A forma que suas mãos não podem me abalar
Suave ao toque como, amor
Ooh, há Deus em cada movimento
Ooh, e você é a prova viva..."
— Living Proof (Camila Cabello)

Karla Camila Cabello Estrabao point of view

Sentimentos são cruéis e não há ninguém que possa tirar isso de minha cabeça, no entanto há uma pequena parcela minha, -obviamente o último resquício de sensatez-, que alerta que os ditos cujos são letais apenas quando seus hospedeiros são estúpidos e carentes de autopiedade, ou seja, pessoas como eu!

É engraçado como algo que você pensa ser belo pode deixar de ser de uma hora para a outra, sua visão daquilo deixa de ser tão encantada para ser mais arisca, e de repente aquilo que tão bem te definia, passa a ser algo com qual não consegue mais se identificar. Embora fosse covarde o suficiente para querer me apaixonar, sempre achei o sentimento bonito e admirável, a percepção de que você deixa de pensar como um só para pensar como dois era emocionante, apesar de complicada. Vocês sabem, os filmes e livros deixam essa coisa toda mais lúdica do que a realidade, eles nos manipulam para pensarmos que é realmente algo que precisamos e que vale a pena independente dos sacrifícios que nos levarão a isso, é uma armadilha.

Bastou apenas que me apaixonasse para deixar de gostar do sentimento, todo o meu romantismo foi reduzido a uma grande poça de desilusão, na qual eu estava constantemente caindo, todo o maldito dia. Preferia quando o meu coração era apenas meu e quando o controle das minhas ações ainda me pertencia, jamais conseguirei entender o porquê daquilo acontecer justamente comigo, nunca quis me apaixonar e definitivamente nunca quis suas consequências.

Antigamente, quando ainda era uma mulher sensata e controlada, não me importaria com a forma a qual Lauren me tratou, apenas iria revirar meus olhos por sua audácia e sairia dali -ou, em outros momentos, talvez até aceitasse seu convite depravado-, e seguiria normalmente com a minha noite. Ultimamente, entretanto, doía toda vez que me lembrava de suas palavras e de seu olhar, me senti tão enojada comigo mesma que a primeira coisa que fiz depois de parar de chorar foi picotar meu vestido até não passar de uma pilha de retalhos, e agora sentia aquele comichão na garganta toda a vez que checava meu celular apenas para descobrir que ela sequer se preocupou em me procurar depois.

O domingo passou anormalmente rápido e logo era madrugada de segunda, ainda estava deitada na minha cama, lugar que estava desde que cheguei na noite anterior, quando meu celular tocou pela enésima vez na sala de estar. Não faço a mínima ideia de quem era e preferia me manter na ignorância porque sabia que se eu levantasse e pegasse o celular, me decepcionaria mais ainda ao ver que não era Lauren atrás de mim. O celular parou de tocar e só então fechei meus olhos, puxando o cobertor até a altura do meu queixo e me forçando a dormir logo depois.

No outro dia fui obrigada a levantar e sair da segurança e conforto do meu quarto, me arrumei sem pressa pela manhã e dispensei qualquer utensílio que não fosse essencial ao meu dia, ignorei a bancada de maquiagem e prendi meus cabelos em um coque tão volátil quanto minhas emoções. Quando cheguei a faculdade, não fui em busca de Ariana como geralmente faço, fui direto para a sala e me sentei em um dos últimos lugares para ter a total liberdade para abaixar minha cabeça na mesa fria, minha paz durou apenas o suficiente para que o sono voltasse a me incomodar.

— BOM DIA, CUBA! - Grande saudou com uma animação que deveria ser proibida para uma manhã de segunda. — Meu Deus, o que houve com você? - perguntou quando ergui a cabeça e a encarei.

— Dor de cabeça, apenas. - respirei fundo e voltei a minha posição anterior, esperava que tivesse dito o suficiente para ela parar de gritar.

— Oh, desculpe. - murmurou baixo e eu apenas balancei a cabeça ainda na mesma posição. — Vou deixar você descansar um pouco, então.

Carpe Diem [Intersexual] - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora