Capítulo 2 - Apenas vire cinzas

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Em uma sala um tanto que desarrumada, uma garota aparentando ter uns quinze anos estava deitada em meio aos escombros, essa garota era Ana que ainda estava desacordada depois de testemunhar a morte de seu irmão.

Suas pálpebras de repente começaram a tremer, como um sinal de que ela estava prestes a acordar.

— MATEUS NÃO!!! – Um grito extremamente ensurdecedor pode ser ouvido.

Assim que Ana acordou ela olhou ao seu redor e percebeu que não estava mais no centro da cidade, logo ela se lembrou do que havia acontecido com seu irmão, que ele agora estava morto e tudo isso era culpa dela por ter decidido ir para mais longe e principalmente por não ter sido forte o bastante para poder salva-lo, se sentindo muito culpada Ana se senta, ela coloca a cabeça entre as pernas e começa a chorar.

Entre suas lagrimas e seus soluços ela ouve o som de passos proximo a ela e vê uma pessoa entrando na sala em que ela se encontrava, era o garoto que aparentemente a havia salvado.

Olhando para o garoto que salvou sua vida, mas que também transformou o corpo do seu irmão em cinzas, sentimentos complexos passaram em sua mente.

— Por que? – Ana perguntou de repente com o rosto cheio de lagrimas, olhando para o garoto de semblante frio que parecia nunca a ter olhado nenhuma vez desde o encontro com os filhos das bestas.

O garoto continuo a andar até o centro da sala onde se encontrava uma poltrona, ele finalmente para em frente dela e se senta, ao se sentar ele finalmente olha para o rosto de Ana que apesar de estar totalmente sujo e com seus cabelos que aparentemente era para ser louros estavam bastante sujos dando um ar de que ela morava realmente na rua, mesmo assim ela ainda aparentava ser linda.

— O que você quer dizer? – O garoto respondeu a ela com outra pergunta.

Sua voz ainda continha um tom profundo e frio, praticamente não demonstrando nenhum tipo de sentimento.

Ana por um momento não disse nada tentando engolir o choro.

— Por que você me salvou? por que você não salvou meu irmão também?

O garoto semicerrou seus olhos enquanto a encarava, parecia um tanto que intrigado com as seguintes perguntas, olhando para os olhos dela ele disse.

— Não era minha intenção salvar nenhum dos dois, afinal eu não sabia da existência de vocês naquele lugar. – Disse de forma fria e indiferente, desviando o olhar ele continuou. – Meu único objetivo esta noite era eliminar os cães infernais e talvez chamar atenção por essas bandas, salvar você foi por puro capricho do destino.

Ana pareceu um pouco surpresa com a resposta do garoto, mas ela não o culpava por não ter salvado seu irmão, afinal ela se culpava pelo que aconteceu.

— Você é um mudado, é um dos capangas do Diego? - Ana perguntou mais uma vez, dessa vez para saber se o garoto era um dos capangas do Diego um mudado que tinha formado seu grupo de bandidos a alguns anos e aterrorizava as cidades cobrando uma taxa para proteger as famílias dos filhos das bestas, e se alguém não pagasse a taxa exigida por ele, ele acabava por matar a pessoa, esse era um dos motivos de Ana e seu irmão tentarem encontrar comida o suficiente, pois comida era a taxa para o bando do Diego e seu bando.

Olhado para Ana parecendo um pouco surpreso ele respondeu.

— Não, eu não sou um capanga desse homem, sou apenas um simples viajante que no caminho encontrou um bando de cães infernais. E eu quis me aquecer um pouquinho com eles - Fez uma pausa – Se você já se sente melhor, acho que já pode voltar para a sua casa. - O garoto respondeu se levantando de repente, parecia que estava sentindo algo, mas Ana não prestou atenção a esses detalhes.

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