Capítulo 2

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Chego em casa por volta das 23:00. Minhas mãos estão latejando de tanto golpear aqueles sacos de areia malditos. Assim que abro a porta, meus amigos estão todos na sala, reunidos. Desde que começamos a faculdade, decidimos morar juntos. Eles são minha única família desde que perdi meus pais em um terrível acidente de carro, há dois anos. Eles vieram me visitar e, no caminho de volta para casa, um caminhão colidiu frontalmente com eles. Meus pais morreram instantaneamente. Desde então, meus amigos se tornaram minha única família. Eu morreria por eles.

Ao me verem entrar, correm em minha direção, e eu desabo.

Não preciso me fazer de forte aqui, porque essa é minha família. Aqui, não preciso mentir, porque eles são tudo o que eu preciso. Meu porto seguro.

Desabafo tudo o que aconteceu para eles, cada detalhe, e cada vez que relembro, as lágrimas escorrem com mais intensidade.

— Esse desgraçado vai pagar! Você sabe bater, e eu sei como fazê-lo sofrer. - João rosna.

— Querida, não chore. Eu sei que você gostava desse... pau no... literalmente, bem... Mas olha só. Agora você pode ir para a Itália e desfrutar de um italiano gostoso. - Manuela tenta levantar meu ânimo, e João e Laura concordam.

— Vamos esquecer isso. Vou tomar um banho e aproveitamos o resto da noite assistindo aos três filmes de Cinquenta Tons de Cinza e, se der tempo, After. - Decido, afastando-me para meu quarto, buscando esquecer o dia infernal que tive.

Quando volto para a sala, está quase tudo pronto. João pediu uma pizza, Manuela está fazendo brigadeiro, pipoca de chocolate; eu preparo uma pipoca salgada e, bem... Laura está apenas observando.

Não confiamos nela na cozinha. Uma vez, ela quase incendiou o apartamento ao cozinhar arroz; no dia seguinte, ao fazer suco, colocou sal em vez de açúcar. Desde então, não a deixamos cozinhar nem preparar nada, com medo de acabarmos no hospital por intoxicação alimentar.

A pizza não demora a chegar, e logo estamos todos em frente à TV, aproveitando a companhia um do outro e a diversão proporcionada pelo filme.

— Meu Deus, Anastasia é tão lerda! - Laura se irrita.

— Concordo totalmente. Se eu fosse ela, já teria me aproveitado da situação e abusado daquele corpinho gostoso. - João comenta.

— João, já sabemos que você tem... fogo no rabo. - Manuela ri.

— Ai, gente! Meu sonho é encontrar um Christian que me faça submissa dele. Mas só na cama. – Confesso com um pouco de humor, fazendo esquece meu início de noite terrível.

— Se um homem desse só olhasse para mim, o guindaste que lutasse. - João brinca, e todos rimos.

— Esse filme é um BDSM falso pra caramba. Você viu a "surra" que ele deu na Anastasia? Dá vontade de rir. Além de ela não saber onde estava se metendo, ainda romantizam o BDSM. E aquelas cinco palmadas do nada? Isso é o que se dá em uma criança. BDSM, a sigla já diz tudo. É puxão e violência. É levar você ao limite e sentir prazer com isso. - Laura expõe sua indignação.

— Então quer dizer que nossa criança está por dentro desses assuntos? Safadaaa! - Manuela brinca, e Laura cora violentamente.

— BERROOOOOOOOOO... Está sendo submissa e não nos contou, sua vagabunda. - João brinca, e nós caímos na risada.

— Não, gente, nada disso. Ainda continuo intacta. Só que eu gosto de ler livros assim e meio que sinto... tesão. - Laura se explica, agora roxa de vergonha, tentando esconder a cara entre as mãos. Nós, como ótimos amigos que somos, gargalhamos da situação.

E assim foi nosso final noite, entre risadas e conversas sobre sexo e filme.

Acordamos passado do meio-dia no sábado e fomos ao shopping comprar algumas coisas para a viagem. Assim que compramos o necessário, fomos ao McDonald's comer, e depois ao salão de beleza para fazer depilação e tudo mais.

As lembranças da noite anterior ainda me atingem com força. As cenas fazem meu estômago embrulhar. Mas uma coisa é certa: não amava Guilherme. Já fazia um tempo, pois se eu sentisse um quinto do que sentia no começo, teria entrado em depressão na mesma hora. Passo o resto do dia ignorando as lembranças na minha cabeça.

Saímos do shopping por volta das 20:00, direto para casa. Amanhã seria o nosso tão esperado dia. Mesmo triste e com muita raiva pela traição que aconteceu, não deixaria isso me afetar. Como uma boa geminiana, esqueceria e esse namoro seria apenas um surto coletivo. Pois nem amar eu amava. No começo, poderia ter amado, mas me acostumei com ele. Analisando bem, ele não me fazia feliz.

Automaticamente, deleto as memórias com Guilherme.

Nada estragaria nossa tão esperada e sonhada viagem.

No dia seguinte, acordo por volta das 08:00 da manhã. Tomo um longo banho e começo a me arrumar. Nosso voo sairia às 12:00, e teríamos que estar lá às 11:20. Vou até a cozinha e vejo que todos ainda estão dormindo. Preparo café, suco, bolo de fubá, arrumo a mesa e, pegando uma panela e uma colher de pau, começo a bater, invadindo os quartos. Meia hora depois, estão todos na mesa, com cara de sono, e eu, plena e feliz.

— Só de pensar que, daqui a algumas horas, estaremos indo rumo à Itália. - Manuela comenta.

— Temos que ir em todas as baladas possíveis. -Joãofala.


— Claro João. Até estranhei tu não falar isso antes. Seu rabo de bueiro, não poder ver um macho que já quer sentar. — Diz Laura dando um sorriso debochado

E assim continuemos com o café da manhã. Nas próximas horas foi apenas a correria para se arrumar para a viagem.

Quando deu 11:15. João ainda estava no quarto. Meu paizinho! Respiro fundo para não surtar

Já era para estarmos lá.

— ANDA LOGO JOÃO! NÓS VAMOS PERDER A PORRA DO AVIÃO. — Grito pela décima vez.

— EU JÁ TÔ INDO CARALHO. — diz vindo se aproximando da escada. — Eu só estava tirando foto oxii!! - diz com aquele sotaque nordestino maravilhoso.

Deus daí me paciência, porque se me der força eu mato ele.

Chamamos dois Uber e fomos para o Aeroporto. Já era, 11:55, quando chegamos o trânsito estava uma merda E João tinha que fazer. Gente se atrasar. Fomos direto para o balcão da companhia aérea fazer o check-in. Quando estava tudo pronto ouvimos nosso vôo sendo chamado, e lá estávamos  nós, indo rumo a Itália.

Uma sensação estranha atravessa meu corpo, e uma ansiedade se aflora. Algo me diz que  essa viagem vai ser inesquecível.

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⏰ Última atualização: Apr 29 ⏰

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No Colo Do Mafioso - Série - Amores Na MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora