Após mal pregar os olhos durante as poucas horas que tivemos em silêncio, as oito e meia da manhã ouvi uma batida na porta, e acordei do cochilo leve em que tinha acabado de entrar. "Bebeeeee" ouvia a voz de anahi gritando do outro lado da porta. "Que que é portilla" respondi com um falso humor em minha voz tentando distraí-la. "Vai perder o café da manhã, e aí a gente vai ter que voar de estômago vazio. Anda logo. A Dulce não acorda nem com reza." "Ok, já vou descer. Eu... eu dou um jeito de acordar ela" Respondo e ouço ela se afastando da porta. Tiro Dulce de cima do meu peito, onde ela passou todo o tempo, e a escuto reclamar, provavelmente sem perceber que o fez.
Vou até o banheiro, e passo as mãos pelo rosto, chacoalhando a cabeça e tomando uma ducha rápida para tirar de meu corpo os resquícios da noite anterior. se eu me sentia sujo, não podia imaginar como ela se sentia. sai do banheiro com a toalha enrolada na cintura, e me troquei rapidamente. quando tudo, exceto meu cabelo e meu rosto, pareciam levemente apresentáveis, me sentei ao lado de Dulce no colchão e chacoalhei devagar seus ombros. "Dul... ruivinha... temos que ir..." ouvi ela resmungar e se apertar mais em seu próprio corpo. Continuei chamando seu nome e mexendo devagar em seu corpo para que ela acordasse, até que em um gemido de desgosto, o ritmo de sua respiração mudou e ela abriu seus lindos olhos para mim, me fazendo sorrir involuntariamente.
"Bom dia pequena." falei e ela sorriu sem jeito. "Não sou pequena." respondeu fazendo meu sorriso aumentar. "Temos que descer. O café já está pra acabar, e temos que voltar pra capital." ela assentiu com a cabeça e se empurrou mais para trás na cama, se sentando. "Pega um short pra mim no meu quarto? e um tênis. eu vim pra cá sem noite passada..." Ela disse tentando desviar o olhar. "Não quer que eu pegue uma blusa também?" ela deu um sorrisinho sapeca. "Ou você podia me deixar ficar com a sua..." eu sorri e rolei os olhos com a afirmação dela.
Nossos olhares pousaram um no do outro por alguns instantes e fui eu quem quebrei o contato. "Vou lá pegar, já volto" me levantei do lado da cama, colocando uma mão em sua cabeça e deixando ali um beijo, estava prestes a me distanciar quando senti a pequena mão gelada de Dulce na minha. Ela puxou minha mão para baixo, a colocando em seu próprio rosto.
Ela piscou demoradamente, e abriu os olhos para encarar diretamente os meus. "Chris eu..." "não... não precisa falar nada." eu disse encostando nossas testas por alguns segundos, e roçando devagarzinho nossos narizes. tudo em mim gritava para beija-la, mas eu sabia que ela ainda estava vulnerável, e não queria, de forma alguma, me aproveitar dela. Dei um beijinho rápido na ponta de seu nariz, peguei o cartão que desbloqueava seu quarto e abri a porta indo atrás de suas coisas. não tinha mais ninguém no corredor quando sai do meu quarto e entrei no de Dulce, fui até sua mala, e busquei pelo short e pelo par de tênis extra que estava no chão. não mexi mais em suas coisas, e voltei direto para o quarto, encontrando-a de frente para o espelho do banheiro, puxando para baixo a gola da camiseta para ver as marcas em seus seios.
Ela olhava para si mesma com alguma coisa tão pesada no olhar, que mais uma vez, me fez sentir impotente. Colocando um braço ao redor dela, coloquei as coisas em cima da pia, e usei esse mesmo braço para gira-la em minha direção. Ela automaticamente me abraçou, e de novo, toda minha sanidade se foi ao pensar no que poderia ter acontecido para deixar Dulce Maria, em um estado tão fragilizado.
"Eu achei que não ia dar pra ver." ela disse em um suspiro com a cabeça grudada em meu peito, eu acariciava seus cabelos devagar tentando, de alguma forma, acalma-la. "Não olha pra isso tá? Usa minhas camisetas pra esconder." percebi um sorriso se formar em seu rosto "uma proposta tentadora..." deixamos escapar uma risada e ela se soltou de mim. "Se troca. Vou te esperar no quarto." falei saindo e encostando a porta do banheiro atrás de mim. me sentei na cama e me deparei com aproximadamente oitenta mil mensagens de Anahí mandando eu andar logo caso contrário ela derrubaria minha porta. respondi que já estava indo, e logo à porta se abriu, revelando uma Dulce com um tênis branco, o short jeans apertado, e a camiseta larga amarrada meio para baixo, com o nó em sua cintura.
"Você fica uma graça nas minhas camisetas." ela sorriu sem graça e veio até mim, parando entre minhas pernas. "Obrigada por cuidar de mim." ela disse com o meu rosto entre suas mãos, enlacei sua cintura e tentei falar algo completamente sem graça. "Amigos são pra isso não é?" sugeri e ela soltou um sorriso rolando os olhos e voltando a me olhar. ela começou a se aproximar, e era como se seus lábios tivessem um imã que fazia com que meus olhos não conseguissem focar-se em mais nada além deles.
"Dul, eu não quero que você se arrependa de ter feito isso..." eu disse com os olhos fechados, precisando de toda a força do mundo para dizer essas palavras. "Eu posso me arrepender de muitas coisas chris..." ela falou se aproximando ainda mais. tudo parecia em câmera lenta. "Mas não disso." e então ela colou nossos lábios devagar. provavelmente o beijo mais calmo e cheio de sentimento de toda minha vida. muito melhor do que noite passada, quando ela falava como se eu estivesse prestes a perdê-la. Após alguns segundos nos separamos e colamos nossas testas novamente.
Ficamos em silêncio por alguns instantes, e Dulce se distanciou, virando de costas e tentando disfarçar o fato de que limpou seus olhos marejados, quando ela se virou de volta para mim, parecia outra pessoa. "Vamos?" disse com um sorriso e eu, meio atônito, assenti e me levantei, abrindo a porta do quarto para que ela passasse. "Se alguém perguntar..." ela disse meio nervosa ao ver que estávamos chegando ao andar do restaurante "eu me viro. Não se preocupa." respondi e ela assentiu sorrindo. quando saímos do elevador ouvimos o grito de "finalmente" de Anahí o que nos fez dar risada.
Ninguém questionou os dois chegando juntos, afinal isso era comum, mas assim que se sentou, may percebeu o corte no rosto de Dulce. "Dul, o que aconteceu?" ela perguntou preocupada estendendo o braço para alcançar a amiga que se perdeu por alguns segundos tentando explicar. "Ela saiu ontem à noite e acabou caindo da escada. Eu tava perto de porta e ouvi o barulho, aí ajudei ela, não foi nada muito sério, né Dul?" ela me olhou aliviada por alguns instantes antes de começar a assentir "sim. Eu tava meio com sono, aí acabei tropeçando." todos pareceram comprar a mentira, e Anahí, que estava esperando Dulce e a mim para comer, nos apressou para irmos pegar a comida.
Tomamos o café conversando e dando risada como sempre, aproveitando o fato de estarmos juntos, apesar de que o estávamos a maioria do tempo. Em poucos minutos o produtor chegou, e pediu para que nós apressássemos para pegar o avião de volta para a capital. Subimos todos juntos, e Dulce sorriu para mim, e sussurrou um "obrigada" antes de entrar pela porta para organizar suas coisas. Já estava fora do meu quarto, trancando a porta quando senti meu celular vibrar. Era uma mensagem de Dulce. "Me lavando de todo o meu resto de orgulho pra pedir: me ajuda a levar a mala? Tá pesada" com um emoji tristinho no final, sorri e deixei minhas coisas na frente da porta, batendo em seu quarto.
Ela abriu a porta e eu peguei a mala que estava ainda na cadeira. "Desculpa, meus braços tão doendo." Ela disse envergonhada e eu sorri "tá tudo bem. Mas um dia, em alguma hora, você vai me dizer o que aconteceu?" Perguntei e ela assentiu com a cabeça. Sorri e levei a mala até perto da minha, com ela me seguindo. "Consegue levar o violão? Pra disfarçar eu estar com as duas malas" "consigo" ela respondeu e entramos no elevador mais uma vez, parando na garagem do hotel onde a mini-van nos esperava. Esperamos mais alguns minutos até Maitê chegar toda bagunçada com suas coisas, e partirmos direção ao aeroporto.
Entramos no avião e automaticamente anahi se deitou no colo de poncho, como criança pequena, caindo no sono. O voo seria curto, entre uma hora, a uma hora e vinte minutos. Christian com seus fones de ouvido no máximo ouvindo sabe Deus o que, Maite escrevendo algo em seu caderninho que ela não permitia que ninguém chamasse de diário, anahi desmaiada no colo de poncho, enquanto ele também cochilava de leve com cuidado para não soltar o corpo da loira, e Dulce sentada ao meu lado, reclamando sobre como não gostava de andar de avião. Eu estava morto de sono, e isso era visível, minhas olheiras me entregavam.
Senti a mão de Dulce em meu rosto. "Vem cá. Dorme." Ela disse tentando me puxar, e eu a olhei sem entender. "Deixa eu retribuir." ela disse sem graça e eu dei uma risadinha, antes de me ajeitar no banco, me deitando com a cabeça no colo da ruiva, que passou os próximos minutos brincando com meus cabelos, até que eu adormecesse, e claro, sonhasse com ela.
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Luna Negra
Mystery / ThrillerDulce e Christopher. Integrantes da banda mexicana que mais fez, e faz sucesso no mundo todo. E melhores amigos. Apaixonados que nunca se declararam, mesmo cientes do amor um do outro. Um dia após um show em uma cidade praiana no México, Dulce diz q...