Capítulo 5

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Christian

Até as árvores,que estão a passar por mim numa velocidade absurda, estão mais perto que a confiança e a amizade daquela miúda. O ar condicionado do carro, que foi ligado num tempo de mais ou menos 5 minutos pelo meu pai, faz com a minha mente esvoace entre os sentimentos aleatórios que senti hoje. Confusão e admiração são as principais.

Depois do lanche, eu pedi licença para ir à casa de banho, que ficava logo à beira do quarto dela, onde eu entrei imediatamente. Quando estive lá, no quarto, antes do lanche estar pronto, não tive tempo para ver os livros que está miúda diz ser tão apaixonada. Curiosidade (que não sei se devo e/ou quero admitir): Quando descobri que ela era apaixonada por livros o meu coração deu um salto! Isso fez, imediatamente, lembrar-me das saudades que tenho do meu irmão.

Os livros que a Carolina lê são romances, Young adult, fantasia e há dois que são meio de auto ajuda, mas se virmos bem, estes livro (" Foi sem querer que te quis" e " Ganhei uma vida quando te perdi", do Raul Minh'alma) são mais romances do que propriamente auto ajuda. E aí percebi o porquê de ela estar sempre rabugenta quando fala para mim ou me vê ou o porquê de me mandar um olhar infernal sempre que cruzamos os olhares. Nestes livros, os piores personagens são os bonitos e os ricos, e eu sou a junção destes dois.

Ela foi simpática para os meus pais o lanche inteiro. A vergonha dela perante eles passou logo nos primeiros 5 minutos e comigo, bem, não foi assim tão fácil. Depois de acabar de comer, e eu ter voltado da " casa de banho" a mãe da Carolina disse que podíamos ir para o quarto. Fazer o quê? Não sei, pois a miúda não fala comigo, por, muito provavelmente, eu ser rico e bonito! Eu odeio mesmo a minha vida. A certo momento eu comecei a ficar agoniado com isso, eu queria poder mostrar-lhe que não era má pessoa e que, mesmo sendo rico, o dinheiro não é a coisa que eu mais quero e gosto no mundo. O que eu mais valorizo é a honestidade de uma pessoa. Eu quero ser amigo de uma pessoa que não é rica e que não liga nenhuma a isso. E a Carolina parece ser uma dessas pessoas, que me pode mostrar um mundo diferente e me dar uma amizade sincera. Por isso, comecei a falar com ela sobre o assunto que ela mais gostava:

- Então, qual é a tua saga preferida?- ela ficou a olhar para mim com ar de caso, mas logo entendi que ela não entendeu de todo a minha pergunta - de livros,quero eu dizer.

Eu não sei se foi coisa da minha cabeça, mas podia jurar que ela sorriu um bocadinho.

- "A minha vida é um filme" e " A minha vida fora de série" ("Fazendo meu filme" e "Minha vida fora de série", no Brasil)- disse ela com uma voz tão doce e com um sorriso que parecia que só ela entendia o significado deste - Não consigo escolher entre estes dois. Estas foram as primeiras sagas que li e, sinceramente, as melhores. Eu não consigo explicar a sensação que tive quando as li. É simplesmente inexplicável.

Ela é extremamente fofa, as suas bochechas começaram a rosar logo que começou a falar. E os olhos, que estavam através daqueles óculo preto que não lhe ficavam nada mal, olhavam para mim de um jeito tão doce. Eu tinha acertado na pergunta. Mas, de repente, o olhar mudou. Agora, ela olhava para mim como se fosse a minha vez de falar, na verdade era, pois ela já tinha parado de falar à bastante tempo, eu é que não reparei por estar a olhar para cada detalhe fofo dela.

- Eu sei que sensação é essa- respondi a gaguejar, devido à velocidade com que falara, mas sinceramente- o meu irmão é escritor, e eu sou, quer dizer era, o seu fã número 1. Era eu que lia o livro antes de ser lançado e dizia-lhe a minha opinião. Um dia, se acontecer, podes ver a minha prateleira cheia de livros dele....

Não sei como consegui dizer aquilo. Ela ainda não confiava nem gostava de mim o suficiente para aceitar um pedido para ver a minha estante, tendo de entrar em minha casa para isso. Em que estava eu a pensar?! Oh, espera já sei! Estava a tentar ter a confiança e, pelo menos, dar a entender que eu não são tão egoísta e mau como ela pensa. Mas, para minha surpresa, ela não me olhou mal ou com desprezo em vez disso apenas me disse:

- Adoraria. Eu também gostaria de ter um irmão escritor, deve ser tão maravilhoso entrar em tantos diferentes mundos e de graça. Além disso, fico contente de haver um rapaz que gosta de ler, é muito raro isso acontecer.

Eu fiquei admirado. Não sei se foi por ela não me bater ou por ela dizer aquilo com sinceridade e com um sorriso fofo e amigável. Será que consegui? Não consigo dar uma resposta. De seguida,ela pegou no primeiro livro de "A minha vida é um filme", sentou-se à minha beira, na cama, e começou a ler para mim.
O melhor é que numa página do seu diário,QUE EU NÃO MEXI, ELE JÁ ESTAVA ABERTO, dizia que só partilhava alguma coisa que era importante para ela a alguém, se essa pessoa assim o merecesse. E, tenho a certeza, que aquele livro, que neste momento ela estava a ler para mim, era muito importante para ela.

O meu pai desligou a ar condicionado do carro, e com um sorriso na cara,voltei ao tempo atual, saí do carro e entrei em casa.

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⏰ Última atualização: Feb 25, 2020 ⏰

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