Capítulo 7

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SERENA


Consegui me esconder de Sandy e Pen nos dois últimos dias, mas temo que agora a noite não vou obter o mesmo êxito.

Minha enxaqueca resolveu aparecer e até que não menti, muito, ao dizer que estava indisposta. A reunião na quinta foi cancelada, pedi que me enviassem os números e revi no dia seguinte enviando minha opinião a elas, que foram para a fazenda ontem. Menti que tinha trabalho acumulado e não poderia acompanhá-las quando na verdade nem trabalhar eu fui.

Meu celular toca e sei que é uma delas. Me encolho debaixo das cobertas.

— Oi.

— Onde você está? — É a Penélope.

— Em casa, não estou me sentindo muito bem. A enxaqueca não melhorou. — O que não é mentira.

— Remy...

— Desculpa, sei que me comprometi a ajudá-las com tudo, mas realmente não estou legal pra curtir uma festa.

— Não é com a droga da festa que estou preocupada, amiga. — Uma lágrima solitária desce por meu rosto. — Sandy me contou sobre você e o Jus.

Respiro fundo e fecho os olhos.

— Sinto muito que tenha saído machucada desta história, Remy.

— Obrigada.

— Você está mesmo com enxaqueca ou só não quer vir?

— Estou mesmo com enxaqueca. — Ouço-a soltar uma série de lamentos.

— Espero que fique bem logo. Promete para mim que se amanhã estiver melhor vai vir? — Ainda de olhos fechados, concordo com um aceno, então me lembro que ela não pode me ver e murmuro um prometo. — E só para você saber, ele está aqui e não parece nada feliz por você não estar.

Desligo e abraço meu próprio corpo.

Por que depois de seis anos eu ainda me sinto tão abalada em relação a ele? Por que diabos depois de toda a mágoa que ele me causou eu não consigo deixar de amá-lo?

Volto minha atenção para a TV e continuo vendo o filme que está passando, só vendo mesmo porque meus pensamentos giram em mil situações diferentes e eu não consigo fazê-los parar.

 Acordo assustada ouvindo batidas na porta. A TV ainda está ligada e o cobertor que me cobria, no chão. Ao me levantar vejo no relógio sobre a estante que são quinze para as quatro.

— Serena? — Minha nossa, o que ele está fazendo aqui a essa hora?

Não me movo, continuo em pé ao lado do sofá escutando-o bater mais algumas vezes.

— Sei que está aí, por favor abre a porta e fale comigo. — Ele só pode estar bêbado. — Não vou sair daqui enquanto não te ver e conversarmos.

Avalio as minhas opções. Posso abrir a porta e correr o risco de não conseguir controlar meus sentimentos, agir como uma idiota masoquista e lhe entregar eu mesma o meu coração para que o pisoteie um pouco mais. Ou posso deixá-lo do lado de fora, batendo e gritando até que todos os meus vizinhos acordem e um deles chame a polícia.

Bufo me dirigindo até lá. Tudo o que menos quero é um escândalo as quatro da madrugada.

— Serena...

— Oi, Justin — cumprimento ao ficar de frente para ele que está escorado no batente, uma touca preta cobrindo os cabelos compridos e olheiras maculando seu rosto tão lindo...

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