40 - Perfeito

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Era uma terça-feira a tarde estranhamente sublime, o que devia ter me atentado para o fato de que algo não estava certo.

O sol iluminava o dia em todo seu esplendor em um céu sem nuvens, seus raios fazendo reflexo nas ondas claras do mar. Mais bonito que tudo isso, era Dylan, o cabelo molhado e um sorriso no rosto conforme ele emergia de outro mergulho e olhava para mim, logo depois de passar as mãos nos olhos – nem a maresia era capaz de me fazer bambear do jeito que aquele sorriso fazia.

Depois da escola, nós decidimos passar o dia tomando banho de mar, porquê, apesar de morarmos em uma cidade praiana, nunca incluíamos isso aos nossos planos. Amy, Matthew, Finn e Naomi nos acompanharam, e agora se encontravam devorando bolinhos de bacalhau comprados no quiosque enquanto eu e Dylan brincávamos na água como crianças.

– Não acha que seu biquíni é um pouco indecente demais? – Dylan disse, e eu me virei para olha-lo de uma vez só, o que o fez rir: – Estou brincando.

– Não brinque com coisa séria, Dylan. – Falei, implicante. – Estamos no meio do mar, é quase fácil demais te matar afogado aqui.

– Você sabe que, em qualquer circunstância, seria a primeira suspeita da minha morte, certo?

– Você é Dylan Chase, o prefeito provavelmente me daria a chave da cidade se eu fizesse esse favor a parcela feminina da sociedade.

Como resposta, Dylan chegou mais perto, me puxando pela mão conforme pulávamos outra onda pequena, dizendo com um sorriso de lado:

– Sou assim tão perigoso?

– Acho que eu neutralizei a ameaça que você representa. É um fardo que carregarei comigo pelo resto da vida.

– Esse é o pedido de casamento mais estranho que já ouvi, mas eu aceito.

– Engraçadinho.

Mostrei a língua para ele, que me beijou enquanto sorria, fazendo com que quase fôssemos engolidos pela próxima onda. Entre um caldo e outro no mar, eu me deitei de barriga para cima na água clara, boiando, olhei para os raios de sol se misturando ao garoto que eu amava, enquanto ele sorria para mim, e percebi que estava feliz.

Outro sinal de que algo não estava certo.

Depois de me cansar da água, decidi ir até meus amigos enquanto Matthew tentava ensinar Dylan a surfar, porque Matthew era bom em surfe e Dylan queria dominar todas as habilidades do universo, ou algo do tipo. Conforme me encaminhava para a areia outra vez, gritei para Dylan:

– Só não quebre nenhum osso.

– Eu senti um tom de preocupação na sua voz? – Ele gritou de volta, debochado, ainda sorrindo.

– Não! – Rebati. – Só não quero perder minha carona.

Cheguei perto dos meus amigos e parei um segundo no sol para apreciar a cena: Naomi, usando um maiô preto tão aberto dos lados que mais parecia um biquíni deitada em uma cadeira de praia com um chapéu gigante sob o rosto conforme pegava sol como uma verdadeira dondoca; Amy, lendo um livro sentada na areia na sombra que lhe restava do pequeno guarda-sol que ela dividia com Finn; e por último, meu amigo, mais claro do que a areia, usando um óculos de sol e com as bochechas brancas de protetor solar conforme se escondia do sol como se fosse um vampiro.

– Esse é um grupo de pessoas mais esquisitas que eu já vi na praia. – Falei, me sentando numa cadeira ao lado de Naomi, eu usava um biquíni preto simples e tinha o cabelo embolado pela maresia de um jeito que fazia Amy me olhar com certa pena.

– Eu não gosto de bronzeamento artificial. – Naomi disse, como se isso explicasse tudo.

– E eu e Amy não gostamos de bronzeamento no geral. – Finn rebateu, olhando para mim através de seus ray-ban preto com superioridade conforme se reclinava na cadeira de praia.

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