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Acordei na minha cela com uma merda de dor de cabeça. No momento tudo a minha volta rodava, me sentia embriagada e prestes a vomitar. E foi o que eu fiz. Não demorou muito para o doutorzinho chegar com esse falso ar de preocupação.

-Violet fique acordada! Tome isso- me deu um frasquinho de vidro. Enfiei aquele líquido goela a baixo fazendo o gosto amargo rasgar minha garganta

-Que merda ruim é isso?-faço uma cara de nojo jogando o fora depois de ingerido.

-Ele sempre faz isso, são apenas efeitos colaterais que melhorará daqui a pouco-suspira passando a mão em seus longos fios deixando seus olhos mais a mostra. Um azul hipnotizante, era como estar vendo o céu a partir dele. A porta se abre deixando aparente o doutor maluco torturador imbecil. Ele não estava com aquele sorriso irônico de sempre.

-Violet recebemos uma notícia da sua família...-Minha garganta ficara com um nó de imediato. O pior pode ter acontecido com um deles ou com todos...-Sua mãe...ela...se suicidou ontem...-Fiquei sem chão...minha mãe...está morta

   Meus olhos se encheram de raiva e ódio. Cravei minhas unhas no concreto na tentativa de não avançar no pescoço daquele merda. O chão se manchou de vermelho escuro e se molhou de lágrimas.

-Violet se acalm...- Erick é interrompido com uma cotovelada minha. Seu nariz e boca sangrava como rio

-Isso não é problema meu. -Comentou logo saindo deixando a sós

    Dia após dia, noite após noite me perguntava o por quê de eu não estar morta de verdade. Todos à minha volta finalmente descansava depois de ter seus corpos usados como simples bonecos. Eu queria ser uma delas...Eu queria...

    Durante esse tempo não entendia o porquê de Erick insistir em conversar comigo. Sempre que visitava minha cela era recebido com um chute ou hostilidade, mas isso também foi me cansando...

-Por que faz isso...?- Pergunto me sentando no fundo do quarto esperando que entrasse com sua bandeja de remédios

-Isso o que?- Se aproximou colocando o metal sobre suas pernas agachadas.

-Isso tudo...você não é como eles. Então por que faz isso? Por que está aqui? Cara você teria um grande futuro na medicina visto que é tão jovem...saia disso enquanto há tempo...-Coloco minhas mãos em seus ombros e percebo seu rosto espantado. Acho que ninguém mandou a real logo. Seus olhos azuis arregalados e sua boca boquiaberta sem uma sílaba sair de suas cordas vocais foi constrangedor.

-Obrigado por me dizer isso. Você foi a primeira pessoa que disse que sou capaz...-Retira minhas mãos de seus ombros e o aperta de leve entre seus dedos quentes

-Não tem problema...de qualquer forma acabo acredit...-Antes que pudesse terminar de falar, seus lábios se selam com os meus em um beijo roubado. Não fiquei com raiva, nem o machuquei. Eu simplesmente pretrifiquei

-Me desculpa.-Se levanta indo em direção à porta para ir embora

-Espera...-Minhas palavras fez com que suas pernas parassem de se mover, em compensação não se era possível ver seu rosto escondido pelas longas madeixas-Você vai voltar amanhã...?-Sua cabeça se direcionou a mim de imediato com o rosto espantado e curioso.

-Vou. Eu volto sim...se não me bater...

-Se você não me der motivos...-Solto um pequeno sorriso entortando um pouco a cabeça para o lado

     Por alguma razão, seja ela qual for, Erick me deixava confortável diante de todas as coisas que enfrentava. Porém, as lembranças daquela noite na festa do meu aniversário nunca saiu da minha mente...eu queria matá-lo

    Sempre que ele vinha trazia consigo um bilhete por baixo da bandeja de medicamentos, o que fazia com que meus dias fossem mais esperançosos para sair daqui. Erick era livre para circular pelos locais e tinha autoridade dentre os guardas. Amanhã à noite seria a minha liberdade.

     Acordei no meio da madrugada fria e escura, iluminada só com a luz da lua que atravessara as barras de ferro. Encarei a parede à minha frente percebendo uma sombra grande, mais ou menos dois metros de altura com olhos brancos e brilhantes. Podia ser apenas uma alucinação, efeito de muito estresse. Ou poderia ser mesmo alguém ali. Me sento para poder enxergar melhor o indivíduo monstruoso. Só espero que não seja um dos homens que vigia minha cela.

   Ao fechar um pouco os olhos afim de que minha visão se adapte ao breu daquele lugar, uma música foi tocada...como daquelas caixinhas que temos quando criança.

-Apareça quem for se não arrebento sua cara!- Pego o copo de vidro que estava junto a bandeja de remédios. Apenas um grande sorriso com dentes pontudos foi dado como resposta. Aquilo não podia ser apenas uma ilusão...não, era muito real...

    A risada ecoou pelo quarto. Foi aí que dei por conta de que aquela criatura estava na minha frente. Meu corpo se arrepiou todo e meu coração estava acelerado. A adrenalina que percorria minhas veias me fez suar frio e a garganta secar. Tentei me manter firme ali, não deixando que meu medo transparecesse.

-Eu não tenho medo de você, bicho papão. Agora saía daqui AGORA!-Jogo o objeto com todas as minhas forças batendo na parede de concreto macisso e se quebrando. De pouco a pouco a música ia se cessando até que podia se ouvir apenas os ventos balançando os galhos e o grilho

   Me deitei novamente em minha cama encarando o local onde ele apareceu. Se ele ia voltar ou não eu já não sei, mas se atrapalhar o único momento em que podia ter paz e sossego ele iria ser ver comigo...

    Encaro o chão com os vidros espalhados. Novamente me ponho de pé e caminho lentamente até os estilhaços pegando um dos cacos que era de tamanho médio e volto levando ele comigo. Deixando-o de baixo do meu travesseiro. Por precaução. Fecho meus olhos tentando recuperar minha paz mental perdida e logo caiu no meu "profundo sono". Como se naquele lugar poderia relaxar...amanhã será um dia para celebrar...

•MY NAME IS KILL• 《CREEPYPASTA》Onde histórias criam vida. Descubra agora