Capítulo 1

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-Elisa! Corre! - O grito ecoou em meus ouvidos, fazendo meu coração martelar no peito. A moça que sempre invade meus sonhos estava gritando novamente. Assim que me pus a correr, um estrondo alto de tiro perfurou o ar.

Minhas pernas congelaram bruscamente, meu corpo se virou lentamente e um grito ficou entalado em minha garganta ao testemunhar a mulher que me ajudava, caída, uma ferida mortal na cabeça. O frescor do sangue se espalhava pelo chão, e o cheiro de ferrugem invadia minhas narinas.

Olhei para minhas mãos e vi que estava segurando a arma, meu corpo coberto de sangue.

Saltei na cama num susto, o mesmo sonho me assombrando desde os meus 12 anos. Meus pais adotivos tentaram de tudo, psicólogos e mais psicólogos, mas eu nunca consegui parar de sonhar com a mulher que me ajudava a fugir, apenas para ser assassinada logo em seguida.

Segundo a doutora Beatriz, minha psicóloga, eu devia ter sofrido algum trauma antes de ser adotada.

Tentamos de tudo para desvendar meu passado, mas tudo é um borrão, como se eu nunca tivesse vivido.

Meus pais me adotaram quando tinha 4 anos, fazia um mês que tinha chegado no orfanato, não lembrava de nada e não conhecia ninguém. Como minha mãe não podia engravidar e era o sonho deles ter um filho, por fim acabaram se apaixonando por mim e decidiram me adotar, agradeço muito a Deus por eles terem me dado essa oportunidade de recomeço. Pois alguns meses depois, o orfanato pegou fogo de uma maneira misteriosa matando todos que se encontravam no local. Foi uma tragédia muito grande na época, fico triste pelas vidas que se foram de forma tão prematura.

Olho para meu relógio e vejo que são 06:30. Eu ainda expulso esse povo aqui de casa penso comigo.

— LAURA DEVOLVE MEU BOLINHO — Escuto João gritar.

— SEU BOLINHO É MEU PAU NA SUA CARA. — Laura retruca.

— PARA AS DUAS! EU TÔ FAZENDO BOLINHO PARA TODOS E VOCÊ NÃO TEM PAU LAURA — Abençoada Seja a Manuela.

A única que consegue colocar ordem aqui em casa. Assim que a gritaria acaba, fico deitada olhando para o teto me perguntando o que será da minha vida e criando paranoias bizarras até que resolvo me levantar.

Vou para o banheiro e faço minha higiene matinal, coloco uma roupa de corrida, amarro meu cabelo em um coque bem preso, pego meu fone e meu celular e desço para o café da manhã.

— Bom dia, família Buscapé. — Digo assim que os, encontro na cozinha tomando café

— Bom Dia! — respondem em uníssono. — E aí, Ansiosos para nossa viagem? — Manuela pergunta enquanto me sirvo

— Quem não está! Né, amada? — João responde.

— Eu já arrumei minhas malas e comprei algumas roupas para usar lá. Já está tudo ok. — Laura diz. Ela odeia deixar as coisas para última hora, diferente de João que marcamos para sair 15:00 e ele começa a se arrumar 14:55. Sendo que demora no mínimo uma hora para se arrumar.

— Minhas malas estão quase prontas. Só tenho que comprar algumas coisas que faltam. — digo. — Ah! Laura? Me passa três pães, o Queijo, presunto e requeijão — peço em quanto já estou comendo meu terceiro pedaço de bolo. 

— Eu não sei para aonde vai tanta comida. Sinceramente. — Manuela diz.

— Esqueceu que eu não sou vocês? Eu trabalho, faço faculdade, academia, luto judô e karatê, aula e dança e ainda tenho aulas de Italiano e Espanhol. — Digo contado nos dedos. — Já vocês têm estampado na testa bem grande, SEDENTARISMO. — Completo rindo.

No Colo Do Mafioso - Série - Amores Na MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora