5•5

41 8 1
                                    


    Cheguei em um espaço aberto murado com longas paredes de concreto e cercado com cercas elétricas. Além de em cada ponto ter um guarda armado. Fiquei sentada em um canto daquele "pátio" observando as pessoas em declínio ao meu redor

    Pareciam zumbis perambulando de um lado para o outro sem esperança de um dia sair dali. Eles estavam apenas existindo. Esperando a vez de morrer...

   Meu corpo se estremece ao sentir alguém se sentar ao meu lado. Estreito um pouco meu olho para ver quem era vendo assim que era a garota do cabelo rosa. Ela encarava o cara armado com desdém e raiva até enfim  me encarar

-Você é Violet Mcnight filha daqueles atores certo?- Perguntou a garota me analisando de cima para baixo

-Ah...Sim...e você é...?-Tento abrir um sorriso torto mas a tentativa é falida pelo medo e incômodo de sua presença

-Alanis. Alanis Gomes. Só um aviso, novata, aqui não se pode confiar em ninguém, nem mesmo na sua própria sombra.-Seu tom de voz intimidador me deu calafrios. Realmente não podia confiar em ninguém, pois fariam de tudo pra se manter vivo, até mesmo sacrificar outra pessoa

-Obrigada pelo aviso...à quanto tempo você está aqui?-Me posiciono agora ficando de frente um pouco a vontade com. Ela pareceu pensativa um pouco antes de responder

-Faz...dois anos.-Sim, isso, dois anos de sobrevivência. Respondeu entre suspiros inclinando sua cabeça para o céu nublado. A nossa vida estava assim, cinza e sem vida pronta para desabar

-Eu vou sair daqui.-Me pronuncio com a voz firme. Alanis, no entanto, ri duvidosamente das minhas palavras o que me constrangeu um pouco mas não ao ponto de sentir vergonha do meu desejo

-Amada, aqui só sai morto. Se desconfiarem ou se eles não forem com a sua cara você está ferrada. O último que tentou esse suicídio levou uma trinta e oito na testa. Eu não sei como, por exemplo, aqueles gêmeos ainda estão vivos.

-Por que? O que eles fazem com eles?

-Soube que aquela encarnação do anjo da morte está tentando transferir a "inteligência" humana para o animal. Eles passaram por tanta coisa mas nunca se desgrudaram. Vamos dizer que eles são o "sucesso" do experimento até hoje

-Que horror... De repente uma pessoa que estava à minha frente começa a agoniar de dor e a gritar como um louco. Sua situação era mais precária do que a maioria de nós, seu corpo estava esquelético e suas roupas sujas e rasgadas. Seus olhos sem vida se encontrava fundos e escurecidos. Já não tinha mais cabelo, talvez por conta dos experimentos sofridos ao longo do tempo. O escândalo chamou atenção dos caras da guarita que, sem se pronunciar atirou na cabeça do coitado. Eu vi seu sangue sair na minha frente. Eu vi a bala atravessando seu crânio. Era horrível...aterrorizante. senti a adrenalina tomar conta do meu corpo junto com o medo, e apesar de todos estarem presentes notei que aquilo fazia parte de sua rotina.

-Ele sobreviveu até por muito tempo... Comentou a garota dos cabelos pintados lamentando com a cabeça. Ainda estava em choque então nem conseguia falar nada, era a primeira vez que via alguém morrer na minha frente

-Hey você aí!- olho para o homem que segurava uma arma como se fosse um brinquedinho- você mesmo, novata, pega esse verme e joga naquele canto. -Aponta para um canto manchado de vermelho e que fedia mais que o próprio local em si

-Vai logo, se não quiser ter o mesmo fim que ele. -Apressou Alanis me empurrando para o corpo morto me fazendo quase cair em cima. Segurei a respiração por mais tempo possível rastejando aquele saco de ossos para o canto ordenado e o joguei ali. Notei minhas mãos manchadas de sangue junto com meu macacão. Aquilo era um absurdo.

     Não demorou para eu sair do meu transe ao ouvir os gritos de um dos homens anunciando a entrada para os quartos, assim todos obedecendo. No entanto outro homem enjalecado puxa os gêmeos para o sentido oposto da nossa. O garoto que usava sua franja de lado segurou firme a mão de seu irmão, que usava a franja partido ao meio, com total força e segurança. Aquela cena me lembrou de Laura, que não só era minha irmã mas minha melhor amiga. Eu só queria ver ela pela última vez...ver seu sorriso e sua voz falando coisas absurdas dos livros que lera. Sinto meus olhos se encherem de lágrimas e sem demora para escorrer contornando minha bochecha. Meu corpo, então, é puxado para a sala seguinte por outro homem com jaleco bruscamente. Ele me põe em uma cadeira muito parecida com aquelas elétricas que usavam para executar os presidiários que tinha sua punição a morte.

-Não dificulta pra mim ok princesa?- Falou enquanto amarrava meus pés e mãos,assim colocando uma espécie de fios na minha cabeça. Tentei resistir novamente gruindo para o mesmo. Me sentia um animal selvagem sendo enjaulado. A sensação era a das piores de todas. Sou parada quando sinto sua mão bater contra meu rosto. Minha bochecha estava vermelha e formigava, por conta do impacto o canto da minha boca saía um pouco de sangue

     Naquela hora a única coisa que eu desejava mais que tudo era explodir a cabeça dele. Meu sangue ferveu na hora e a ansiedade junto com a adrenalina tomou conta do meu ser. Eu queria matá-lo

    A sala não tinha basicamente nada a não ser alguns armários velhos, uma mesa com uma tevê e uma luz bem fraca. O cara com jaleco me posiciona na frente da tela desligada. Não estava entendo merda nenhuma do que ia acontecer. O aparelho então é ligado mostrando basicamente a cafeteria onde encontrei Adam pela penúltima vez antes de ser sequestrada. Até então estava tranquilo, ele estava lendo perto da janela onde sempre ficávamos, não passou cinco minutos e logo Megan chega e se senta junto com ele. No entanto a cena seguinte eu nunca iria esquecer: depois de um bom tempo de conversa vejo Adam beijando Megan. Depois passou para outra cena onde o mesmo se repetia antes de dezessete de Setembro-que era meu aniversário-ou seja, Adam estava me traindo com minha melhor amiga e não era de agora. Meus olhos escorriam lágrimas como sangue. O ódio, aquele mesmo ódio quando você quer matar a pessoa consumiu, dominou todo meu corpo me pondo refém de mim mesma. Mais uma vez a confiança foi quebrada. Não, nunca existiu e nunca vai existir.

-Não não não! -Meus lábios estavam machucados de tanto que eu os apertava com os dentes. Na cena seguinte, a última, minha mãe lamentava em casa chorando, só que esse vídeo continha áudio e o investigador havia acabado de anunciar minha morte com provas falsas

   Meu mundo caiu. Minhas esperanças foram para o ralo, já não havia mais ninguém para me apoiar. O homem anotava todas as minhas reações e movimentos, ele se divertia com aquilo, dava para ver pelo seu olhar de desprezo. Era nojento

    





•MY NAME IS KILL• 《CREEPYPASTA》Onde histórias criam vida. Descubra agora