ALUCINAÇÕES INEXPLICÁVEIS
•Narração em 1º Pessoa — Beth•
Era estranha a forma como eu me sentia perto dele, é como se parte da minha alma brilhasse de dentro para fora quando eu fixava meu olhar ao dele. Também era estranha a ansiedade que me cercava durante todo o dia para retornar ao apartamento o quanto antes. Algo prendia-me a atenção à ponto de não tira-lo de minha cabeça por nem se quer um segundo que fosse. Eu precisava entregar três relatórios gigantescos para o Boss, mas eu só conseguia pensar naquele sorriso tão sincero que ele esboçava ao me ver. Faltava-me as palavras para concluir aqueles papeis, e isso me deixava levemente estressada; sabia que ao voltar ele ainda estaria ali, mas eu queria vê-lo novamente e passar horas ao seu lado mesmo que fosse discutindo por cobertas, ou até mesmo quem dormiria no sofá. Era visível em minhas expressões faciais e atitudes perante o trabalho que eu estaria apaixonada por um intruso. Ou talvez a intrusa fosse eu; mas quem se importa, não é mesmo? Em todo esse percurso de pensamentos, me pego derrubando a caneta sobre o chão e todos podem notar que minha visão está fixada em apenas um ponto específico do monitor daquele computador. Levantei-me sem dizer uma palavra deixando todos ao redor de minha mesa curiosos e vaguei até o banheiro, este qual utilizei da torneira sua água para lavar meu rosto e assim voltar ao trabalho, mas parecia que sua voz ainda ecoava em minha mente, e até mesmo podia vê-lo atrás de mim pelo grande espelho à minha frente.
— O que tem acontecido com você, Beth? Está estranha hoje... — Sua voz murmurava dentro do local como se realmente estivesse ali.
— Estou tão fascinada por você que agora estou vendo-o em todo canto que eu vou? — Questionei para mim mesma porém no meu subconsciente esperava que ele fosse responder, embora eu estivesse supondo ser uma projeção de minha própria imaginação.
Aquele sorriso tornou a surgir, então fechei os olhos para concentrar-me nos relatórios que precisava terminar, no entanto sua voz tornou a murmurar, todavia, estava tão próximo ao meu ouvido que eu mal podia reagir. — É comum que a paixão por algo ou alguém faça isso com as pessoas. — Tornou a sorrir mesmo que eu insistisse em não visualiza-lo. — Estudos apontam que o sentimento de amor pode ser comparado à loucura facilmente.
Ao término de suas palavras, apenas ouvi a porta do banheiro ranger ao abrir vagarosa. Annie acabara de entrar cautelosa olhando para mim fixamente.
— Eu jurava que tinha um homem conversando aqui com você. — Eu engoli a seco, achando que talvez ela estivesse tão louca quanto eu estava.
— Ah, eu estava em uma ligação. — Contornei a situação rapidamente, tornando a lavar as mãos por mais uma vez para disfarçar o ocorrido que eu não poderia explicar.
— Com um homem? Hm... quer dizer então que você arranjou um crush? — Indagou-me curiosa ao entrar em uma das cabines sanitárias do local.
— Crush? Wtf, Annie. Logo eu? — Expeli ar por minhas narinas seguido de um riso forçado para ironizar a situação. — Melhore, mulher. — Prossegui agora segurando o meu verdadeiro riso, pois aquela situação além de ser absurda, ela estava alucinando junto comigo.
— Seu pai que não era, eu já ouvi a voz dele, e eu tenho certeza que não é essa. — Insistia cada vez mais para que eu lhe contasse algo, entretanto não havia o que contar, porém...
— Na verdade, eu comprei um apartamento recentemente... — Comecei a contar a ela o que havia me ocorrido.
— Eu lembro que me contou um dia antes de se mudar... mas o que tem demais? — Quando terminou suas falas, Annie apertou o botão de descarga.
Esperei que o barulho se ausentasse no local para que assim eu pudesse concluir. Visualizei sem desprender o olhar da loira que saía da cabine fazendo gestos com a cabeça para que eu continuasse a contar, assim o fiz.
— Prosseguindo... a imobiliária que fiz a negociação me vendeu um apartamento que ainda tem um dono. Acredito que tenham forjado a assinatura do rapaz para a escritura, e agora estou sem onde morar novamente.
— Ele te expulsou de lá? — Questionou rapidamente ao abrir a torneira para lavar suas mãos.
— Na verdade, eu é quem tentei expulsa-lo, mas ele não tem para onde ir assim como eu, ou seja, foi um golpe e agora temos que dividir o aparamento. — Finalmente consegui concluir.
Annie me olhava fixamente enquanto pegava os papéis para secar suas mãos. Alguns segundos de silêncio reinaram o local, todavia ela não pode conter sua próxima indagação.
— Então foi ele que te ligou agora? — Engoli a seco, e como eu já havia mentido sobre a ligação, apenas assenti. — Ainda acho que daí vai sair um romance, olha o estado que você está. Não consegue se concentrar, e eu apostaria todos os meus dedos da mão para a Yakuza de que você se apaixonou. E olha que eu preciso deles para digitar. — Rindo movendo todos os seus dedos em minha frente, ela me deu alguns tapinhas sobre o ombro direito e se retirou com certeza absoluta do que havia dito, e de alguma forma eu sabia que ela tinha toda razão.
No entanto, meu íntimo dizia que ele estava ali de verdade, afinal além de mim, ela também pode ouvi-lo, não com tanta clareza mas ouviu. Como ele poderia fazer aquilo? Acho que estamos dividindo nossas loucuras, apenas.
Retirei-me do local e assim retornei aos meus afazeres até que as horas se passassem para eu poder voltar ao "meu" apartamento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Amor Para Outra Vida
FanficDesde sua infância fora ensinada dentro da doutrina espírita, este qual desenvolveu a sua mediunidade ao passar dos anos. Negando-se perante o mesmo por sua opinião formada a nada crer após sua adolescência rebelde, e muitas críticas sociais, Eliza...