Fiquei em silêncio. Por Deus, o que eu poderia dizer? Nada vinha a minha cabeça. Ela olhava para baixo, provavelmente tentando não chorar, e eu intercalava meu olhar entre a tela do celular e o seu rosto, em estado atônito, sem saber o que fazer ou falar. "Dul eu..." tentei começar a frase mas ela me interrompeu. "Não. " ela disse negando com a cabeça. "Não fala nada." ela disse e respirou fundo, me olhando e exibindo um sorriso falso. "Me leva pra beber?" ela disse e eu sorri um pouco. Quem era eu para dizer não, quando também bebia minhas mágoas?
"Claro. Que horas são?" perguntei para mim mesmo olhando de novo a tela do celular dela em minhas mãos, tentando não reler a mensagem. "São quase cinco horas. Se arruma, quando tiver pronta a gente sai." ela assentiu com a cabeça e se virou devagar, levantando da cama. "Não toma banho agora, por causa da pomada." falei sorrindo de leve para ela enquanto estendia o celular para que o pegasse. "Tá bom. Logo eu desço." ela disse e deu a volta na cama, vindo até mim, passou devagar a mão no meu rosto e sorriu. "Obrigada."
Ela disse e beijou meus lábios devagar por alguns instantes, antes de nos separar e sair do quarto sem dizer mais nada. E eu continuei ali, deitado na cama, me perguntando o que deveria fazer. Após quase meia hora pensando sem chegar a conclusão alguma, me levantei e fui ao banheiro, liguei a água gelada e me enfiei ali debaixo, tentando fazer com que tudo que se passava pela minha cabeça, parasse de me rondar.
Passei mais um tempo sozinho com meus pensamentos, até decidir que a água do mundo não tinha culpa nenhuma pelos meus problemas, desliguei o chuveiro e peguei a toalha, a passando ao redor do meu corpo enquanto me secava. Voltei para o quarto e sem muita paciência para pensar no que vestir, coloquei uma calça preta e uma camiseta branca, me olhei no espelho, o cabelo pingando água, e apenas observei enquanto as gotas pingavam na minha camiseta a deixando um pouco molhada. Levei a toalha até a cabeça, e sequei de qualquer jeito, procurei meu celular pelo quarto e fui me sentar na sala para esperar por Dulce.
Conhecendo bem a peça, sabia que ela não ficaria pronta tão em breve, então coloquei na tv alguma série que agora não me lembro o nome para passar, e assisti três ou quatro episódios antes de ver a porta se abrir novamente, e sentir a sala se preencher com o cheiro do perfume dela. "Demorei muito?" ela disse e eu sorri, negando com a cabeça enquanto ela andava até mais perto de mim. "Está linda" disse sorrindo e ela repetiu a ação, colocando uns fios de cabelo atras da orelha.
Tinha se maquiado como sempre, com coisas pretas que eu não sei o nome em seus olhos, as bochechas coradas e com seus lábios naturalmebtr rosados cobertos por uma grossa camada de gloss. Ela usava um vestido preto, como quase todas as vezes que saíamos, que constrastava com seu cabelo vermelho, era longo porém não parecia atrapalhar com que ela andasse, ou pelo menos ela era boa em fingir.
Está muito bonita Dul, a que horas tenho que te devolver em casa?" ela deu uma risadinha e eu tentei disfarçar o fato de que tinha feito o mesmo "Antes da meia noite, ou papai vai virar uma fera." Ela disse com sua melhor interpretação de garota inocente me fazendo sorrir. "Okay então, vamos logo para voltarmos logo." Disse e vi ela disfarçar a risada.
Peguei as chaves na estante, e fomos com um silêncio confortável até o estacionamento. Para manter toda nossa incrível encenação de primeiro encontro, e não apenas por isso, abri a porta para ela e a vi sorrir ao entrar no carro. Enquanto escutava ela Dulce cantarolando para se distrair, quase fui pego novamente pelo único pensamento que parecia importar, que era, o que diabos estava acontecendo. Após alguns segundos de muita concentração, foquei minha atenção na voz da ruiva, e logo parei o carro perto de uma boate onde os donos já nos conheciam, principalmente por ter que arrastar Anahi bêbada toda sexta feira durante nossos períodos de férias. Desci do carro, e corri para o outro lado, na tentativa de abrir a porta para ela e continuar nosso estranho jogo de fingir que não nos conhecíamos ainda, quando na verdade, acho que ela já me conhece melhor do que mim mesmo.
Abri a porta e ela fingiu sorrir envergonhada, quando eu sabia que ela queria mesmo era gargalhar abertamente, quase me arrependi de ter aberto a porta e feito com que a gargalhada não acontecesse, mas logo ela agradeceu, e por um milissegundo me olhou nos olhos e ficou vermelha, mas eu fingi não perceber. Entramos logo no clube, sem ter que pegar a fila, aproveitando do status de celebridade que aparentemente tínhamos, principalmente no nosso país de origem. Como sempre, Dulce discretamente nos guiou até a mesa mais escondida de todas, se sentou, esperando que eu repetisse a ação, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela já tinha pedido os drinks malucos que só ela sabia o nome decor.
"Então Dulce..." falei capturando sua atenção "De onde você vem? ". Ela riu, e eu soube que continuaríamos nesse jogo que eu nem sabia quando tínhamos começado por um bom tempo da noite. Ela pegou um pacotinho de açúcar de cima da mesa, brincando com ele entre os dedos, rasgou o papel, e virou o açúcar na boca, antes de me olhar de novo com um sorrisinho. "Daqui mesmo. Nasci na capital. Tenho duas irmãs, e todo mundo fala que somos fotocopias da minha mãe. Comecei a trabalhar na tv com cinco anos, e não parei mais. Minha história não é tão interessante como muitos acham. " Ela disse debochando de todos os detalhes sórdidos da história que eu conhecia, mas que ela não iria dizer.
"E você? Também é da capital? " Ela perguntou despretensiosamente. "Sim. E também comecei a trabalhar cedo. Com 2 anos já fazia comerciais, e todo o resto é história. " Ficamos jogando conversa fora até que o primeiro drink chegou. E logo depois o segundo. O terceiro. E logo Dulce já tinha perdido a conta da quantidade de álcool que tinha ingerido, enquanto eu me esforçava meu máximo para não ficar alterado, pois eu já sabia que ela tinha saído de casa com a intenção de ficar bêbada e esquecer o que quer fosse que estivesse acontecendo. Do nada, em um dos pequenos momentos de silencio que tínhamos enquanto os dois engoliam alguma coisa, isso após muitas batatas fritas e altas concentrações de álcool por parte de Dulce, ela me puxou para dançar.
Eu sempre fui péssimo em dançar. Qualquer coisa. Sempre, absolutamente em cem por cento das vezes, fico ridículo ao menos tentando, então é de se imaginar o quanto fiquei feliz quando ela me puxou para o meio da pista, marcado por uma bola no chão e um feixe de luz diretamente nos nossos corpos, que vinha do teto. Diferente de mim, Dulce sabia o que estava fazendo, movimentando seu corpo junto com a batida de uma música que para mim era estranha aos ouvidos, mas para a garota bêbada na minha frente, era o ápice da qualidade musical.
Sorri sozinho ao vê-la se divertindo, mesmo tendo que segura-la algumas vezes impedindo uma queda. O fiz sem reclamar. Ate que chegou uma hora, que ela se jogou para frente propositalmente, confiando que eu a pegaria em meus braços, coisa que eu fiz.
"Eu estou cansada chris. Vamos pra casa." Olhei rapidamente no meu relógio, e já passaram das duas da manhã, e nesse momento dei parabéns mentalmente a resistência alcoólica de Dulce, fora eu bebendo desde as oito da noite do dia anterior, estaria certamente jogado no chão pedindo socorro e engov.
Após acertar a conta, a ajudei a andar até o carro e a entrar no mesmo, tudo parecendo um grande desafio para o quão mole o corpo dela estava. Assim que dei partida no carro, não tive tempo de perguntar se ela estava bem. Já tinha apagado. Ao chegar em casa, fiquei com dó de acorda-la, então a peguei no colo, agradeci aos céus pelas portas de dentro da garagem para o lounge se abrirem sozinhas, consegui chamar o elevador, e logo tinha a colocado na cama. Tirei seus sapatos, e lutei durante alguns minutos contra os brincos para desenganchar a parte de trás deles dos apetrechos da frente, para que ela não se machucasse enquanto dormia.
Enquanto eu colocava suas coisas na cabeceira, senti sua mão gelada em meu braço, e olhei em um pequeno susto para ela, felizmente não parecia assustada ou nada do tipo. "oi" falei sorrindo e ela me olhou com um sorriso perverso que nunca tinha visto antes em seu rosto. "ucker?" ela disse e eu estranhei por termos voltado ao apelido de quando tinha alguma coisa acontecendo. "sim?" respondi e ela levou a mão que estava no meu braço aos cabelos os ajeitando atrás da orelha, ela levantou um pouco o corpo, e me puxou para me sentar na cama.
"transa comigo" ela disse e eu acho que todos os meus sentidos se desligaram por alguns instantes.
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Luna Negra
Mistério / SuspenseDulce e Christopher. Integrantes da banda mexicana que mais fez, e faz sucesso no mundo todo. E melhores amigos. Apaixonados que nunca se declararam, mesmo cientes do amor um do outro. Um dia após um show em uma cidade praiana no México, Dulce diz q...