NA INFELICIDADE

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— Psiu!!! — Dimas, meu vizinho de muro há muitos anos, chama a minha atenção. Vejo que Matt já entrou pra colocar a Barbie pra jogo, desistindo de mim, mas mesmo assim faço-o baixar o tom. — É coxinha essa porra, né!? — o maluco também já fora preso. Pelo jeito seu faro estava tão bom quanto o meu.

— Cá entre nós, tive essa leve impressão também! — dá risada. —, Separando o cheiro de mulher com pele doce e rica, dá pra sentir o aroma da farda. Sem contar que... — tento respirar, mas não consigo. —, ela... viu um pedaço da tatuagem de palhaço que tenho no pulso...

— A que te tatuaram a força na cadeia!?

— Sim. Veio se aproximando como se fosse o pica-pau sentindo o cheiro de bandido em mim, louca pra puxar a jaqueta.

— Perigo, hein mano!? Bom que ela não viu. Se não tua ia com ela...

— Tenho que arrumar uma grana pra tirar essa merda! Até hoje aquele inferno continua me mantendo em uma espécie de gaiola. Tô mais "preso" do que sempre estive, Dimas. O dia em que eu for parado por qualquer motivo, vou direto pra delegacia. E se eu for pego por um coxinha maluco, eu danço! E ela é um deles, é ruim tanto quanto é bonita. Matt me salvou sem nem saber, ela pelo menos respeitou o fato de minha filha estar presente. Caralho!

— Sinto muito, cara! — me olha com pena e eu nego.

— Viu se ela entrou em casa?

— Entrou não. Subiu na varanda e começou fuxicar lá dentro. — acende um Derby vermelho da embalagem amassada colocando o cabelo volumoso estilo Raul Seixas para trás como se fosse cair nos olhos. Quase gargalho com a cena. — O que acha que ela queria contigo?

— Não sei. Disse que "errou de casa amarela", tem a mesma cara que o japonês solitário... mas deve ter falado a verdade. O problema é que para mim, é um pouco... complicado ter policiais na minha cola! Sem contar que eu tenho um imenso histórico problemático com fardados de olhos rasgados.

Sim, eu estava fodido. A policial bendita era cria do diabo.

— Eu tô ligado, parceiro, tô ligado!

— E você?

— Eu o quê, cara??? — só inclino a cabeça. — Tô limpo, pô! Não apronto nada á milianos, tio! Tá maluco!?

— Tá tão limpo quanto o lixão da Mãe Lucinda! Se vê-la novamente me rondando, dá um toque aqui em casa!

— Quer que eu... mande lá pra cima que tem uma coxinha na área? Em cinco minutos um deles baixa aqui e leva ela lá pra cima. Rapidinho a gente descobre o que ela quer. Posso fazer uma ligação. Se os caras que você disse da penitenciária, daquele bagulho todo lá que tu me contou, estiverem atrás de ti, a gente já corta o mal pela raiz.

— Não, não! Vai que ela fala a verdade e aí a gente fode com a vida da mulher á toa!? Se ela ficar na dela, está tudo certo. Mesmo porquê Vila Maria não é nada receptiva com policiais, se ela vacilar, logo descobrem. Só... me avise se vê-la me xeretando de novo, levo Matt daqui, e volto pra ter uma conversa com ela. Se o que queria fosse me levar de volta, teria tentado, e se o seu interesse fosse saber sobre mim, já viu que eu estou bem na minha! Só me avise, chama ninguém não!

— Pode deixar, irmão! — deixo o maluco apoiado no muro sozinho e dou uma última olhada antes de entrar em casa.

Estava encostada no carro, e me encarou na mesma hora. Diaba-filha! — murmuro e entro. — Matt? Qual sua segunda cor favorita, filha?

— Pink! — grita lá da cozinha. Não vou pintar a casa de Pink.

— Terceira??? —

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⏰ Última atualização: Nov 21, 2020 ⏰

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JOSÉ - Disponível até 21/11/20Onde histórias criam vida. Descubra agora