Justin
Quando voltamos para o carro minha irmã está com uma expressão transtornada no rosto. E acho que não estou muito diferente, o que diabos acabou de acontecer?
Respiro fundo, mas antes que eu fale qualquer coisa Sandy se adianta:
— Juro que quero não pensar que essa coisa toda tem a ver com você, mas está ficando impossível, porque venho notando há semanas que é só falar o seu nome que a Remy age estranho e agora esse surto? — Encaro o painel do carro e dou partida para evitar um embate que é o que tenho certeza que vai acontecer.
Foram anos de segredos muito bem escondidos.
— Jus? — Pela segunda vez em menos de cinco minutos respiro fundo.
— Faça perguntas diretas, por favor — resmungo cansado.
Sempre foi um inferno não saber notícias da Serena e não poder perguntar a minha irmã, eu havia prometido que nunca comentaria nada e foi por isso que nenhuma vez sequer toquei no nome dela com a Dy. Mas chega, acredito que passou da hora de colocar todas as questões na mesa e resolvê-las. E merda, nunca imaginei que Serena fosse reagir daquela forma quando nos reencontrássemos, pensei que fugiria, que evitaria falar comigo, pensei até que ela me bateria, mas que tivesse um surto como teve? Nunca mesmo.
— Vocês se beijaram depois daquele baile. — Não é uma pergunta, portanto não respondo. — Quantas vezes?
— Confesso que jamais pensei em computar quantas vezes beijava alguma namorada. — Um tapa é desferido contra meu braço antes que seu grito agudo soe:
— Namorada?
— Dy, viajei por algumas horas e tudo o que eu mais queria era chegar em casa e tirar um cochilo por que nos últimos dias minha cabeça está uma merda, mas cedi aos seus apelos para o almoço e nem imaginava que reencontraria a Serena assim, e tenho certeza que nem ela gostou dessa sua maravilhosa surpresa, estou com uma puta dor de cabeça e sei que tem centenas de perguntas, mas pode por favor não gritar assim mais? — Ela tem a decência de parecer culpada, mas como eu a conheço...
— Então, que lance é esse de namorada? — Como os planos para o almoço parecem terem sido arruinados, sigo direto para a casa onde ela e nossa mãe moram atualmente.
— Aquele cara ainda está morando com vocês? — pergunto e vejo-a tomar um impulso, obviamente para dizer que estou fugindo do assunto, mas desiste e fala:
— Não, mamãe não está mais com ele há algum tempo, mas agora tem outro. — Bufo irritado, mas não surpreso. Parei de me surpreender com a minha mãe tem já tem alguns anos. — Relaxa, ele só apare aos finais de semana.
O suspiro que deixo escapar é em parte alivio e uma ainda maior de desgosto, pois sei que não sairei deste carro sem um extenso interrogatório. Mesmo que eu esteja cansado de fingir nunca ter tido nada com a Serena, ser questionado pela Sandy não é uma coisa que eu desejaria depois da semana infernal que eu tive. E certamente não também depois de ter magoado pela segunda vez a melhor garota que já conheci. Ainda que desta eu seja inocente.
— Naquela noite do baile quando a buscamos em sua casa e ela saiu no portão... aquela foi a primeira vez que a notei. A primeira vez que realmente a notei, como tinha crescido, como estava linda... — Dy suspira.
— Isso é tão fofo! — Ignoro-a e completo:
— Mas então você nos abordou no baile e falou aquelas coisas, me senti pressionado e a evitei por semanas. — Mesmo depois de tanto tempo vejo que foi uma atitude muito idiota. Teria nos poupado tanto tempo! — Mas não resisti e em uma noite que ela dormiu lá em casa a chamei para conversar, depois que nos beijamos eu não consegui sequer olhar para outra garota, ou parar de desejá-la. Veja bem, eu tinha vinte anos e deveria estar transando, caralho eu tinha uma banda e em noites de show centenas de garotas se jogavam aos meus pés, mas eu as olhava e só conseguia compará-las à Serena.
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Free Fall
عاطفيةJustin Ward na minha vida se equivale a um fenômeno da natureza. Aqueles que simplesmente chegam sem avisar, fazem uma bagunça enorme e de repente se vão. Seis anos e achei que tudo era passado, até que ele reapareceu na minha frente. Até que ele me...