"Eu nunca perco o sono por meus inimigos. São meus amigos que me mantém acordado"
Passei algumas semanas pulando de país em país, vagando, sem destino, sem ter para onde ir. Estava a caminho da França quando o encontrei na fronteira, sendo emboscado por alguns soldados da Hydra. Fiquei extremamente surpresa ao ver o Soldado depois de tanto tempo, principalmente nessa situação. Meu primeiro instinto foi ajudá-lo, é claro
Começei com uma pequena tempestade de neve, apenas para distraí-los e dar tempo para o Soldado sair da sua mira, quando isso aconteceu, finalmente pude começar a brincar. Eles se espalharam, o que me deu a chance de usar o toque criocinético em um, sobrando três, depois, atirei na cabeça de dois, e usei a feitiçaria invernal para congelar o terceiro de dentro para fora.
- Elegnoc — E ele jazia morto. Ao ouvir a palavra, o Soldado finalmente entendeu que era eu a sua misteriosa salvadora, e sorriu tristemente
- Polarys Scotty. Vejo que conseguiu deixar a Hydra — Foi a minha vez de sorrir, ainda sentindo a alegria de finalmente ser livre
- Faz um bom tempo, Soldado, ou devo dizer Bucky? — Ele me olhou, sem entender como sabia seu nome
- Como você...?
- Pietro e Wanda acabaram me achando. Steve estava com eles e acabou comentando — Respondi, o cortando. Steve adoraria saber onde ele está
- Então foram eles. Polarys, sinto muito por não ter ido atrás de você quando tive a chance — Neguei com a cabeça, o que fez Bucky me olhar, sem entender
- Eu não te culpo. Sem saber direito quem é, com o peso de todas as suas missões nos ombros... Você fez o que tinha que fazer — Sim, eu estava extremamente feliz em rever o meu "irmão" mas entendia por que fez o que fez, e o importante é que agora eu também estava livre
- Mas me conte... Como te sido estar livre? — Questionei, interessada
- A maioria das pessoas tem dias bons e dias ruins. Para mim está mais para horas boas e anos ruins — Bucky confessou, triste
- Se lembra deles? — Perguntei, ignorando o clima pesado que havia se instalado
- De cada um deles — Ele respondeu, ainda mais triste do que eu
- Sinto muito. A Hydra não tinha o direito de fazer aquilo com você. Com nenhum de nós — Ele assentiu, com um pouco de raiva
- Mas e agora? Quer dizer, estamos livres depois de tantos anos. O que planeja fazer? — Perguntei, tentando aliviar um pouco o clima
- Estou fugindo. Se a Hydra me capturar e falar as palavras certas... Seria o caos — Dei um sorriso mínimo, não teria mais que ficar sozinha
- Bom, então somos dois — Ele levantou uma sombrancelha, me questionando
- Eu também não tenho para onde ir. Faço coisas ruins, e as faço muito bem, mas essa coisa de herói... Não é para mim — Era a triste verdade, eu fui criada para matar, era tudo o que eu sabia fazer, era a única coisa para que servia
- Você sabe quem é, já está um pouco melhor do que eu — Revirei os olhos com a afirmação de Bucky
- Eu sei quem a Hydra queria que eu fosse, mas não quem eu realmente sou — Ele concordou, estávamos em uma situação extremamente semelhante
- Acho que devemos ficar juntos, se nos unirmos será mais difícil para a Hydra conseguir nos recapturar — Fora que eu não estaria mais sozinha
- Polarys... Eu sou perigoso, não me perdoaria se te machucasse — Achei fofa a preocupação, embora tenha me sentido um pouco desconfortável com ela. Entretanto, sei que Bucky não seria capaz de me machucar
- Você não vai, posso te conter, se necessário. Precisa confiar em mim e em si mesmo — O olhei com ternura, por anos, Bucky foi a única coisa boa da minha vida, meu irmão mais velho, o único que me protegia dentro daquele inferno. Era hora de retribuir o favor
- Tem certeza? Existem pessoas que te amam aqui, não posso te condenar a uma vida em fuga — Ele tentou novamente, mas balancei a cabeça, negando
- Para onde você for eu vou atrás. Estamos juntos nessa — Bucky deu um sorriso mínimo, o que me deixou imensamente feliz
- Quem diria que um dia acabaríamos assim? Um idoso com um braço de metal e uma máquina de matar congelada fugindo da Hydra juntos — Ele sorriu ladino, e eu também
- Não consigo imaginar função melhor para os meus poderes — Peguei minha mochila e minha Harley, Bucky fez o mesmo
- E para onde agora, Srta. Scotty? — Pensei por um momento, poderíamos ir para literalmente qualquer lugar do mundo, por que somos livre para tal
- Bem, eu sempre quis conhecer a Itália. Dizem que veneza é linda nessa época do ano — James sorriu, acho que, pouco a pouco ele estava deixando de ser o Soldado Invernal e voltando a ser o velho Bucky, aquele que fora congelado a quase setenta anos atrás***
Quase um ano se passou, estava tudo dando relativamente certo, havíamos sido encontrados poucas vezes e eles nunca haviam conseguido reativar o Soldado. Já havíamos passado por Budapesté, na Húngria, por Praga, na República Tcheka, Sófia, na Bulgária e atualmente estamos em Bucareste, na Romênia. Era por volta de 03:00 da manhã, e eu continuava acordada, pensando. Tentava conseguir perdoar Wanda e Pietro, seguir em frente, mas eu não conseguia superar o abandono deles, até que ouvi Bucky tendo mais um de seus pesadelos, e é claro, fui até ele
- Bucky, acorde, não é real — Ele finalmente acordou, mas não parecia melhor
- Polarys? O que faz acordada? — Dei de ombros, é claro que ele perceberia
- Apenas pensando. Com o que sonhou dessa vez? — Indaguei, tentando esconder a minha curiosidade
- As pessoas que matei. Vejo os seus rostos, elas me chamam de assassino. Ironicamente, elas tem razão — Bucky suspirou, triste
- Você não é um assassino. A Hydra não te deu escolha, estava sendo controlado! Não havia como mudar as coisas — Disse, tristemente. Enquanto Bucky só fez o que fez por estar sendo controlado, eu não tenho como usar essa desculpa para me sentir melhor. A Hydra me criou para ser assim, fria e sem sentimentos, uma assassina sem passado
- Como consegue não se sentir culpada por tudo o que fez? — Bucky perguntou, esperançoso, eu dei de ombros, respondendo
- Aprendi que a melhor forma de não se machucar é fingir que não tem coração — E sai de lá, indo dormirNo dia seguinte, vi na TV o que Wanda tinha feito. Romlow, um infiltrado da Hydra na SHIELD havia tentando explodir Rogers, e Wanda tentou controlar a explosão com seus poderes. Entretanto, ela não havia conseguido, e acabou soltando dentro de um prédio, o que resultou na morte de onze Wakandanos
Ao ver isso, no mesmo momento desliguei a TV e arrumei algumas coisas
- O que está fazendo? — Questionou Bucky, sem entender nada
- Tenho que voltar e falar com Wanda — Respondi, já procurando uma forma de deixar a Romênia
- Achei que não conseguisse perdoa-lá — Ele continuou, e eu suspirei
- E não perdoei, mas não vou deixá-la sozinha em um momento como esse. Conheço Wanda, ela vai se culpar, e vai piorar se a mídia continuar colocando toda essa culpa nela, quando não foi. Preciso falar com ela — Bucky enfim entendeu e concordou
- Boa sorte — Me surpreendendo completamente, Bucky me abraçou
- Obrigada, eu vou precisar — Sorri levemente e sai do pequeno apartamento
Eu não me sentia pronta para rever Wanda, mas era necessário, por que por mais que eu quisesse odiá-la e por mais que tentasse, eu não conseguia. Nem por um minuto, nem apenas por odiá-la, por que no final ela sempre seria Wanda Maximoff, a única pessoa que eu realmente amei
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Daughter of North - Wanda Maximoff
Ficção GeralA Filha do Norte, Rainha da Neve, Bruxa do Gelo, Princesa do Inverno. Todos nomes conhecidos por caracterizar uma mesma pessoa. Polarys Scotty não nada mais do que uma arma da Hydra, e ela tinha plena noção disso. Abandonada por aqueles que juraram...