Capítulo 7

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— O que fiz agora? — A voz de Tadaki invadiu meus pensamentos. Eu havia chegado para o jantar antes de todos e tomado meu lugar, não percebi quando cada um também tomou o seu. Pois, meus pensamentos estavam longe do castelo naquele momento.

Eu imaginava como deveria ser o império de Chong, como seria a forma de educação das crianças daquele reino e se todos eram como os irmãos imperiais. Ou se a educação de ambos era algo da realeza.

Em Gogh, independente da cidade que estivesse, as crianças eram criadas pelo sistema de educação doméstico. Não tínhamos escolas nas cidades e todos os homens tinham o devido conhecimento para passar aos filhos. Ferreiros ensinavam seus filhos, o ofício. Assim como sapateiros, padeiros, conselheiros, cavaleiros, reis e muitos outros. As mulheres eram educadas pelas mães, o sistema das esposas perfeitas que sabiam bordar, cozinhar, lavar, limpar, ter filhos e calar a boca. Era cruel, mas era o que conhecíamos.

Eu havia sido ensinada pela rainha e por diversas criadas do castelo, mas por ter a idade próxima de Perrie e gostar de brincar com o mesmo na infância, acabei ouvindo coisas fascinantes. Das quais não poderia participar.

No início meu pai ignorava, acreditando que isso não mudaria meus pensamentos ou os ensinamentos de minha mãe. Depois, quando percebeu que eu era mais dedicada que Perrie naquele tipo de aula, ele começou a me explicar para que eu pudesse ensinar o futuro rei. Perrie aprendeu da melhor forma, mas meu pai sempre dizia que eu sabia mais e se lamentava pelo fato da filha ter seios ao invés de um pênis. Infelizmente, mesmo ele sendo rei, aquilo era algo que não poderia mudar.

Existiu uma época em que um grupo de mulheres se revoltaram contra o sistema e tentaram mudar a cabeça de todos, mas aquilo não caiu bem aos morados de Gogh. Eles diziam que elas eram seres demoníacos e juntos, atearam fogo em cada uma. O maior medo de meu pai, era esse tipo de revolta.

Enquanto pensava em tudo o que poderia acontecer, o imperador soprou aquelas palavras em meus ouvidos me causando arrepios na nuca que fizeram meu corpo pular com o susto. Levei a mão ao peito para manter a calma e o olhei com repreensão.

— Precisa parar de me assustar assim, ou irá me matar.

— E você precisa parar de me Ignorar sem me dizer a razão. Isso me mata. — Os olhos escuros e puxados do rapaz, eram penetrantes, intensos. A face alva, estava corada e a respiração ofegante. Ele se sentou ao meu lado enquanto dizia suas palavras e corri meus olhos pela mesa para procurar meu irmão.

— Esse lugar é de Perrie.

— Eu sei, vejo isso todos os dias — as palavras saiam de maneira brincalhona dos lábios finos de Tadaki. — Ele aceitou trocar de lugar comigo por hoje. Ficou realmente animado para dizer a verdade.

Encontrei meu irmão ao lado de Mariko gesticulando com as mãos enquanto falava feliz. A garota demonstrava a mesma animação o ouvindo.

— Ela é curiosa e ele gosta de explicar tudo o que lhe perguntam. — Disse o imperador. O rapaz pegou a taça de vinho que havia sido colocada na mesa pela criada, cheia do líquido. — Mas, me diga... Fiz algo?

— Não fez nada.

— Então...

O olhar do homem se intensificou para mim. Os negros de suas íris pareciam me instigar a dizer algo.

— Podemos conversar melhor depois do jantar.

— Finalmente — ele sorriu. De maneira discreta, como sempre fez e bebeu todo o vinho.

O jantar se arrastou por longos quarenta minutos. Tadaki se divertia bebericando o vinho e se deliciando da farta comida enquanto meu pai e o mestre Sasato, contavam sobre as aventuras de guerras onde salvaram um ao outro.

𝑸𝒖𝒆𝒓𝒊𝒅𝒐 𝑰𝒎𝒑𝒆𝒓𝒂𝒅𝒐𝒓 - 𝑳𝒊𝒗𝒓𝒐 𝟏 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora