capitulo 7

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Dia 3 de março, o dia

Acordei. Acordei? Me sinto diferente. Acordei mesmo? Bom, acredito que sim. Parece o teto do meu quarto. Com certeza é o teto do meu quarto. A constelação de libra está bem acima da minha cabeça. Tudo bem Elisa. O que é essa sensação estranha? Está faltando algo? Parece, certo? Mas o que? Talvez seja fome. Levante, coma e se arrume para a escola. Você tem cartas para entregar hoje. Espera. Que dor é essa no corpo? Eu dormi tão de mau jeito assim? Não. Elisa não. Será que era meu último dia bom? O sonho. Você sabe que sonhou com seu tio, com cheiro de canela e cravo. Eram pinheiros? Não, era a pedra. Você estava lá, e ele também. Mas era tudo tão diferente. Foi só um sonho. Mas eu sonhei com a morte. Lembre-se que alguém morria. Mas quem? A galáxia. Você viu a sua própria galáxia. A dos quadros. Por que Elisa? Universo se você está me ouvindo me dê um mero sinal que foi apenas um sonho. Elisa vai se atrasar. Vamos levanta. Esqueça a dor nas costas, levanta mulher. Reaja.

Como eu amo as roupas pretas da escola. Preciso de uma calça jeans preta. Não tenho quase roupa preta. Olha bem pra esse armário, é puro azul e alguns tons de amarelo. Alguns rosas perdidos. E quase nenhum preto. Preciso de roupas pretas. De preferência que eu não suje de tinta logo na segunda vez que eu usar. Mas isso a gente finge que nunca aconteceu. E que o meu macacão não está todo manchado. Tudo bem, comer Elisa. Ou só tomar uma xícara de café? Não, pegar um leite gelado e tomar no caminho. Isso aí. Pegou as cartas? Sim. Então vamos que sua mãe já está dentro do carro e ela não parece feliz. Vamos lá Elisa. Sorria, dê bom dia e bora para a aula.

Caraca, sério que se passaram dez minutos já? Sempre parece uma eternidade. Elisa será que isso é um ponto positivo? Será que você está melhor? Que bom Elisa. Consegui. Consegui mundo. É a minha hora de brilhar. Sol saí daí que eu tô chegando para te ensinar a brilhar. As meninas. Tem quatro. Espera, é a Carol? Cadê o Raziel e a Bia? Aé, namorando. 

-Oi gente.

-Oi Elisa.

-Oi Carol.

-Você não cansa mesmo não é?

-Cansar de que?

-De se achar a pessoa perfeita. Olha bem Elisa. Você não se diferencia em nada de ninguém aqui, pare de se achar especial. Isso é patético- e saiu. É a mesma Carol?

-Eli, não liga para ela. Já estava aqui um tempo falando coisas que não fazem sentido algum. Ela não sabe do que fala.

-Eu não quero discursos de apoio Íris. Agora não. Com licença.

Esse não era para ser o meu dia? Espelho seu miserável. Não podia parar de refletir o meu rosto só por esse momento? Eu não quero ver ele. Por que não me sinto parte do meu corpo? Por que não sinto que a minha alma se encaixa com esse físico? Por que me sinto tão estranha? Eu sou uma completa estranha para mim mesma. Onde foi que eu cheguei? Elisa, você consegue. Estava bem hoje mais cedo. Mas é assim que essa doença trabalha. Em um momento você pode conquistar o mundo, mas no outro parece que não há um mundo abaixo dos seus pés. Não desabe agora.

-ELI OLHA AQUI!

-Bia? O que…- ai senhor, é isso mesmo que eu estou vendo?- uma aliança? Você está com uma aliança? 

-Sim-nunca vi ela gargalhar tanto.

-Mas você já não estava namorando?

-Na verdade não existia um pedido, até hoje mais cedo.

-ELI OLHA!

-RAZIEL É O BANHEIRO FEMININO!

-EU TENHO UMA NAMORADA LINDA!

entre azul e amareloOnde histórias criam vida. Descubra agora