"o que?" perguntei a olhando nos olhos, sem ter certeza do que tinha acabado de ouvir. "você ouviu. Fica comigo." Ela disse puxando meu rosto para perto do dela, me beijando como eu ensaiava fazer desde o começo da noite que ela passou me provocando. Ela me beijava como se sua vida dependesse disso, e eu retribuía, não querendo ser o culpado por tirar isso dela. Foi quando senti sua mão gelada contra minha pele por debaixo da camiseta, e acordei para o que estava acontecendo. Separei nosso beijo, e ela me olhava profundamente nos olhos, sem entender.
"dul... não" disse negando com a cabeça desviando o olhar dela. "porque?" ela me perguntou ainda me encarando fundo nos olhos, o que me amedrontava em certo nível. "você esta bêbada. Eu não vou me aproveitar de você." Ela jogou o pescoço um pouco mais para o lado como se estivesse pensando, cogitando novas opções sobre o que fazer naquele momento. A observei enquanto ela desviou completamente o olhar, olhando para a cama. "você não quer ficar comigo..." tentei interromper a observação errônea, e ela mais uma vez disse algo que me fez ficar ao mesmo tempo curioso, e sem querer saber. "viu? Ele estava certo. Ninguém nunca vai me querer." Neguei com a cabeça e busquei com a mão seu rosto que olhava para a cama.
Era difícil saber o que era verdade e o que não era. Dulce estava bêbada, e isso não era difícil de perceber. Seu corpo estava mole, e ela falava embolado. Suas piscadas eram mais longas do que as de uma pessoa sóbria, que no momento dentro daquele quarto, era eu. "pode parar", disse usando a mão para buscar seu rosto, e levanta-lo para que ela olhasse de novo para mim. "você é incrível ok? Milhares de pessoas, não só homens, fariam coisas absurdas para passar a noite contigo. Ainda mais no estado que a senhorita esta." Ela abriu a boca para retrucar me dizendo que não estava bêbada, mas eu coloquei o dedo indicador em seus lábios a impedindo. "eu não vou ficar com você pela primeira vez, com você nesse estado."
Tentei dizer de maneira carinhosa, para que ela não entendesse errado minhas palavras. Ao pensar no que estava dizendo, senti meu rosto ficar levemente corado ao dizer as próximas palavras, agradecendo a escuridão do quarto. "quando ficarmos juntos, quero que se lembre disso depois." Fitei seus olhos ao dizer isso e a vi sorrir um pouquinho, e acabei por repetir a atitude, tentando me convencer de que não estava sendo muito meloso, coisa que eu sabia que estava sendo. A vi fazer um biquinho e se jogar para trás com tudo na cama, batendo a cabeça na parede. "ai" ouvi ela reclamar e disfarcei uma risada.
Queria saber em qual nível da embriaguez ela se encontrava. Parecia lucida e entendendo o que eu dizia, mas não conseguia calcular mentalmente o movimento de se deitar na cama sem bater a cabeça. Ela se levantou se sentando novamente na cama com um bico enorme no rosto. Ela parecia uma criancinha emburrada, e eu sabia que coloca-la para dormir seria tão difícil quanto cuidar de uma criança de verdade. Era adorável. "vem, vamos tirar essa roupa". Seu olhar mudou para a forma mais tarada que já vi alguém me olhar. Por um momento quis mandar tudo ao inferno, mas pensei no quanto me culparia depois, por ter aproveitado da ruiva que estava em meus braços. Respirei fundo e disse um "não assim" para ela, fazendo com que o bico voltasse ao seu rosto, e eu acabei por sorrir de novo. Queria apertar suas bochechas nesse momento.
Me levantei da cama, e estiquei um braço para que ela se apoiasse em mim para se levantar. Mas ao contrário disso, ela se jogou, colocando os dois braços em volta do meu pescoço e se grudando em mim. A parte de mim muito melosa de mais cedo me fez a abraçar de volta e cheirar seus cabelos. A senti colocar as pernas em minha cintura, ouvindo baixinho o tecido de seu vestido longo ceder. Ela encaixou o rosto no meu pescoço e soltou um grunhidinho ao se aconchegar. Dei parabéns a mim mesmo por não ter cedido ao meu primeiro instinto de me deitar com ela enquanto ela se encontrava vulnerável, me poupando de mim mesmo me martirizando depois. Com ela em meu colo, fui ate o banheiro, e me abaixei para que ela se sentasse na tampa do vaso, mas seus braços continuaram grudados em meu pescoço.
"dul, vai, vamos te colocar no chuveiro." Disse e ela grunhiu um não. "seu vestido é apertado, como vai dormir assim?" ela disse alguma coisa, mas as palavras esqueceram de se formar no processo, e eu não entendi nada. Mais uma vez me ocorreu o pensamento de que estava lidando com uma criança. Dei um beijinho em seu rosto, enquanto uma das minhas mãos segurava seu corpo, usei a outra para tirar os cabelos dela do rosto. "vai, seja boazinha dul." Mais uma reclamada impossível de ser entendida e senti os músculos de suas pernas se relaxarem, então a ajudei a se sentar na tampa fechada do vaso sanitário. Ela se sentou, toda curvada para frente, comprovando mais uma vez o fato de que ela estava, ao menos, levemente, alterada, já que sempre levo bronca dela para arrumar a postura. Ela agarrou mais uma vez a minha cintura, agora enquanto sentada. Mexi devagar nos seus cabelos, enquanto buscava o zíper de seu vestido.
Após muita luta, consegui achar o maldito e minúsculo zíper preto. O desci rapidamente, e devagar, pedindo ajuda de Dulce e prometendo coisas que não faria depois para que ela cooperasse, consegui fazer com que o vestido chegasse aos seus pés. O corpo dela de calcinha e sutiã, não era novidade, fomos a piscina diversas vezes juntos, e seus figurinos em sua maioria consistiam em saias e shorts curtos junto com um sutiã enfeitado. Mas ainda sim, tinha que me concentrar no que estava fazendo, para não admirar cada centímetro de sua pele, o que era mais fácil quando ela estava coberta de machucados como era o caso, pois ao invés de sentir desejo, sentia apenas raiva, e uma pitada de impotência, por não saber o que fazer.
"vem, pro chuveiro mocinha." Disse ainda brincando com as palavras para fazer com que ela cooperasse. "vai comigo?" ela disse olhando para cima para me fitar os olhos. Eu iria negar, mas ela mal conseguia ficar sentada sozinha, se eu a colocasse dentro do box de um chuveiro, a situação acabaria em tragédia. "ta bom. Eu vou." Tirei o cinto e as meias, e puxei a barra da camisa por cima da minha cabeça, e dulce voltou a me olhar com aquele mesmo olhar 43 de mais cedo. Tentei disfarçar o quão envergonhado fiquei enquanto abaixava minha calça, ficando so de cueca. "vem" disse estendendo a mão para Dulce quando estávamos os dois em roupas intimas. Ela quase bateu no box de vidro umas boas seis ou sete vezes ate eu conseguir a colocar dentro do box. Me preparei psicologicamente para a agua gelada, e quanto ela estava no rumo certo da agua, mesmo que agarrada ao meu peito, liguei o chuveiro.
Quando a água gelada bateu nos ombros dela, ouvi um gritinho de sua parte, e ela enfiou as unhas nas minhas costas. Foi um banho rápido e, acho que para ela, levemente desconfortável considerando as diversas vezes que tive que impedir que ela fugisse ou se arrebentasse toda caindo no chão. Após alguns minutos, arrastei nossos corpos para longe do chuveiro, os dois ainda pingando água.
A coloquei sentada no vaso mais uma vez, confiando que o banho a teria despertado ao menos um pouco, enquanto me sequei rapidamente com a toalha pendurada, e a estendi na minha frente, a enrolando como um burrito, com os dois braços junto ao corpo. A peguei no colo pela milésima vez na noite e a coloquei na cama.
"To com fome" ela disse enquanto dava pequenas gargalhadas conforme eu tentava secar seu corpo sem o desembrulhar. "Fica aqui. Vou na cozinha pegar algo pra você comer" ela fez que sim com a cabeça e eu ia me virar de costas quando ela deu um gritinho chamando minha atenção de volta. "Dul?" Perguntei em um susto e ela sorriu sapeca.
"Me dá um beijinho antes de ir" sorri com a lógica sem sentido da ruiva bebada, e abaixei meu corpo, encostando nossos lábios por alguns segundos, e um beijo inocente passou a ser mais intenso e apaixonado enquanto ela escorregou os braços para fora da toalha e segurou meu rosto, e eu fiz o mesmo tocando seu cabelo molhado. Após alguns minutos de amassos ininterruptos, ela se jogou de volta na cama. "Ainda estou com fome"
Ela disse e eu sorri, me abaixei dando um beijo em sua testa enquanto saia do quarto. Fui até a cozinha, e antes encontrei anahi dormindo toda torta no sofá, e agradeci o fato dela estar apagada, pois ainda estava só de cueca. Fui até ela, e arrumei seu corpo, para que ela não ficasse com dor nas costas depois, como sempre fazia. Atravessei o balcão de cozinha, e após alguns segundos buscando por algo, achei um pacote de pães de queijo de sabe Deus quando, mas iria servir.
Os coloquei em um pote pequeno, e voltei devagar ao quarto. Ao abrir a porta, encontrei uma Dulce completamente adormecida enquanto molhava a cama com seus cabelos. Deixei o pote na pequeña cómoda ao lado da cama, e me deitei ao seu lado, automaticamente sentindo suas mãos geladas abraçarem meu peito. "Dorme ruivinha." eu disse mexendo em seus cabelos enquanto sentia seu corpo relaxar devagar. A última parte acordada dela então disse uma frase que ocupou minha mente por bons minutos antes de eu mesmo cair no sono. "Amanhã ... temos que conversar" ela disse e apagou. Pelo menos agora eu sabia, ou ao menos esperava, que no dia seguinte, entenderia o que estava acontecendo na vida dela, e como eu poderia ajudar.

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Luna Negra
Mystery / ThrillerDulce e Christopher. Integrantes da banda mexicana que mais fez, e faz sucesso no mundo todo. E melhores amigos. Apaixonados que nunca se declararam, mesmo cientes do amor um do outro. Um dia após um show em uma cidade praiana no México, Dulce diz q...