Capítulo 4

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Justin


O single novo estourou e Emmet não ficou nada satisfeito por decidirmos tirar férias. Tudo o que ele queria era que caíssemos de cabeça no planejamento da nossa primeira turnê. Não será nada grandioso, vai ser algo mais regional para que nos apresentemos melhor para o mundo.

Prometi que assim que voltarmos de Vancouver, daqui um mês, aquela será a nossa primeira e única prioridade.

Dusty quem está dirigindo o ônibus da banda, enquanto Owen e Chris jogam uma partida de Guitar Hero. Eu estou sentado no fundo, na minha cabine tentando lidar com o fluxo dos meus pensamentos. Tentando lidar com o fato de que neste exato momento estou indo de volta para casa depois de seis anos.

Arranco a folha e a amasso, lançando-a direto na lata de lixo no canto do cômodo. Rabisco novamente os primeiros versos da canção que começou a aparecer na minha cabeça há algumas semanas.

Ela é como um anjo

Um verdadeiro presente dos céus

Mas fui burro o suficiente para deixá-la escapar

E agora, ah agora...

É, foi só isso que consegui criar. Bem, não é exatamente verdade, já escrevi a continuação umas dez vezes, mas em todas elas quando presto atenção ao que diz, descarto. Compor para mim sempre foi deixar o coração falar, não penso, só sento e deixo que os meus sentimentos saiam em forma de canção e é por conhecer o meu método criativo que não posso aceitar a letra desta música.

Não posso aceitar que aquilo é o que meu coração realmente quer. Não porque não seria justo com ela.

Tudo o que consigo escrever depois daquilo é um pedido desesperado para que ela volte para mim.

Deixo o caderno e a caneta de lado, me deito e fito o teto do ônibus, uma sensação esmagadora de não saber a coisa certa a fazer tornando difícil o ato de respirar. Então, como se eu estivesse em uma sala de cinema, me lembro que foi desta mesma forma que me senti naquela noite e tudo passa diante meus olhos como se fosse um maldito filme...



Já faz dois meses e meio que Serena e eu temos nos encontrado escondidos. Decidimos que assim será melhor, o que as pessoas não sabem elas não opinam, não atrapalham e tudo o que menos queremos agora é alguém se metendo nas nossas vidas.

Ter sido sincero sobre como me sentia a respeito dela foi a melhor decisão que já tomei. Em meio a toda a bagunça da minha família, pensar nela é a única coisa que me impede de ligar um imenso foda-se para a porra da vida.

— Hey, Jus vai sair essa noite? — A cabeça da Dy aparece no vão da porta do meu quarto, pauso o jogo e a encaro.

— Só mais tarde, por quê? — Mesmo que ela tente esconder, vejo a decepção estampada em seu rosto.

— Nada não. — Dando-me as costas, Sandy segue para longe.

— Merda.

Desligo o videogame e vou atrás dela, a encontro entrando no próprio quarto.

— Dy, topa sair e tomar um sorvete? — Seguro seu ombro e a faço se virar para mim. Um pequeno sorriso se insinua em seus lábios.

— Claro, só vou pegar minha bolsa.

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