Conto - "Deuses ou Criaturas"

DEUSES OU CRIATURAS? Parte - 2

A colossal criatura possuía os olhos azuis luminosos como trovões, seus tamanhos eram modestos, comparados a seu crânio, mandíbula e maxilar projetados anteriormente, suas escamas eram mescladas em tons metálicos de azul, prata e cinza, como os céus tempestuosos e os rochedos das regiões, sua envergadura mensurava por volta de um décimo da montanha em que se encontravam, isso sem acrescentar à sua escamosa e prolongada cauda, decerto poderia com ela envolver e esmagar cinco das bestas Paradyus hospedeiros já adultas, seus membros inferiores e superiores eram curtos e rijos, porém munidos com garras e presas afiadas e pontiagudas, como lascas das rochas azuis, grandes o bastante para matar qualquer criatura viva daquelas regiões, e facilmente mutilaria um hibryano em uma única investida de ataque, as suas asas eram imensas e imponentes, formadas por ossos articulados, revestidos por musculaturas unidas a couraças membranosas e flexíveis, ainda que espessas, se as expandisse poderiam projetar sombras que encobririam de cinco a seis casebres da tribo.

Já a algum tempo ajoelhado sobre aquele solo lamacento, coincidentemente como se prestasse reverência ao ser bem a sua frente, de onde Shakar pode comprovar sua magia e supremacia, ao reparar como as nuvens acompanhavam seus movimentos, seu peitoral se expandia reluzindo fortes clarões a cada respiração e raios projetavam-se de sua boca, lembrando o hibryano sobre o que sempre diziam seus ancestrais, que acreditavam que a criatura celestial fosse uma das divindades de seu planeta, detentora dos raios, trovões, ventos e tempestades, o soberano dos céus hibryanos, e o "Deus das Tormentas".

Ainda que possuísse um porte imponente e colossal, a criatura posicionou-se flutuando suspensa no ar, com o bater sequencial de suas enormes asas de forma lenta e potente, dissipando as nuvens que tomavam parte da região, observando o local sobre os rochedos, em seguida descendo gradativamente, possibilitando-o logo pousar sobre o terreno.

O jovem hibryano receava à enorme criatura, mas também estava determinado a recuperar o artefato, e essa determinação transformou-se em coragem, e a coragem em ação, que o fez aproximar-se lentamente em sua direção, e a cada movimento metódico que realizava, conquistava a distância necessária para concluir seu objetivo. No entanto, a criatura parecia imitar os seus movimentos, ao mesmo tempo em que aos poucos também se aproximava cada vez mais do hibryano.

Observando sua aproximação com os seus atentos e focados olhos acinzentados, Mankay já se preparava para um possível combate e mentalmente pedia forças aos seus ancestrais, ao mesmo tempo que apontava sua lança de ponteira de hibrídyun azul, pronto a lançá-la na direção da imensa fera, prevendo que ela partisse em suas direções. O que provavelmente seria um ataque ineficaz do hibryano, devido ao grande porte da fera celestial.

— Se ele se aproximar mais vou ataca-lo! — Disse Mankay, em tom ameaçador.

— Não! Estou bem próximo de pegar a pedra.

O jovem Shakar seguiu então rastejando mais alguns passos, chegando tão próximo da pedra a ponto de poder tocá-la, e a assim o fez. Mas no mesmo instante em que os dedos do hibryano tocaram o mineiro esférico, a criatura movimentou-se bruscamente se elevando no ar, proporcionado com apenas duas batidas de suas asas, e em seguida planou com sutil leveza contrastando com o seu porte, e pousando a pouco menos de dez passos dos jovens que voltaram às pressas para o esconderijo, mas agora, atrás dos rochedos convexos.

Os hibryanos se entre olharam com expressões distintas, expostas em suas faces que tentavam esconder seus temores, mesmo que em nenhum momento tivesse passado por suas cabeças fugir do local. Na verdade, as suas permanências naquele território já não tinham mais as mesmas motivações.