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Eu estava deitada em minha cama olhando para o teto. Esperava a chuva passar para que eu pudesse sair e vê-lo mais uma vez.
Esta noite, eu tinha sonhado com seu sorriso, e dessa vez, eu não podia negar que estava apaixonada por ele. E que eu o queria de volta.
Eu sentia a necessidade de alcançá-lo e de abraçá-lo com toda a minha força. Mas eu ainda não sabia o que esperar dele. Qual seria a sua reação ao me ver? Ele ficaria feliz?
Não fazia a mínima ideia. Só pensava em como eu queria que ele estivesse bem.

...

Chegada a hora, eu estava na sala de espera. A luz do sol batia na janela e aquele corredor branco de cheiro característico me deixa um pouco apreensiva.
Uma enfermeira trouxe uma prancheta até mim.

-Rachel Foster, certo? -Perguntou ela.

-Sim. -Respondo. Eu estava nervosa.

-Ok - Ela sorriu. -Ele está acordado e te espera lá dentro.

Eu me levanto e ela me guia até o quarto dele. Ela segura a maçaneta e pergunta:

-Está pronta?

Respirei fundo e disse:

-Acho que sim.
A porta abriu e ele estava sentado com um baixo acústico. Tocava uma música sem contexto algum, pu para alguém. A luz trascendia em seu rosto e seu cabelo estava maior. Ele olhou para mim e sorriu.

-Rachel! Quanto tempo não te vejo. -Senti como se estivesse vendo-o pela primeira vez. E nunca havia me sentido dessa forma por alguém, era como se minha mente estivesse completamente perdida e ele fosse a minha luz no fim do túnel.
-Oi Simon. -Respondi, tímida.
Me sentei num banco ao lado dele e fiz a pergunta que não queria calar na minha cabeça.

-Tá tudo bem?

-Sim, está! Eu tenho me recuperado bem rápido e recebi visitas de vários amigos.
Eles não deixam fazer muito barulho no hospital, então me deram esse baixo acústico completamente desafinado. -Ele disse. Eu sorri e ele também.

-Que bom que você está bem. -Disse.

-É! O foda é que não consigo lembrar do que aconteceu, mas me disseram que talvez seja temporário e eu possa me lembrar de algumas coisas.
O cara que me atropelou também conversou comigo e nos demos super bem apesar dele estar meio bravo por ter me atropelado.

-Nossa que louco! -Eu não conseguia parar de vê-lo sorrir.

-É. O que você tem feito? -Ele pôs o baixo ao lado de seu leito e se virou para mim.

-Bem, eu fui num lugar bem legal onde casais vão quando o sol se põe.

-É aquele no meio da floresta? -Ele perguntou, parecia um pouco frustado.

-É sim. O que foi? -Perguntei.

-Que droga, queria te levar lá. Aliás, foi com quem? Com o Jason ou algo assim? -Ele perguntou em tom de brincadeira.

-Eu fui com à Camila, mas se quiser pode me levar que eu aceito! -Sorrimos.

Ele ficou um tempo olhando para mim. Eu fiquei com vergonha e virei o rosto. Ele sorriu e perguntou:.

-Não tem algo para me dizer?

-Algo para te dizer? -Perguntei.

-É, algo que me contaram que você parece não querer falar. -Ele disse, o sorriso no rosto dele desapareceu, os olhos dele baixaram um pouco.

-É sobre o Jason? -Perguntei.

-Ele me disse o que aconteceu entre vocês. Não sabia de suas preferências.

-Eu estava confusa. Mas acho... Não, eu sei o que eu quero agora.

-Então ele estava certo. -Ele disse e caiu na cama com os braços atrás da cabeça. -Eu não lembro direito, mas eu fiquei bem triste com isso, sabia?

-Eu realmente não sabia bem o que fazer. Você e o Jason gostavam de mim e era tudo muito novo. Não sabia como reagir. -Respondi.

-Sabe a festa? Eu ia dedicar uma música à você. Eu queria te pedir em namoro e sair com você para fazer outras coisas mais. -Ele disse.

-Você... Não quer mais ter aquilo comigo? -Perguntei.

-Eu... Acho que não lembrei o suficiente. Faltam estímulos no meu cérebro pra isso.
Não me entenda mal, eu não te odeio ou algo assim. Mas ver você beijando o Jason foi a quebra de coração mais forte que eu tive.

-Eu sinto muito. -Disse. Sabia que nós dois não íamos para frente. -Talvez você devesse sim me odiar.

-É... Talvez eu devesse. Mas não é assim que eu penso. Eu ainda te amo sabia? -Ele respondeu olhando nos meus olhos.

-Não deveria. Eu errei bem feio contigo. -Disse.

-Não me entenda mal. Mas eu tinha tantos planos com você. De qualquer forma, não se sinta culpada. Eu não quero que você se sinta mal com isso. -Ele retirou um papel debaixo de um pote de flores e me entregou. Ele pegou o baixo e começou a cantar o que estava escrito:

"Eu estava surpreso
Talvez meio chocado
Em ter um sonho bobo
Sendo realizado.
Vejo que você é o que procurei
E depois de tanto tempo, eu te achei.

Vamos sair à noite
Ver o sol morrer
Dar a volta ao mundo
Até amanhecer

E batendo nas portas
Fugindo ou sendo enxotados
Eu queria cair bem
Fundo nos teu abraços...

E quando amanhacer
A noite passar
Vamos esquecer
Pois é um novo dia".

-Eu passei um bom tempo pensando em rimas pra te dizer isso... Rachel.

...


O Garoto da BibliotecaOnde histórias criam vida. Descubra agora