Capítulo 3

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Serena

Tenho tentado não pensar demais no fato de que as férias de verão estão chegando e em algumas semanas vou reencontrar a única pessoa que eu gostaria de esquecer.

Justin foi o único homem que eu já amei de verdade, aquele a quem entreguei o meu coração, meu corpo e o meu amor só para vê-los sendo jogados ao vento como se não fossem nada. O homem que me machucou tanto que tenho certeza, nunca serei capaz de amar novamente.

Gosto de ver a Sandy feliz pela expectativa de ter o irmão de volta à cidade, contudo não sei por quanto mais tempo vou ser capaz de fingir que nada aconteceu entre Justin e eu e que sua presença na festa não me incomoda.

É o final de semana que tiramos para fazer faxina na fazenda e alguns amigos do Stu estão aqui nos ajudando, viemos para cá ontem a noite e estamos de pé desde as cinco da manhã, são quase duas da tarde e tirei um momento para respirar longe de toda a poeira. Há um lago maravilhoso ao redor da propriedade e me sento na beirada, mergulhando meus pés na água fresca. Enquanto isso meus pensamentos voam para seis anos atrás.



Alguns meses se passaram desde aquele fatídico e maravilhoso baile e eu não vi mais o Justin. Sei que as coisas na casa deles estão meio complicadas porque a Sandy não para de falar sobre isso, seus pais decidiram se divorciar e ainda que isso não afete tanto ela e ao irmão, o rompimento de uma família, por mais desestruturada quanto era a deles, nunca é fácil.

E é por isso que esta noite resolvi que faríamos uma noite das meninas, um jeito que encontrei para distrair um pouco minha melhor amiga. Por isso e também por querer rever Justin.

Não foi legal a cena que a Sandy fez naquela noite depois do beijo, caramba, era o meu primeiro beijo e tinha sido tão especial... tudo o que eu queria que tivesse acontecido era que nós dois realmente tivéssemos ido comer aquela pizza. Mas claro que perdoei minha amiga, ela só queria o meu bem e eu a entendia, ela sempre soube que eu nutria, não tão secretamente, uma paixão por seu irmão e todos sabem que Justin não é exatamente um garoto exemplar, a lista de corações que ele já quebrou, mesmo ainda tendo só vinte anos, é gigantesca. Claro que nem sempre a culpa é dele...

Enfim, não sei o que pensar a respeito daquele beijo. Sei lá, meio que esperava que ele fosse me mandar alguma mensagem depois, obviamente não achei que depois daquilo seríamos um casal nem nada do tipo, só não pensei que entre nós ficaria esse gigantesco nada.

A campainha toca e sei que é a Pen, já são cinco e meia e combinamos de ir para a casa da Sandy esse horário. Pego minha mochila e a penduro nas costas.

— Tchau mãe, tchau pai. Eu amo vocês. — Eles estão na cozinha preparando pastéis, vão aproveitar que terão a casa livre de uma pré-aborrecente como papai gosta de me zombar e receber alguns amigos. Acho muito legal eles ainda terem contato com amigos da faculdade, é desta forma que me vejo com as meninas daqui há uns vinte anos, todas frequentando a casa uma das outras.

Vai ser maravilhoso e ainda mais incrível se eu for casada com Justin.

— Oi, Pen!

— Ei, Remy! — cumprimenta puxando uma das minhas tranças. Ela e Sandy começaram há algum tempo me chamar por este apelido besta, nem tem nada a ver com meu nome. Reviro os olhos, elas também gostam de implicar comigo fazendo coisas como puxar meus cabelos ou falar sobre o meu tamanho só porque sou a mais baixa da turma e segundo elas, a mais mimada. Não que eu possa discordar de qualquer uma dessas acusações...

— Remy é um apelido tão idiota para Serena... — Sua vez de revirar os olhos, nós começamos a andar rumo a casa da Sandy.

— Não é um apelido para Serena, é só que, você não tem cara de Serena, tem cara de Remy.

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