Seu corpo estremece
E eu observo.
Olho, e não encontro fim para o que vejo.
Seus olhos se perdem no completo nada. E eu apenas olho, impotente.
Eu toco sua pele enrijecida e sinto a amargura pairar ao nosso redor. Você fecha seus olhos tentando suprimir e abandonar os fantasmas que lhe assombram.
E eu vejo, simplesmente vejo.
Seu corpo? Imóvel. Seus olhos? Fechados para o mundo. Sua mente? Paralisada num sonho inalcançável.
E os meus olhos? Apenas vêem. Vêem, e numa súplica silenciosa, te sinto desfalecer a cada segundo que se passa.
Olho para a mesma direção que seus olhos apontam. Mas não consigo ver o que você vê. Minha mente fraqueja, e eu submeto-me ao mesmo silêncio mórbido que assombra sua alma ofuscada.
Você silencia suas dores.
Eu silêncio minhas frustrações inúteis.
Ao final de tudo, você ainda sofre, e eu ainda temo silenciosamente pelos fantasmas cruéis e desumanos que lhe castigam sem piedade alguma.
E no desfecho de uma poesia tão peculiar, olhares são apenas olhares, e dores são apenas dores.
Fantasmas não existem e nada daquilo foi real...