Heavy

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"Eu estou segurando, por que tudo é tão pesado?
Segurando, muito mais do que eu posso carregar.
Eu continuo arrastando comigo o que me derruba. Se eu soltasse, eu poderia me libertar.
Segurando, Por que tudo é tão pesado?..."
– Heavy (Linkin Park feat. Kiiara)

Lauren Michelle Jauregui Morgado point of view

Você já se sentiu fora de órbita alguma vez? De uma forma tão surreal que beira o utópico? Como se você saísse da realidade e fosse parar em outro plano astral?

Pois bem, eu já me senti assim alguns pares de vezes em minha vida, e posso contar nos dedos de uma única mão às vezes em que isso aconteceu.

A primeira e mais alucinante vez foi quando transei pela primeira vez, quando o orgasmo percorreu todo o meu corpo e mente antes de por fim escorrer para fora, ativando no processo todos os hormônios e neurônios que eu nem mesmo sabia que existia. Foi algo surreal na época, eu tinha acabado de fazer quinze anos e apesar de hoje em dia ver que a perda da minha virgindade foi algo precoce demais, na época eu apenas me importava com o fato de que Zayn já tinha comido mais bocetas do que eu, o que parecia ser um absurdo. Perdi minha virgindade com uma garota dois anos mais velha do que eu, a líder de torcida mais popular do colégio, dentro do carro dos pais dela após um jogo de softball. Para a Lauren de quinze anos, foi incrível, ainda mais quando no outro dia eu cheguei na escola e soube que Megan tinha feito uma boa propaganda sobre meus dotes.

A segunda vez foi quando experimentei cocaína pela primeira vez. Nossa, lembro-me daquele dia perfeitamente. Eu tinha tido uma discussão terrível com meus pais, com direito a troca de socos com Michael, e logo depois fui para a casa do pessoal da faculdade, onde uma festa estava acontecendo. Chegando lá, o pessoal logo me acolheu na rodinha e percebendo o quão trêmula e abalada eu estava, tentaram de tudo para me animar, mas nada era capaz disso, nem mesmo a minha adorada erva. Foi então que, mascando um chiclete azul e balançando um copo vermelho, Hillary, uma garota que só ia pra faculdade por ser obrigada pelos pais, então sugeriu que eu fosse para algo mais forte. Naquela noite, quase tive uma overdose de tanto que adorei aquela nova droga, mas então ela apareceu e me tirou dali, gritando comigo por ser tão estúpida.

A terceira vez foi quando a tão esperada overdose veio, essa foi proposital, misturei diversos remédios e os bebi com vodka pura, logo depois de ingerir mais de cem gramas de pó. Naquela madrugada, enquanto meu corpo tremulava sem parar no chão, eu senti como se minha alma tivesse saído para fora do corpo e espiasse minha vida por outra perspectiva. Eu assisti de fora o meu corpo convulsionando violentamente, vi quando ela chegou para me salvar mais uma vez, observei como ela pareceu desesperada e como chorava enquanto berrava ligando para a emergência, e quase chorei junto a ela quando sua mão agarrou a minha praticamente sem vida, me implorando baixinho para resistir e não deixá-la. Foi quando percebi que precisava melhorar, não por mim, e sim pelas pessoas que se importavam comigo.

Em suma, todas as vezes que me senti fora de mim foram devido a acontecimentos ou substâncias, e nunca por uma pessoa. Todavia, sempre dizem que há uma primeira vez para tudo e devo concordar com isso, já que pela primeira vez em minha vida, o que me tirou de órbita não foi a cocaína ou a perda da virgindade, e sim uma latina quente que tem o sorriso mais puro e iluminado do mundo. Fora uma mulher com uma alma tão livre quanto a de um pássaro e tão delicada quanto uma porcelana chinesa.

Era noite latina na Lótus, algo sugerido por Zayn e aprovado por mim após certa relutância, e ela estava lá, no centro da pista de dança, mostrando a todos o que era exatamente o charme latino e como seu corpo era fodidamente bom mexendo-se de um lado para o outro. Ela iluminava a pista de dança de uma forma que ofuscava qualquer pessoa que dançasse perto dela, os movimentos tão livres e espontâneos, naturalmente sensuais e hipnotizadores. A música parecia conversar com o corpo dela e por alguma razão eu não conseguia parar de admira-la.

Carpe Diem [Intersexual] - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora