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Supercut - Lorde


Estou agora no meu quarto me decidindo entre as poucas "roupas de sair" que trouxe para Jangada. Não tenho muitas opções, só uma camisa branca, bermuda jeans preta e um tênis também preto.

Como eu sou estiloso. 

Não paro de pesquisar no meu celular "como ir bem em um encontro" porque obviamente eu nunca fui em um, mas os resultados não são muito interessantes.

Depois que voltamos da praia Gustavo me mandou um mensagem dizendo que vai bater na minha porta às 05:00 para irmos, ainda são três e meia e eu já estou arrumado. Fico olhando para minha janela que fica de frente para o mar e a rua que agora está lotada de turistas.

Uma batida na minha porta me tira do meus devaneios, viro a cabeça para trás e vejo meu pai na porta.

- Fiquei sabendo que você vai sair com o filho mais velho do Paulo.

Ele entra mais no meu quarto e se senta na cama.

- Sim, ele me chamou para ir no cinema.

Digo totalmente sem jeito, nós nunca conversamos antes sobre meus encontros, porque obviamente eu nunca tive um. Acho que é nesse momento que o pai tem que aconselhar o filho, (muito provável que é armação da minha mãe) e pelo esforço que meu pai tá fazendo percebo que é isso.

- Bom, tome cuidado sabe... Na rua.

- Não se preocupe pai, vamos tomar cuidado.

- Sim, eu sei que vão. Eu só quero dizer que...

Ele olha diretamente para o chão sem jeito. Entendo essa dificuldade do meu pai, ele foi criado em uma família extremamente rigorosa e preconceituosa, depois que eu me assumi ele sempre ficou sem jeito para falar comigo sobre outros meninos, mas sempre deixou claro que me ama do mesmo jeito e não voltou mais a tocar no assunto. Então ele vir falar comigo sobre tomar cuidado na rua mexe um pouco com meu emocional.

- Você quer dizer?

Me sento ao lado dele com cuidado, nesse momento ele me olha com lágrimas nos olhos e diz:

- Quero que você se diverte, só isso, não ligue se alguém olhar feio para vocês, mas também não revide. Na verdade, se você quiser eu posso ir com você, claro que eu não vou atrapalhar, posso acompanhar de longe.

Assim que vejo meu pai chorando o agarro para um abraço apertado.

- Obrigado pai, não se preocupe nós vamos tomar cuidado.

- E...

Ele se embola para falar no meio das lágrimas.

- Eu sei que o filho do Paulo é uma boa pessoa. E se vocês forem fazer alguma coisa. - Ele olha para mim timidamente - Usem preservativo.

Explodo em uma gargalhada, olho de novo para meu pai e vejo o alívio estampado no seu rosto.

- Tudo bem pai, vou me cuidar não se preocupe. Obrigado pela preocupação.

- Eu te amo muito meu filho, é só que é difícil para mim falar sobre essas coisas, lá em casa eu nunca tive alguém para conversar comigo assim.

- Parece que você se saiu bem.

Brinco e olho para o relógio do meu telefone.

- Então, eu só queria dizer isso. Agora vou deixar você se arrumando.

Ele sai do meu quarto e vejo que deixou um pacotinho de preservativos na minha cama, começo a gargalhar de novo com a situação, mas entro em desespero.

Quero férias, praia e um romance clichêOnde histórias criam vida. Descubra agora