III

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BRUNNA GONÇALVES

Faziam cerca de cinco minutos que eu estava parada no mesmo lugar encarando a mulher à minha frente. Ela me observava desafiadoramente com uma sobrancelha arqueada. Não conseguia disfarçar minha expressão de surpresa. Quase ninguém sabia de fato o nome que eu utilizava na comunidade. Ainda mais alguém ligado a universidade. O fator importante era, nunca havia visto essa mulher por aqui antes. Eu conhecia quase todo corpo estudantil e poderia garantir que ela não fazia parte.

- O gato comeu sua língua?! Você costuma ser mais falante nas aulas de submissão SexDivã.

Ela aparentava se divertir as minhas custas. Seu sorriso se ampliou quando estremeci ao ouvi-la me chamando novamente daquela forma.
Não sabia como reagir. Minhas pernas pareciam estar coladas ao chão e minhas mãos apertavam furiosamente a cadeira à minha frente. As pontas deles já estavam esbranquiçadas pela força que eu fazia. Busquei na memória quem era a mulher à minha frente mas era em vão. Eu não a conhecia. Não pelo menos com o nome Ludmilla.

- Q-quem é você?

Recuperei minha voz depois de um certo tempo indagando a mesma. Me amaldiçoei mentalmente por gaguejar diante dela.

- Ora, fico ofendida que não se lembre de mim. Porém esse não é o fator importante aqui. "Ela se ajeitou na cadeira e cruzou as mãos diante da face entrelaçando os dedos." - Sente-se Brunna. "Meu corpo obedeceu automaticamente ao seu comando." - Ótimo! Primeiramente precisamos discutir sobre o por quê foi reprovada.

Assenti.

Ela me observava minuciosamente explicando calmamente quais foram as falhas. A forma como ela falava parecia estar conversando e explicando as coisas à uma criança de cinco anos. Apesar de tudo, ela mantinha sua pose autoritária de quem sabia o que estava falando e fazendo. Ela era imponente e segura de si. Em outras circunstâncias eu estaria embasbacada e impressionada com sua beleza. Porém a situação era outra. Fiquei surpresa com os diversos pontos falhos marcados por ela no meu trabalho. Pensei que ela estivesse apenas fazendo aquilo por implicância, mas ela realmente tinha opiniões contundentes.
Eu sempre soube que o tema que havia escolhido seria inusitado e não haviam até então relatos sobre outras teses com base nisso. Era algo inovador. Desafiador. Seria minha glória tendo algo único. Mas tinha tanta certeza de que estava certa, que acabei fechando os olhos para as controvérsias que poderiam surgir.

Acabei ficando perdida em pensamentos que nem percebi que a mesma havia parado de falar e me encarava com curiosidade. Senti meu rosto esquentar e acabei abaixando o olhar envergonhada. Novamente me vi perdida em devaneios por estar surpresa com essa minha reação. Me lembrei da minha época de submissa em que eu tinha as mesmas reações. Mas agora essa já não era mais a realidade que eu vivia. Então por quê estava assim? Por que ela desencadeava esse lado meu que já estava adormecido?

- Brunna? Está me ouvindo?

A encarei confusa. Não podia mentir. Não fazia ideia do que ela havia falado nos últimos minutos.

- Me desculpe.. "Disse envergonhada."

- Tudo bem Brunna. Mas agora preciso que preste atenção no que eu vou dizer. "Me endireitei na cadeira para prestar atenção nela." - Há uma maneira de reverter essa situação. Sua tese não tem condições de ser aceita com esse tema escolhido. Não há nenhuma base cientificamente provada que comprove o que você afirmou aqui, e os testes realizados são qualitativos e você deveria saber que para esse tipo de situação deviam ser quantitativos. "Ela disse séria e fria. Me arrepiei quando seu olhar mudou por um instante e seu tom de voz caiu em semi breve, se transformando em um sussurro sedutor." - Bom, eu tenho uma proposta Brunna e depende apenas de você aceitá-la ou não.

SEXDIVÃ - BRUMILLAOnde histórias criam vida. Descubra agora