Capítulo 1

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Ele a encontrara. Foi preciso três semanas, uma pequena fortuna e três detetives particulares, a ajuda do secretário do Estado de Sarq e apertos de mão secretos, negociações e promessas. Só assim ele pelo menos a veria.
O Sheik Khalid Fehr foi levado a prisão feminina do presídio de Sarq, guiado por uma guarda mulher, toda coberta dos pés à cabeça. Ele a acompanhou por corredores de teto baixo, cada vez mais escondidos na fortaleza construída há meio século.
A guarda parou em frente a uma cela com uma mulher sentada em um catre, com pernas puxadas contra o peito e mechas visíveis sobre o véu negro...Olivia!
Khalid sentiu o peito apertar, uma reação visceral ao vê-la pela primeira vez.
Na foto do passaporte ela estava bonita, jovem e tinha uma luz de esperança nos olhos. Mas a jovem na cela não se parecia mais com a da foto. Ela parecia vazia, até mesmo um pouco morta.
- Olivia Prince
A cabeça se levantou um pouco, mas ela não o olhou.
- Você é a senhorita Olivia Prince, não é?
Talvez ela realmente não estivesse lá, e talvez não houvesse outro homem mau exigindo informações, ameaçando interrogá-la, o que sempre terminava em agressões. Será que não entendiam que ela não tinha respostas?
Liv sentia tanta falta de casa! Sentia falta de Jake e da mãe!
Jamais deveria ter sonhado com pirâmide e dunas, deveria ter ficado em casa feliz!
- Olivia.
O homem falou seu nome baixinho, e o medo nela cresceu. Ela virou o rosto e falou em árabe.
- Não sei quem era ela...
- Falaremos das acusações depois.
Liv tremeu. E o medo e o cansaço eram as únicas coisas que ela entendia.
- Se soubesse quem era ela eu contaria. Quero ir pra casa. Quero ajuda, acredite.
- Acredito sim.
Então lágrimas encheram-lhe os olhos, tão quentes que ardiam como se estivessem cheias de sal e areia.
Olivia escolhera o Egito e Marrocos porque pareciam únicos e pitorescos nos folhetos de viagem. Ela lera e relera os itinerários dos cruzeiros pelo Nilo, imaginando parar em cada porto e ver um templo diferente por dia. Compraria tapetes nas feiras, comeria espeto de carne e faria a maior aventura de sua vida
Ela nunca considerava seriamente a possibilidade de se encrencar na vida. Liv sempre foi uma boa menina que obedecia às regras e fazia o que mandavam.
Um dos guardas do sheik Nasser abriu a porta do carro e Liv se virou para o Sheik, procurando os traços duros e sem expressão.
- Posso confiar em você?
- Eu que deveria fazer essa pergunta. Coloquei meu nome e reputação em risco por você. Posso confiar em você, Olivia Prince?
Algo no olhar escuro e velado dele fez Olivia se arrepiar.
Teve a sensação de estar lidando com um homem diferente, o problema era que sua experiência com homens era ilimitada, e aquele era o mais próximo dela.
- Sim, pode confiar!
- Então responda-me, aonde foi presa?
- Na estrada principal entre a fronteira e Hafel. Em um momento eu estava no ônibus e no outro a caminho de Ozr.
O Sheik não respondeu e Liv olhou para ele.
- Vamos parar em Hafel?
- Não. Apesar de ser uma cidade fascinante da qual o mundo ocidental nada sabe.
- Já passou muito tempo aqui?
- Há muito tempo.
- E o que mudou?
- Tudo. Quando eu era um garoto, meu pai era amigo do rei de Jabal. Mas ele foi desposto há vinte anos e o país é governado por alguém bem diferente. Tiro pessoas da prisão e as levo a lugares mais seguros. E o governo não gosta disso, não gostam de mim.
O estômago de Liv se revirou.
- Então por que deixam você entrar?
Ele olhou para a janela e depois para ela e lhe disse:
- Eu paguei vários funcionários importantes do governo.
Ela respirou fundo e sentiu seu estômago revirar, imaginando se voltaria se sentir segura.
- Você os subornou?
- Não tive escolha. Era isso ou permitir que você fosse levada ao juiz, e acredite, você não teria sobrevivido.
- Teria sido cruel!
- Teria sido mortal!
O motorista foi freando até parar. O celular do sheik tocou e ele atendeu, de olho na fila dos carros de polícia.
- O pesadelo ainda não acabou.
Liv se inclinou para olhar.
- O que está acontecendo?
- Seremos interrogados. Puxe o lenço para frente. Esconda todo seu cabelo, e enrole o tecido sobre a boca e nariz de forma a esconder o máximo do seu rosto.
Então o Sheik lhe deu os óculos de sol para ela.
- Use-os. Não os tire a não ser que eu mande.
Ele abriu a porta e saiu batendo-a em seguida.
Liv observou com o coração na mão, um grupo de policiais praticamente cercarem o Sheik.

Amando Um Sheik (Respostagem)Onde histórias criam vida. Descubra agora