Sede do Departamento Federal de Investigação,
Seul, Coreia do Sul.
Dias atuais.
Um zumbido irritante na cabeça tirava-lhe o sossego. O gosto amargo na boca não passava nem depois de tomar três xícaras de café, comer os doces da padaria durante o caminho e fumar mais de quatro cigarros em menos de duas horas desde que havia acordado. Era enxaqueca, dor nas costas, dor no peito e consciência pesada — um resumo perfeito para seu estado nos últimos meses. Nem alguém bom de cama havia dado jeito em um por cento daquela chateação, mesmo que ela tivesse o corpo bonito, soubesse foder gostoso, nada fazia Baekhyun parar de pensar nele por muito tempo.
E a culpa era unicamente sua, sabia muito bem disso. Talvez fosse por causa dessa ciência sobre o que havia feito de errado com aquele garoto, que estivesse afundando cada vez mais na amargura que tinha ficado depois de ter dado as costas sem pensar em como ficaria, em como ele se sentiria.
Chegava a ter inveja de sua colega de trabalho por tanta precisão até respirando, após poucos dias da morte do marido. Ela parecia tão bem, ou melhor, parecia lidar muito bem com aquela situação triste. Estava com um sorriso simpático no rosto, os cabelos arrumados, maquiada e vestida impecavelmente. E ela tinha o perdido sem poder fazer nada, aceitando o ciclo natural da vida. Baekhyun bem sabia que a morte de alguém querido doía.
Mas, esta não era a questão. Estava apenas se comparando com ela injustamente, afinal, seus pais estavam vivos e com saúde aproveitando a aposentadoria por algum país a fora. Ninguém próximo tinha morrido. E estava um trapo por algo que havia acontecido meses atrás, que fez restar apenas o sentimento de culpa no peito. Só tinha sido muito burro e colhido o fruto das palavras ácidas que soltou sem pensar.
Estava jogado sobre a mesa da sala de sua chefe, os cabelos cor de cobre caóticos, a camisa de linho branca amassada e o colete cinza com mancha antiga de pasta de dente. Olheiras profundas enfeitavam sua face pálida, nem se importava com o olhar de desleixo que recebia. Estava se sentindo assim por dentro também.
Mas ninguém atendia suas ligações; ele tinha ido embora e mesmo que batesse diversas vezes na porta do quarto em que ficou por algum tempo no hotel de sua tia, ninguém abria a porta. Ele simplesmente foi embora, e Baekhyun o dava toda razão para fazer isso porque não passava de um escroto sem coração que só pensava no próprio umbigo.
Apoiando o cotovelo sobre o tampo da mesa, olhou além da parede de vidro da sala de sua chefe, assistindo à movimentação no salão do departamento — local cheio de pequenas bancadas com computadores e uma tela enorme de centro. Estava cansado de escutar a mesma história sobre aquele caso que carregava com sua equipe tinha pouco mais de três semanas. Não havia nenhuma informação nova, apenas mais desaparecimentos não esperados. Sua chefe estava comendo-o vivo, cada dia um pedacinho; sua incapacidade de resolvê-lo estava afetando uma população inteira e deixando-a amedrontada.
Sorveu mais do café sem açúcar, relaxando o corpo estirado na poltrona acolchoada. Olhava fixamente para sua equipe conversando próximo à tela com a foto dos sequestrados, eles pareciam focados nisso e, mais uma vez, se sentia culpado por algo. Estava deixando um peso grande sobre eles quando, por ser o líder daquela equipe, deveria sustentá-los e guiá-los.
Sua atenção foi tomada quando Go Nari adentrou a própria sala, segurando um copo de café mediano e algumas pastas finas em uma das mãos. O toc-toc dos sapatos de salto alto irritavam Baekhyun naquele momento, sua cabeça explodia a cada toque do sapato no chão, e sua chefe percebeu isso, intensificando as passadas e tornando o barulho mais insuportável até se aproximar do rapaz do outro lado da mesa, sorrindo com os lábios juntos. Baekhyun apertou os olhos e soltou um grunhido baixo e insatisfeito com o latejar da cabeça.
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Quarto 408
Fanfiction"Baekhyun é um detetive que nunca se manteve muito tempo com alguém. Chanyeol é apenas um estudante de jornalismo correndo atrás de seus objetivos. Eles tiveram um romance que chegou ao fim por egoísmo. Chanyeol seguiu seus sonhos, mas voltou para a...