forever rain

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Estava frio.

Estava escuro.

E, por algum tempo, eu estive sozinha.

Não lembro quando chegou, mas tudo o que fazia era me olhar da parede oposta.

Sentada no chão frio e desgastado eu não podia fazer nada a não ser encarar de volta.

Ele me olhou.

E olhou.

Um suspiro.

Seus olhos me encaravam com a mesma frustração de todos os dias.

O que ele esperava que eu fizesse?

A brisa noturna entrava pela janela, balançando levemente as cortinas e, de vez em quando, um arrepio percorria meu corpo.

Não sei se os arrepios eram por causa de seu olhar ou por causa do vento. Provavelmente os dois.

Me encolhi quando lá fora começou a chover.

Era sempre assim.

Depois dos suspiros irrequietos de ambas as partes, depois da brisa que deveria ser agradável, vinha a chuva.

Uma chuva grossa e pesada, com trovões e nuvens muito escuras.

O quarto, que já não tinha aquecimento nenhum, ficava ainda mais frio.

Depois de tantos dias e noites assim, eu já estava costumada com tudo ali.

Com o frio.

Com o quarto vazio.

Com seu rosto inexpressivo.

Com seus suspiros insatisfeitos.

Só não estava acostumada com o que acontecia depois disso. Ele me olhava mais um pouco e, depois de mais um suspiro, se levantava e ia embora.

Não era sua ida que doía. Era sua demora para voltar. Dias e mais dias sozinha. Noites e mais noites não dormidas.

sunset • sonhos de verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora