[fluffy]
SINOPSE: Era de costume que, em todos os jantares de sábado, Do Kyungsoo inventasse um novo sabor para as receitas de seu namorado, Kim Jongin. Entretanto, nesta noite em específico, um sabor marcante e especial ficou cravado no coração de ambos os rapazes.
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A sensação exultante de quê logo Kyungsoo estaria em sua casa fazia Jongin sorrir inconscientemente, mesmo que estivesse cortando cebolas; adorava cozinhar para seu namorado, mas gostava principalmente quando o mesmo inventava novos sabores. Sábado passado, quando preparou guacamole, Do nomeou o sabor predominante com nadiante (nada+contagiante), pois segundo ele, ao mesmo tempo que havia o sutil gosto da crueza dos ingredientes, conseguia vê-los explodindo em delícias ao fundo, então, a vontade de provar mais vez — mesmo que de primeira parecesse estranho — era plausível. Sim, ele era bastante absorto, mas Kim não poderia admirar mais, sempre adorava observar as expressões do rapaz mais velho enquanto comia, parecendo arquitetar o melhor dos nomes e as melhores conclusões ao fim da refeição, apenas para divertir Jongin.
O som da faca se chocando à madeira misturou-se com as batidas na porta, o cozinheiro de prontidão abriu-a, eufórico.
— Hm, uau. Você fica uma delícia de cueca e blusão. —Kyungsoo comentou com um sorriso travesso nos lábios, e logo em seguida cumprimentou seu namorado com um selar. Este permitiu sua passagem e fechou a porta.
— Vai dizer isso em absolutamente todas as vezes que eu estiver de blusão e cueca? —Perguntou numa falsa repreensão, assistindo Do jogar sua mochila ao lado do sofá.
— É involuntário. O que está cozinhando? Me sinto criativo hoje. —Indagou ao mesmo tempo que acompanhava o namorado até a cozinha.
— Como se você já não fosse todos os finais de semana.
— Mas hoje me sinto especialmente criativo, sabe? A cabeça fervilhando de ideias. —Sentou-se à mesa, observando o outro cozinhar de costas para si.
— Deve ser seu dia de sorte, porque estou fazendo batalhoada, uma receita com pimentões, cebola, batata, cenoura... Diversos sabores. Quero saber qual será o nome da junção de todos eles.
— Você não perde por esperar.
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— Então, como foi a semana? —Jongin perguntou, acariciando os cabelos negros de Kyungsoo, o encarando com olhos que transbordavam carinho.
A batalhoada assava e nesse meio tempo o casal deitou-se à cama de casal, no único quarto da casa. Descalços e abraçados.
— Cansativa é a palavra que define melhor
— Como sempre...
— Infelizmente.
— Problemas com a faculdade?
— Ah, é com tudo, na verdade. Faculdade, trabalho, meus pais... Sabe como é, eles insistem em lhe conhecer, mas sei que irão me infernizar caso aconteça. A faculdade se tornou insuportável, minha concentração está sinceramente uma bosta, no trabalho Baekhyun não cala a boca e vive falando sobre astrologia, eu lá quero saber sobre signos e ascendentes! Ele é fofo, mas muito chato.
— Sobre sua faculdade, é algo muito simples. Você pode apenas trancar. Kyungsoo, literatura se tornou insuportável para você, por que continuar?
— Porque batalhei muito por isso, amor. Juntei dinheiro por anos, estudei livros, fóruns, dei o máximo de mim para estar nessa faculdade, eu não posso simplesmente enjoar ou desgostar de literatura!
— Meu amor, você precisa entender que as coisas mudam e isso inclui você, é necessário lidar com as mudanças. Você às vezes se esquece que existe a borracha e ela —de modo bastante figurativo —, vai apagar seus planos e talvez arruinar coisas dos quais você colocou muita expectativa. Esse é um exemplo.
— Espero sinceramente que esta borracha se exploda.
— ... Não é bem assim que funciona. —Gargalhou, sendo acompanhado pelo namorado — Soo, veja bem, pelo quê ando analisando, grande parte do seu estresse e paranóia diária vêm de seus pais, que tagarelam todo dia sobre o quanto você deve se esforçar, o quanto gostariam de me conhecer, o quanto isso, o quanto aquilo, é insuportável! Mas, sabe... Você não precisa necessariamente passar por isso.
— O que quer dizer? —Perguntou após alguns longos segundos encarando os olhos alheios.
— Que você é um adulto e não precisa mais deles. Principalmente, não precisa mais viver com eles.
— É claro que preciso.
— Soo... E-eu. Hm...
— Fala, Jongin, não seja envergonhado.
— ... Eu gostaria muito de ter sua companhia todos os dias.
Kyungsoo permaneceu em silêncio, ainda captando os olhos de Kim, que o encaravam num misto de pavor, determinação e vergonha.
— Mora comigo, Soo. Eu quero poder estar ao seu lado de forma literal e não literal, quero estar por perto em seus problemas diários, quero que, assim como eu, você finalmente tenha um lar sem perturbações, um ambiente saudável e sem pessoas tóxicas. Por favor, amor...
— Meu amor, eu te amo, e aprecio o quê me propõe, mas preciso de um período para pensar, nunca é fácil para mim tomar decisões como essa. —Proferiu suavemente, acariciando o rosto macio de Kim, que claramente estava triste.
— Eu entendo, e te amo. Tudo em seu tempo.
— Exato, tudo em seu tempo.
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— Bom, vamos lá! Qual o sabor do dia? Estou empolgado. —Jongin esbanjava um sorriso no rosto ao mesmo tempo que encarava o namorado, os pratos sujos e já sem comida estavam em suas frentes, assim como os copos igualmente vazios.
— Hm, ok... o sabor de hoje é desarrebatador. Tantos sabores fortes juntos me pegaram desprevinido, em contrapartida, todos eles já eram conhecidos, então o quê para mim parecia um devastador furacão arrebatador, na verdade não era, mas por ter vindo de modo repentino, ou melhor, ter me pego desprevinido, não consegui digerir bem. —Kyungsoo dizia sério demais, com o semblante carrancudo e o olhar fixo no prato. Parecia pensativo. — E, nesse contexto, o sabor desarrebatador não se encaixa apenas em batalhoada, ele também se encaixa no que acho sobre seu convite.
Kyungsoo encarou Jongin profundamente, e voltou a falar.
— A resposta é mais que óbvia, eu quero estar ao seu lado todos os dias e possivelmente pelo resto da minha vida. Jongin, eu quero morar com você, quero poder ver seu rostinho sonolento todas as manhãs, comer seus deliciosos pãezinhos, lhe levar ao trabalho e ganhar um beijinho todos os dias antes de ir ao meu. Quero lembrar de desarrebatador como o sabor especial, do dia em que fiz uma das melhores decisões da minha vida.
— Eu estou sem palavras... Não acredito que batalhoada se tornou uma das minhas receitas favoritas. —Sorriu, divertido. — Eu te amo tanto, Kyungsoo.
Ambos se levantaram e envolveram-se num abraço recheado de afeto e alegria. Desarrebatador com certeza havia se tornado o sabor favorito dentre todos os outros criados por Kyungsoo.
— Eu te amo, Jongin.