A PAIXÃO TOMAVA O SEU CORAÇÃO
•Narração em 1º Pessoa — Beth•
E pelo meu maldito atraso na entrega dos relatórios, meu chefe obrigou-me ficar até mais tarde na empresa até termina-los, o que me causava agonia e ainda mais ansia de voltar para o apartamento. Passava das sete horas da noite quando finalmente consegui conclui-los. Eu sabia que não estavam bom o suficiente, porém ele não estava mais presente para supervisionar, então deixei-os de qualquer jeito sobre sua mesa, e retirei-me após olhar a janela de vidro molhada pela chuva. Expeli um suspiro de satisfação de que finalmente eu estaria de volta ao "meu" lar.
Minhas costas ardiam e meus músculos se contraiam a cada passo que eu dava, eram horas excessivas sentada em uma cadeira escrevendo e digitando sem se quer um pausa além do almoço ou quando precisava usar o banheiro.
Para piorar, o trânsito parecia não colaborar comigo, estava chovendo tão forte que toda a avenida fora congestionada, e um trajeto de dez minutos duraria mais de trinta. Esmurrei o volante por diversas vezes e por estar extremamente irritada, comecei a chorar no mesmo instante."Eu só quero ir para casa..." Sussurrei enquanto limpava minhas lágrimas com a manga do casaco, podendo ouvir diversos carros a buzinar em minha traseira para que eu agilizasse na pista. Já em desespero acelerei às pressas, cortando a frente de diversos carros, passei pelo sinal vermelho, e de para piorar ainda mais quase enfiei o meu carro em frente à um poste ao meu lado esquerdo.
Se tivesse realmente batido, o poste entraria pelo vidro e acertaria a minha cabeça. Eu tremia como uma criança com medo de algum pesadelo.
Sem delongas, encontrei uma brecha ao ultrapassar e desta maneira tive acesso à uma via dupla que estava com seu movimento normal, finalmente conseguindo chegar ao prédio. Estacionei o carro e corri para dentro, eu não parava de tremer e cada passo em direção ao elevador, meu coração parecia pulsar ainda mais. Quando notei, eu já estava na porta do apartamento, mas eu não conseguia encaixar a chave em sua fechadura; tentava manter a minha mão firme, todavia era tanta tremedeira que por um momento pensei estar sofrendo de parkinson, ocasionando-me risos de nervoso.
Ao abrir a porta pude notar o silêncio reinar, e até mesmo todas as luzes apagadas da mesma maneira que eu havia deixado como saí. Era incrível como ele não incomodava ou não mudava nada do seu lugar, eu acho que dividir o local com ele, foi uma das melhores decisões que eu já havia tomado.
Cautelosa, adentrei no quarto podendo notar o rapaz a dormir tranquilamente em minha cama. Sorri levemente ao canto de meus lábios ao tirar meus sapatos para que eles não fizesse barulho algum, no entanto, eu ainda estava nervosa pelo acidente que quase me ocorreu, isso fez com que o mesmo escapasse de minhas mãos e caísse sobre o chão, fazendo-o despertar um pouco assustado. Rapidamente repousei a mão sobre a boca quando o vi descobrir-se da coberta, podendo observar com clareza que estava sem camisa. Apenas a luz do abajur aceso iluminava sua pele. Jonghyun sentou-se na beirada da cama apoiando seu cotovelo sobre sua perna, e como de costume esfregava lentamente sua nuca tentando entender o que estava acontecendo.— Me desculpe por te acordar... eu não tive a intensão. — Em tom de voz baixo deixei soar pelo quarto ao me aproximar do rapaz de cabelos branco que apenas me fitava com um olhar sonolento.
— Ham? — Foi a única coisa que ele disse franzindo a testa totalmente confuso.
— O barulho que eu fiz com o sapato... — Suspirei profundamente. — Ah, esquece... — Balancei minha mão em direção a ele, fazendo um gesto como se não importasse. Seu rosto parecia expressar uma bela interrogação.
— Por que demorou a voltar hoje? — Ele me questionou rapidamente, e eu nem sabia o que dizer, afinal eu tinha alucinado e atrasado meus relatórios. Eu não podia contar a ele sobre isso, ainda mais que toda a alucinação anterior havia sido com ele.
— Eu apenas atrasei meus relatórios e meu chefe me fez ficar até mais tarde. — Dei de ombros.
Jonghyun ainda me encarava tombando levemente o rosto para o lado direito. — Você está tensa, o que houve com você? — Curvou-se levemente para demonstrar interesse.
— Eu quase sofri um acidente de carro agora pouco... mas não importa. — Com estas palavras, o mesmo levantou-se da cama e veio em minha direção.
— Claro que importa. Se você se for, eu ficarei sozinho, e eu não quero ficar sozinho de novo. — Eu não poderia desprender meu olhar do dele. Era realmente cativante. Apenas engoli a seco notando que cada vez ele estava mais perto de mim. Suas palavras pareciam surtir um efeito tão profundo em meu peito, que só de pensar em deixa-lo deixava-me um tanto triste, permitindo que meus olhos marejassem.
— Então a sua preocupação comigo é só porque você não quer ficar sozinho? — Revirei os olhos virando o meu rosto para lado direito, passando a fitar a parede.
Senti sua mão tocar minha face e virar meu rosto para olhar em seus olhos mais uma vez. — Se fosse somente este o fato, eu já teria arranjado uma pessoa antes, e olha para mim, eu estou sozinho. — Sua outra mão também segurava meu rosto agora, ele realmente queria que eu focasse em seus olhos como eu nunca tinha feito antes. — Beth, eu gosto de você, e eu quero você fique bem. — Eu nunca tinha sentido aquilo antes, nunca senti que alguém gostasse de mim da maneira como ele me transmitia.
Annie tinha razão, se aquela situação continuasse daquela maneira, eu acabaria por me apaixonar por ele. Espere, eu já estou! Mas eu não posso simplesmente dizer a ele, afinal só há quatro dias que moramos embaixo do mesmo teto. Minhas alucinações tinham razão, a paixão nos enlouquece, e aos poucos.
Repousei minhas mãos sobre as dele, e passei a retira-las de meu rosto cautelosamente. Ele era tão insistente, que parecia não permitir que eu fizesse isso, mas acabou que por cedendo vagaroso.
Pude notar apenas meu corpo colidir com o dele quando o mesmo puxou-me num abraço quente. Seus braços cruzavam as minhas costas, e meu gosto passou a ajeitar-se calmamente em seu peito. Droga, ele estava sem camisa, o convite perfeito para beija-lo por seus ombros e pescoço, mas contive mordendo meus lábios. Eu não poderia fazer aquilo, eu não queria ser alguém que supostamente poderia estar assediando-o. Suspirei profundamente deixando que minha respiração aquecesse sua pele, fechei os meus olhos e aproveitei o momento, pois talvez ele nunca mais se repetisse, além do mais, obviamente o mesmo só quisesse uma amiga, alguém para lhe fazer companhia, e eu... bem, eu tenho estado sozinha a muito tempo também, entendo como Jonghyun se sentia nessa situação.
Deixei o abraço levemente, mesmo que ele tentasse me segurar em seus braços. Eu não podia me dar por vencida, então deslizei-me ligeiramente até escapar.— Bem, minhas costas estão doloridas, e eu preciso de um banho quente para relaxar. — Deixei escapar de meus lábios desviando o meu olhar de seu rosto. Nada respondeu, apenas assentiu me fitando adentrar no banheiro assim que peguei a toalha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Amor Para Outra Vida
FanfictionDesde sua infância fora ensinada dentro da doutrina espírita, este qual desenvolveu a sua mediunidade ao passar dos anos. Negando-se perante o mesmo por sua opinião formada a nada crer após sua adolescência rebelde, e muitas críticas sociais, Eliza...