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Camila seguiu de carro pela autoestrada como o mapa fazia-se parecer. Eu via o clima frio pela janela e sentia que estava caminhando para algum lugar.

-Ok, estamos seguindo pela rua principal, não tem curvas aqui. -Disse Camila.

-Conhecendo o Simon, acho que é para virarmos à floresta. -Disse.

-A floresta? -Camila fez uma cara de assustada. -Você quer que metamos meu carro na floresta?

-Podemos fazer o trajeto a pé, se quiser. -Disse.

-Então vamos a pé. -Disse Camila estacionando o carro.

Seguimos pela floresta e estava fazendo bastante frio. Os pinheiros deixavam a floresta num clima assustador, sombrio e macabro.
Eu estava com um pouco de medo e Camila pegou na minha mão.

-Estou aqui com você. -Disse ela tirando uma lanterna do bolso. -Não se preocupe.
Eu me senti mais segura com ela dessa forma e segui o caminho com ela.
Por mais q estivéssemos no meio do mato, havia um caminho. Não, uma trilha mórbida que parecia não ser tão utilizada.

-Parece que estamos chegando a algum lugar. -Disse após ver uma estrutura em alguns metros de distância. Era um poço. Mas não um poço comum, parecia ter saído de um filme de terror.
Camila parou de andar e ficou analisando o tronco de um Pinheiro.

-O que encontrou aí? -Perguntei tentando ver oq havia lá.

-É uma música, eu acho. -Disse ela ainda olhando para oque estava escrito.

"They say it changes when the sun goes down"

Uma música? Isso é a cara do Simon. Mas o que ele queria dizer com "eles dizem que isso muda quando o sol se põe"?

-Você conhece essa música? -Perguntei à Camila.

-É de um grupo britânico. O nome da música é when the sun goes down, quando o sol se põe. -Ela se virou para o Poço.

-O poço! Talvez algo aconteça ao anoitecer.

-Talvez, mas não temos certeza que algo vai acontecer. Lembra que estamos no meio da floresta. Um trecho de uma música não pode significar nada.

-Talvez possamos esperar o sol se pôr para vermos o que acontece. -Pedi.

-Rachel, você quer mesmo ficar aqui até o anoitecer? -Ela perguntou. -Nem vimos o poço ainda.

-Eu sinto que quero ir fundo nisso. Pelo Simon. -Eu disse. Eu sentia culpa de verdade pelo o que aconteceu.

-Vamos olhar este poço e voltar para o carro. Voltaremos aqui quando o estiver perto de anoitecer, ok?

-Ah, obrigada!

Seguimos até o poço e vimos que não tinha nada lá. Só era um poço comum com musgo crescendo em volta dele. Dentro do poço, tinha uns troncos podres que cheiravam um pouco mal.

-É, não tem nada aqui mesmo. Exceto que isso parece inflamável. -Eu disse.

-Será que ele vinha aqui com amigos? -Ela perguntou enquanto olhava toras deitadas no chão próximas ao poço.

-Pode ser. Vamos voltar e esperar o sol se pôr. Depois voltamos.

...

Estava prestes a anoitecer quando avistamos um pessoal adentrando a floresta. Dois carros estacionaram perto de nós e pessoas começaram a seguir a trilha da floresta. Eu e Camila nos entreolhamos e ficamos como interrogações em cima da cabeça.

Descemos do carro e fomos descer para o mesmo lugar. Passamos e vimos o porquê do poço ter troncos podres dentro. Eles queimam aquilo. O poço virou uma imensa fogueira. Todos juntaram os troncos e sentaram em casais. Uma garota tinha um violão e tocava. Eu e Camila ficamos olhando aquilo até que a garota acenou para nós e ofereceu-nos um lugar para sentar. Eu e Camilla por educação fomos e sentamos lá.

-Vocês são novas aqui? -Ela perguntou. Ela tinha olhos verdes. Claros como uma esmeralda. Cabelos loiros bem compridos por sinal.

-Ah, sim. Estivemos aqui um pouco mais cedo. -Camila disse para ela.

-Que bom, eu me chamo Cloe. Aqui se reúnem uns casais para uma pausa romântica. Às vezes nós organizamos coisas melhores. Que pena que vieram hoje num dia de encontro normal. -Ela disse sorrindo. Cloe era bem gentil.

-Não há problema. -Disse devolvendo o sorriso. -E o que vocês fazem aqui?

-Contamos histórias, cantamos músicas, comemos lanches e alguns bebem. Às vezes nós organizamos um cinema e às vezes o Simon trás o baixo dele para completar o som. -Disse ela.

-O Simon vem aqui? -Perguntei. Mas logo me veio uma incerteza sobre aquela garota. Será que já aconteceu algo entre ela e o Simon? Queria muito perguntar mas era melhor ficar na dúvida.

-O Simon é uma figura. Ele vem aqui com uns amigos e me ajudam no som. Desde que ele ganhou o Baixo do nosso tio, ele só vive tocando por aí.

-Nosso?

-Ah, desculpe, eu sou prima dele. E me parecem que vocês o conhecem, sabem que ele está hospitalizado? -Ela perguntou.

-É... Sim, sabemos. -Respondi.

-Foi meio bizarro o que aconteceu. Ele estava andando no meio da rua quando uns caras bêbados atropelaram ele. Pelo menos é oq sabemos já que ele não se lembra de nada desde que acordou. -Ela respondeu.

Quase não acreditei. Ele acordou e não se lembrava de nada. Me senti na obrigação de perguntar.

-Ele disse algo sobre Rachel ou algo assim?

-Sim! Ele mencionou sobre ter saído com uma tal de Rachel. Mas não lembra de nada a partir daí. -Ela respondeu.

Eu me senti eufórica. Ele possivelmente não lembra do que aconteceu. E agora talvez eu tenha uma chance de se redimir com ele.
Agora só falta saber esperar pelo amanhã por que eu vou visitá-lo no Hospital!

O Garoto da BibliotecaOnde histórias criam vida. Descubra agora