Pequenos acontecimentos geram grandes mudanças.

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Você já parou pra se perguntar por que? Parece uma pergunta bem nada haver né, mas pra mim ela é bem essencial.
Pergunte-se por que as vezes, por que eu falo assim? Por que eu penso assim? Por que eu creio nisso?  Pare um pouco e se questione isso é algo importante pra qualquer um e foi o que mudou a minha vida, mas como isso poderia mudar a vida de alguém?

... Depois de algumas semanas os assuntos foram se aprofundando e cada dia mais pessoais, mais íntimos. Por favor não confundam essa intimidade os assuntos eram íntimos sim, mas só por que eram pensamentos nossos que ninguém mais sabiam e talvez nem entenderiam até que começaram a vir os "por quês", começaram a vir os questionamentos próprios e relacionados ao nosso redor também como amigos, conhecidos, personalidades famosas e até o sistemas sociais como político e religioso, e disso vieram várias desconstruções e várias mudanças pessoais e que nem a gente estava entendendo como estavam surgindo.
Um dia conversando por mensagens estávamos falando sobre as dificuldades de ter pensamentos um tanto quanto revolucionário em uma família muito conservadora, falávamos sobre toda a repressão e não aceitação deles até que eu soltei a mensagem que praticamente mudou as nossas vidas.
... as vezes a vontade é só de juntar as coisas, botar em uma kombi é sair rodando por aí kkk.
Essa mensagem mudou tudo, no outro dia na escola Aurora chegou perto de mim e disse que o sonho dela era ter uma kombi e viajar por aí, aquilo foi simplesmente maravilhoso, como que até nisso podíamos ser tão parecidos? Foi quando ela me disse que assistia vídeos de uma mulher que viajava super barato e sem gastar quase nada levando suas coisas em apenas uma mochila e me perguntou se eu já sabia o que era um mochilão. Eu não fazia mínima ideia do que era aquilo, nunca nem tinha ouvido falar.
Assistimos o vídeo e era simplesmente maravilhoso, ela viajava sozinha com todas as suas coisas em uma mochila, fazia o que ela gostava, não tinha preocupações além da básicas, não trabalhava em um emprego com pessoas que ela odiava, aquilo era simplesmente perfeito.
Algum tempo depois estávamos na escola em um dia como qualquer outro na mesa da cantina onde estudavamos a tarde e ela resolveu brincar comigo.
- Vamos fazer um mochilão? 
Caramba meu coração disparou, a gente nem podia ter aquele assunto a final de contas eu tinha namorada e isso era errado principalmente para meus princípios mas naquele momento eu nem pensei nisso, só disse que íamos e aí começou a brincadeira. Fomos para a biblioteca pegamos o livro de geografia, abrimos em um mapa do Brasil e ficamos planejando nossas viagens, nada sério é claro, por mais maravilhoso que estivesse sendo sonhar com algo assim era claro que era brincadeira e aquela empolgação toda não poderia mudar isso, a gente mau se conhecia, eu namorava, ela não queria saber de namorado na vida, mas a brincadeira eram dois bons amigos saindo pra viajar.
A brincadeira continuou meio que como o assunto nosso que ninguém podia ouvir e isso só intensificou nossa amizade, estávamos sempre os dois conversando coisas que ninguém ouvia, o que virou até motivo de brincadeiras e maldades na sala, mas a gente não ligava, era simplesmente maravilhoso não tínhamos por que nos preocupar, até começamos a sentar junto na sala de aula, ninguém sentava assim e a gente simplesmente fez, sentavamos juntos todos os dias e em todos os horários, era uma amizade incrível e ninguém queria que acabasse, por mais que fosse só um sonho "bobo" e uma brincadeira ninguém queria perder aquilo.
Não posso mentir, por mais que não fosse certo aquilo era simplesmente maravilhoso, ninguém era como ela, mas isso acabou gerando muita confusão na sala de aula e consequentemente na minha casa o que só aumentava minha revolta, meus pais diziam que não poderiam sair fofocas minhas com ela por sermos amigos porque eles eram pastores e eu tinha namorada e isso não ficava nada bem pra eles. Isso me trouxe uma enorme revolta, eles só estavam preocupados com a imagem deles e eu nem queria ir a igreja, mas eu não tinha nem como dizer isso, ninguém ia aceitar, eu era praticamente obrigado a participar de algo que eu não concordava em nada.
Essa revolta toda não podia trazer bons resultados de forma alguma. Pra eles né!?  Em um dia qualquer na escola estávamos conversando e brincando sobre nossas viagens quando surgiu o pensamento de pena por não podermos ir e que por mais que a gente quisesse ninguém ia deixar, foi aí que eu vi que a coisa estava mesmo ficando séria. Aí eu simplesmente olhei para Aurora e fiz a pergunta que mudaria definitivamente nossas vidas.
- Vamos fugir?

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