Segredos não revelados

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Padaria Kyungdan, a caminho do
Departamento Federal de Investigação.
Seul, Coreia do Sul.
Março de 2019.


Apontou orgulhosamente para a fileira de rosquinhas recheadas e lisas da vitrine da padaria. Os olhos brilhando pelo doce e a barriga roncando por vontade de comê-los — mas era só olho grande mesmo, porque não fazia tanto tempo que tinha feito um bom lanche com Minseok, assim que saiu da universidade. A atendente pegou todos, seguindo o pedido de dois copos de café sem muito açúcar.

Estava se sentindo feliz, por muitos motivos, mas, por ora, gostaria de pensar que era somente por ter conseguido o que havia almejado naqueles últimos meses. Secretamente, pela ideia de encontrar aquele detetive bonitão de novo, depois de algumas semanas longe.

— Assim aquele tanquinho vai virar uma máquina de lavar roupas, Chanyeol — resmungou seu melhor amigo que o acompanhava desde que pôs os pés de volta a Seul. Chanyeol estalou a língua, balançando a mão na direção do rosto de Minseok.

— Deixa de ser um chute no saco, hyung — disse ao que pagava pelos doces e pelo café, saindo da padaria em direção ao ponto de ônibus mais próximo. — Ele quase sempre me comprou comidas, nada mais justo que comprar para ele também. — Minseok riu soprado, enfiando as mãos no casaco jeans e acelerando os passos para acompanhar as passadas de Chanyeol. — Além disso, estou chegando de surpresa. — Estava irradiante, isso era perceptível a quilômetros de distância.

— Você está realmente com os quatro pneus arriados por esse cara — comentou com as sobrancelhas erguidas, um sorriso pequeno no rosto, abstendo-se de qualquer outro comentário que pudesse tirar aquela felicidade de Chanyeol.

O estudante mais novo ignorou o comentário do melhor amigo. Era melhor assim do que lidar com uma verdade irrefutável. Achava injusto pensar sobre isso agora, também. Afinal, ele e Baekhyun não tinham esse tipo de relacionamento, nem brechas para que isso acontecesse; era o que via quando parava para pensar sobre o que tinha com o investigador. Não que estivesse caindo de amores, só era impossível negar o sentimento que aquecia o peito. Gostar de alguém de verdade fazia isso. E não tinha como não gostar, certo? Baekhyun o tratava de um jeito especial, tinha carinho e cuidado — coisas que Chanyeol sempre buscava em suas relações, mesmo tendo poucas delas —, e ainda era o deus da beleza. Como se aguentar e não ter os quatros pneus arriados, como Minseok disse?

Óbvio que estava feliz por poder vê-lo novamente. Feliz e ansioso, para ser sincero. No entanto, não era apenas por isso. Pouco mais de duas semanas atrás foi à Ulsan para entregar o primeiro projeto à faculdade, que foi aceito tão bem que conseguiu o que estava desejando como objetivo inicial para sua iniciante carreira acadêmica. Tanto ele quanto Minseok e outros que tiveram o mesmo êxito, conseguiram uma bolsa semestral na melhor universidade da capital, fazendo com que tivessem liberdade para prosseguir com mais facilidade para a nova etapa e, agora, pensar um pouco mais alto com mais trabalho também.

Melhor ainda, era ter conseguido estadia fixa no hotel da senhorita Byun. Era um lugar próximo da universidade e do centro da cidade, onde precisaria estar a maior parte do seu dia por conta das pesquisas. Poderia ir para outro lugar, quem sabe uma república, como alguns dos estudantes preferiram. No entanto, como seu próprio melhor amigo, gostava de ter um lugar para chamar de "seu" e usar como pudesse. Não que houvesse essa liberdade toda em um hotel, mas a senhorita Byun e o garoto da tecnologia eram ótimos companheiros e o que iria pagar para passar aquele tempo hospedado no quarto 408 não dava para suprir nem dois meses de suas despesas em qualquer outro lugar.

Quarto 408Onde histórias criam vida. Descubra agora