Capítulo 3 - Uma Torta, Um Café e Uma Ideia

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- Até que enfim vocês chegaram! Pedro já acenando do balcão, feliz com a chegada de Fernando e Sabrina no Café Literário em que trabalha. Ali era um verdadeiro point dos jovens. Havia uma pequena livraria. E Pedro aproveitava seu ouvido musical para fazer a trilha sonora daquele ambiente.

- Você sabe né Pedro? Estou aqui com uma condição. Sabrina se ajeitava perto do balcão e piscava o olho como se fosse um segredo só deles.

- Chantagista! Eu já vi esse filme! Pedro lembrava de sua irmã Marina, a verdadeira Srta Popularidade da escola que estudavam.

Pedro abaixou e tirou um pedaço de torta de chocolate, mas daqueles que a gente só vê nos filmes e ainda regou com calda.

- Pronto agora sou toda ouvidos e ainda trouxe meu servo! Senta aí! Apontando a colher pra Fernando que não prestava atenção, apenas olhava o local tentando avistar Sophia.

Sophia era a melhor amiga de Marina, portanto as duas eram as garotas mais populares da escola, era uma amizade estranha, na verdade uma disputava com a outra os holofotes que o ensino médio trazia sobre elas.

- Ela não está aqui rapaz, senta aí. Vamos ao que interessa. Pedro pegava o ombro de Fernando e o fazia sentar.

Pedro era a verdadeira definição de hiperatividade, só não conseguia estar em dois lugares ao mesmo tempo, mas quando acreditava numa idéia. Já era! Ele contagiava todos à sua volta. E cada projeto era sempre pra lá de inusitado, ia desde apoio à novos escritores, parcerias com bibliotecas, divulgação de bandas... Tudo que era possível, segundo ele, a deixar a sua marca pessoal no mundo.

- Então preciso da ajuda de vocês. Está chegando o Natal e estou como voluntário num Abrigo, estamos arrecadando donativos para uma Ceia de Natal e itens de higiene pessoal. Na verdade mais do que isso, preciso da presença de vocês lá.

- Na noite de Natal? Disse Fernando agora totalmente focado no papo.

- Já sabe como essa notícia irá agitar lá em casa né? Sabrina terminava o último pedaço da torta. Pedro você acaba de conseguir 4 ajudantes!

Após toparem o convite de Pedro, Sabrina estava saindo de braço dado com Fernando do Café quando chegaram na calçada, observaram uma senhora que transitava com um carrinho de mercado. Não dava para ver o que havia dentro do carrinho porque estava meio escuro.

- Vou pegar um café lá dentro, fica de olho nela Sabrina.

Fernando retornou ao balcão e pegou um café e um sanduíche, não teve tempo de conversar com Pedro desta vez, pois seu amigo já estava tentando conseguir mais apoio para seu novo projeto. Era impressionante como Pedro conseguia a atenção das pessoas. Nessas horas o Sr. Alfredo, o dono do Café e pai de Pedro, não gostava nem um pouco de ver clientes sem o devido atendimento.

- Ela tá ali, deixa que eu entrego. Vaí lá buscar o carro. Sabrina pegou as coisas da mão de Fernando e foi entregar.

Sabrina ficou desconcertada quando se aproximou, afinal a velhinha não era tão senhora assim, o rosto sujo, roupas largas e antigas e olhos pareciam estar inertes. Sem ação ela apenas entregou, à então "jovem senhora" que fez um gesto que valia como um agradecimento e virou as costas.

- Ah Nando, que bom que vamos ajudar o Pedro, me corta o coração ver esse tipo de situação. O carro começava a ganhar a pista e Sabrina continuava acompanhando a velhinha que entrava num beco que dava atrás do Café.

- Ela não veio, tá difícil... Fernando suspirava e não percebia os comentários de Sabrina.

- Eu já disse para você desistir da Sophia! Ela não passa de uma patricinha metida e fútil, sabe um buraco negro? É isso! Ela arrasta todos em sua órbita e os devora... Sabrina nunca gostou de Sophia e mesmo chateando Fernando com seus comentários, ela faria de tudo para proteger seu irmão.

- Ok Sá, agora vamos pensar na reação ao convite lá em casa, quando eles souberem que vamos passar a noite de Natal ajudando o Pedro no Abrigo! Rapidamente Fernando mudou o tom do papo.

Sabrina começou a rir.

- Já estou vendo a Dona Audrey passando a tarde ligando para todo mundo pedindo ajuda! Falando nisso, já esta mais do que na hora de irmos até o Orfanato. Temos que levar flores para a Filó... Sabrina ficava desenhando no vidro esfumaçado pela friagem que fazia lá fora.

- Pois é, já faz um tempo que não vamos até lá, mas agora com as férias, teremos tempo livre de sobra. Sinto falta daquela tranquilidade e calmaria. E da Filó, eu sempre sentirei saudades, até porque em seus últimos dias ela tentou buscar informações sobre a minha mãe. Acho que como uma missão de gratidão por todas ás vezes que papai e mamãe prestavam socorro.

- Imagina a cara do pai! Tô doida pra ver o show do cartão de crédito estourado e aquela voz dele de Fred Flintstone chamando a mãe. Sabrina pegou um panfleto dentro do carro e imitava Marcos.

- Eu não estourei o limite! Vamos dizer que foram gastos devidamente justificados! Fernando estacionou o carro, e os dois ficaram olhando as luzes externas da casa que contornavam a porta de entrada, as janelas e passavam pelo telhado da varanda.

*Obrigado pela leitura do 3º Capítulo - Pode comentar no espaço abaixo! ;)

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