Capítulo 1
Lucas
Hoje faz quatro dias que encontrei aquela moça na calçada em frente à floricultura, que por sinal iria comprar flores para a minha irmã, pois era aniversário dela. Não consigo tirar da mente aquele olhar. Como um simples olhar pode mexer tanto comigo? Sabendo que ela estava ferida e ainda por cima grávida? Senhor, quem ousou fazer isso com uma mulher e em seu estado ainda. Teria sido o marido? Mas não vi aliança em seu dedo. Namorado?
Tomara que não.
De repente sinto um ciúme que não tenho o direito de sentir por ela, afinal nem a conheço. Mas Josi, sua amiga que também estava na loja e acabou desmaiando com o impacto da parede em que foi jogada, não chamou ninguém do sexo masculino desde que recebeu alta. Graças a Deus está tudo bem com ela.
Josi me disse que o nome da minha menina é Alice.
Opa pera lá, eu disse minha menina? Eu realmente disse. Estou fodido. Não consigo explicar o que estou sentido. Só sei que estou.
Todos os dias vou ao seu quarto e fico com ela o máximo que o meu horário permite entre uma consulta e outra. Seguro a sua mão, observo o seu lindo rosto, converso com ela e conto sobre a sua linda princesa. Depois saio e vou ao meu lugar especial antes de voltar ao trabalho.
Estou furioso e preocupado, se eu pegar quem fez isso com ela, mato. Ela ainda não acordou, mas o médico que a atendeu é um dos melhores aqui do hospital e ainda é meu amigo. Disse-me que está tudo bem com ela. Alice teve uma leve concussão e é até melhor que fique desacordada mais um pouco. Tiveram que tirar o bebê às pressas, mas graças a Deus deu tudo certo. É uma menina! A coisa mais linda que eu já vi na minha vida, nem (Adriana), minha irmã, quando pequena, era tão linda quanto ela.
Que ela não me ouça. Minha maninha é muito ciumenta. E mesmo assim, adivinha onde estou hoje? No berçário babando a minha menininha. Opa! Aconteceu de novo.
O que deu em você, cara?
— Doutor Lucas a sua namorada acordou, ela está um pouco nervosa e quer ver a filha. É melhor o senhor ir lá e tentar acalmá-la — diz uma enfermeira, tirando-me dos meus devaneios.
Minha namorada? Na verdade, gostei do som disso. Mesmo sabendo que não poderia acontecer.
— Obrigado, Carmem. É o que vou fazer agora.
Não querendo desmentir o fato sobre Alice não ser "a namorada", saio me sentindo feliz como há muito tempo não sentia.
Chego ao quarto e é como se alguma coisa se acendesse dentro de mim.
Como ela é linda! Sua pele clara tem algumas marcas da agressão, mas estão sumindo e nem isso tira a sua beleza, muito menos o vestido do hospital. O seu cabelo de um loiro mel incrível — acho eu, não entendo muito dessas coisas de cores. — Mas é linda a cor deles e estão com uma trança de lado, sobre o ombro direito.
Como se sentisse alguém a observando, se vira e me fita com os olhos mais lindos que já vi na minha vida e um sorriso que faz alguém, que não devia, acordar lá embaixo.
Acalme-se, companheiro! Quer me fazer passar vergonha na primeira conversa que terei com a moça? Foco, cara. Onde eu estava mesmo? Ah! Os olhos.
Olhando daqui parecem azuis, mas quando vou aproximando-me percebo que são de um verde claro tão intenso que paraliso no lugar. Ela também tem umas sardas no nariz, que torna o seu rosto ainda mais lindo.
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Um Simples Olhar - livro 1 da Série Olhar. Degustação
Roman d'amour- Alice Carvalho é uma mulher forte, apesar de nunca ter recebido o apoio de sua família. A qual sempre foi desprezada. Nunca conheceu seu pai e a única coisa que a liga a ele é o dinheiro que entra em sua conta todo mês desde que completou dez anos...