Amo a solidão, mas morro de medo de ficar sozinha 😑

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Agora, neste meu momento de silêncio, não faço ideia do que sinto. Muito menos do que quero sentir daqui pra frente. Talvez eu só queria ser ingênuo a ponto de não enxergar todas as chances que a vida me dá e, assim, viver sem receio do que perdi ou me sentindo culpado pelas experiências que não tive e que alguns dizem que todos deveriam ter.
Às vezes, quando procuro meus óculos sobre o criado mudo ao lado da cama, penso em como ainda há mundo para eu desbravar sozinho... Viajar com vidro aberto - ou a capota, se o dinheiro me permitir - em busca de sorrisos vistosos e beijos de alma esperançosa. Quero abraçar tudo que me rodeia, sem medo do futuro, sem receio do que os outros dirão, sem me prender às ideias de certo ou errado que tomamos na mamadeira...
Às vezes, deitado e conversando com o teto, que toda noite me encara e insiste em me tirar o sono, me vejo pai, cheio de filhos, todos correndo pelo jardim de casa com uma alegria que até hoje pouco vi. Me imagino cozinhando para os amigos, amando uma mulher para quem inventaria adjetivos, na tentativa de encontrar algum digno dela, e me apaixonando cada vez mais pela vida serena que escolhi.
Com essa minha mania de querer abraçar o mundo, assumo meus medos. O medo de caminhar em direção a um amanhã em certo. O medo de caminhar em direção a um amanhã previsível. O medo de a vida realmente ser só isso. Ou de a vida ser tudo isso e muito, muito mais do que aquilo que o dia sonho descobrir.
Entre a dúvida e a curiosidade, caminho amando a solidão, mas de mãos dadas com medo filho da puta de ficar sozinho. Vou vivendo, me permitindo o inédito, mas aguardo em segredo - e esperançoso - a sorte de um amor puro, a dois, repleto de encantos e bem dizeres. E, se nada me acontecer, espero encontrar consolo em um amor que, aqui dentro, não será mais um objetivo de vida, mas um estado de espírito.

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